terça-feira, 2 de novembro de 2010

Dilma ganhou! E daí?


Durante sete meses de campanha política ouvi as mais esdrúxulas previsões sobre qual seria o futuro do nosso país, fosse nas mãos de Dilma ou nas do Serra. Assisti na imprensa (e até produzi reportagens sobre algumas delas) as denúncias que surgiram dos dois lados - Paulo Preto, Erenice Guerra, dossiês e vazamentos. Vi comentaristas políticos traçarem um raio X da nossa situação com um e com outro e cheguei à seguinte conclusão: NÃO VAI MUDAR NADA! E digo isso também caso o eleito tivesse sido o Serra.

Não sou nenhum especialista político, nem analîsta econômico, digo isso com base no que aprendi aos longo dos meus 24 anos de jornalismo. Mas o que nos leva a crer que Dilma vá acabar com tudo o que foi construído por Lula? Quem pode garantir que Serra poderia melhorar ainda mais o que já está ai? Nem os maiores estudiosos teriam condições de prever qualquer coisa. Só uma coisa é certa: a corrupção que sempre permeou nossa política, independe de quem esteja no poder, e vai continuar a apodrecer as estruturas do nosso regime.

Com Dilma temos a garantia de continuidade de um projeto que vem dando certo. Ou alguém vai questionar os números da economia do país? Agora, vai acabar com o assistencialismo? Não! Vai diminuir a corrupção, em grande parte protagonizada por petistas? Não! Vai aumentar salários e aposentadorias conforme o povo quer? Não!
Se Serra fosse eleito, iria mudar o projeto que vem dando certo? Não! Iria acabar com o assistencialismo do Lula? Talvez, mas criaria o seu próprio - o governo sobrevive disso. Iria aumentar salários e aposentadorias como se quer? Muito improvável! Digo isso porque algumas promessas de campanha só podem ser cumpridas se os números da economia forem estáveis. E algumas mexidas podem desestabilizar essa situação.

Em resumo: nossa vidinha vai continuar do mesmo jeito, não importa quem está lá. O que precisamos é deixar de ser um país de bundões, deixar de aceitar tudo com complascência. Quem precisa mudar são os brasileiros que engolem sapo todos os dias e não fazem nada. Na França, mensalidades escolares sobem, os estudante vão pras ruas protestar. O brasileiro liga pras redações de TV pra reclamar. Na Inglaterra, a tarifa do taxi sobe, taxis são quebrados pelas ruas. O brasileiro deixa de andar de taxi e vai sofrer no busão. Não estou querendo que nossas ruas virem palco de revoluções civis não, longe disso. Só gostaria que fossemos mais atuantes junto à nossa política.

Vou dar alguns exemplos: "Dia Mundial Sem Carro". Quantas pessoas deixaram o carro em casa para contribuir com o trânsito? Mais: "deixem de comprar combustível da Petrobrás por um dia". As parcas adesões ajudaram o preço da gasolina a baixar? O brasileiro não adere e não gosta de campanhas, movimentos, etc. A não ser aquelas babaquices de "Flash Mob" em que uma meia dúzia de estudantes rebeldes entram num trem do metrô e tiram a calça para protestar... contra o que mesmo? Modismo apenas!

Seja com Dilma, com Serra, com qualquer um que fosse, o projeto de desenvolvimento do nosso país já está estruturado e ninguem em sã consciência seria louco de mexer numa coisa que está fazendo o país crescer. Mérito de quem? Do Lula que tocou? Do FHC que plantou a semente? Não importa! O que vale é que aconteceu! Tem mais coisa pra acontecer? Tem, claro! E é aí que precisamos cobrar para que realmente aconteça.

Agora se você, amigo leitor, acha que com esse ou com aquele candidato haveria menos gastos públicos, menos roubalheira, menos empreguismo, desculpe... mas você deveria ter acordado em outro planeta!

Continue lendo...