quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Esmola demais, haja santo pra desconfiar

A demonstração de solidariedade dos brasileiros com Santa Catarina foi uma coisa jamais vista em outras tragédias. A enchente do final de novembro de 2008, que deixou cerca de 80 mil desabrigados e matou mais de 120 pessoas, comoveu gente de todas as partes do país que enviou roupas, calçados, colchões, cobertores e o que mais pôde dispor. E a quantidade foi tanta que causou um sério problema - não há mais lugar pra estocar o que sobrou. Os galpões e depósitos onde estão as doações precisam ser desocupados. Em Itajaí, eventos que seriam realizados no centro de eventos da Marejada foram cancelados por causa da ocupação. Aí os coordenadores de lá tiveram uma "excelente" idéia - abriram as portas do local pra quem quiser levar pra casa o que está esparramado por ali. Parece um verdadeiro saldão de ponta de estoque, mas tudo de graça. Tinha gente arrastando sacos e sacos de roupas e calçados, tudo o que conseguisse juntar em meia hora. Achei um despropósito e um desrespeito com quem doou tudo aquilo. Porque não fazer como em Blumenau onde as doações que sobraram estão sendo encaminhadas a outros estados atingidos pelas chuvas, como Minas Gerais, por exemplo? E também para o sul de SC para os desabrigados dos temporais do início do ano. Porque não mandar aquilo tudo pra gente que precisa em São Paulo, no nordeste, no centro-oeste, na Amazônia? Porque ninguém quer ter o trabalho de carregar caminhões. Imagine você que doou aquele par de sapatos ainda em bom estado vendo um zé mané qualquer encher o porta malas do carro com seu "pisante" e mais uma tonelada de roupas. É de matar! O pior é que andam dizendo que aumentou o número de brechós na região depois que tudo começou a ser distribuído. Vai me dizer que quem ta pegando roupa ali não tá botando pra vender em algum lugar? Dizem que quando a esmola é demais o santo desconfia. A esmola foi boa e agora até o diabo desconfia do que anda acontecendo com as doações que deveriam ir pra quem precisa.

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