sábado, 31 de outubro de 2009

Uma visita cheia de alma

Uma história real: o dia em que recebi a visita de um amigo que morreu tragicamente.

Era uma noite fria do mês de julho de 2006. Eu recém tinha me mudado para Florianópolis, depois de morar quase 20 anos em Campo Grande Mato Grosso do Sul. Nesse tempo todo lá fiz amigos maravilhosos, mas alguns se destacaram ainda mais por serem especialmente companheiros, daqueles que, não importa seu astral ou seus problemas, estão sempre prontos a ajudá-lo.

Meses antes daquela noite em Florianópolis, eu tinha recebido a notícia da morte de um desses amigos queridos - o Silvinho - num acidente de moto. Ele era piloto, instrutor de pilotagem e comandava uma moto como poucos, não tinha porque se acidentar. Mas como estamos predestinados a morrer um dia, de uma forma ou de outra, cedo ou tarde, ele também se foi. Sua morte deixou vários amigos da nossa turma abaladíssimos, foi imprevisível. Confesso que chorei como criança quando recebi a notícia. Eu estava longe, impossibilitado de ir, ao menos, ao enterro. Passei dias revendo fotos da nossa turma de motociclistas e as lágrimas corriam dos meus olhos sempre me que lembrava daquele cara brincalhão, pai exemplar, amigo insuperável e correto.

Logo que cheguei a Florianópolis, conheci Débora, minha mulher. O que nos uniu ainda mais foi nossa espiritualidade e crença na vida após a morte, reencarnação, etc. Ela é médium e vive vendo entidades que nos cercam. No começo isso me assustava um pouco, apesar do meu pouco conhecimento na área, mas me acostumei com ela falando "temos visitas hoje". Eu só perguntava "Do bem ou do mal?". Graças a Deus eram sempre do bem.

Uma dessas visitas me comoveu. Segundo a descrição da minha mulher (que não vê com nitidez, apenas vultos embaçados) era um jovem de estatura mediana, por volta de um e setenta e cinco de altura, cabelos ondulados e com físico bem definido. Parecia trajar camiseta branca e calça jeans. Agitava uma das mãos no ar como se estivesse rabiscando um caderno. Dizia que estava bem, feliz, depois de ter entendido o que tinha acontecido. Comecei a desconfiar daquele espírito que estava querendo me dizer alguma coisa. E a mensagem era realmente para mim. Eu tinha quase certeza que era meu amigo Silvinho que veio me confortar. O jeito de rabiscar uma folha de papel ou um caderno na sala do seu escritório, sempre que conversávamos, revelou isso.

Ao terminar sua apresentação, ele se foi calma e tranquilamente como chegou. Corri para o computador emocionado, abri uma pasta de fotos, escolhi uma da nossa turma em que havia uns 20 motociclistas e pedi para minha mulher identificar entre eles aquela entidade que nos visitou. Ela, que nunca o tinha visto antes, apontou o dedo exatamente para Silvinho, no meio dos amigos. Desmontei e não consegui conter o choro emocionado. Era ele sim que tinha vindo ali me tornar o porta voz da turma para anunciar que ele estava bem.

Nunca achei que eu merecesse tanto. Poder descrever aquele momento para nossos amigos em comum foi um troféu, um presente que jamais esquecerei. É como ser o portador de uma mensagem de paz para todos os povos do mundo. Agradeço sempre a visita de Silvinho. Mesmo que de forma trágica, ele alcançou onde nós sempre desejamos estar um dia - ao lado de Deus! Fique em paz amigo!

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O Zina que virou zica!

"Ronaldo": dá pra ficar famoso falando só isso?"

Eu bem que desconfiei! O que o pessoal do Pânico tinha visto naquele cara, com jeito de "nóia" que não fazia absolutamente nada durante os quadros do programa e ainda por cima não tinha graça nenhuma? Gosto do programa, assisto-o quase todos os domingos como uma forma de encerrar o fim de semana dando risada. Acho agressivos alguns quadros, mas me divirto no sofá com a petulância e a irreverência da trupe. Agora, botar esse tal de Zina como personagem, vamolá, tenha paciência!

Ao ver as notícias sobre o processo que ele movia contra a Rede TV, entendi a jogada. O cara suspendeu a ação onde pedia mais 200 mil reais de indenização por danos morais em troca de uma "boquinha" no programa. A produção usou exaustivamente a imagem dele depois que Zina deu uma entrevista no início do ano ao pessoal do Pânico, na porta do Pacaembu. Era o momento em que Ronaldo chegava ao time e o nome dele foi cansativamente repetido como vinheta do programa na boca do Zina. Isso sem ele ter dado qualquer autorização. Foi uma exploração descabida de um homem que, descobriu-se depois também, sofre de problemas mentais. Zina agora é funcionário do Pânico, ganhou uma casa de presente (como perguntou o Blog do Imbroglione, "Ganhou mesmo?") e virou celebridade. Celebridade? É, alguns pensam, porque nem ele mesmo reconhece ou sabe o que é isso.

A televisão tem muito disso, explorar alguns coitados que ganham uma merreca diante do salário milionário de outros. E em alguns casos, o salário-merreca é um simples "cala-a-boca" para evitar ações dispendiosas para as emissoras. O pior é que no caso do Zina o cala-a-boca dele não deve ter chegado nem a metade do que a ação pedia - a casinha que ele ganhou na periferia não deve valer muito, o salário dele na Rede TV então deve ser de fome. Muito até para as condições em que ele vivia, mas muito pouco para quem serviu de chacota para todo o país, principalmente na condição de uma pessoa com problemas mentais. Só quero saber agora se eles vão continuar dando apoio ao Zina depois que ele foi preso com cocaína.

Imagine então se algum advogado resolve abraçar outras figuras usadas pelo Pânico, como aquele mendigo banguela que sempre diz "não entendi nada que ele disse", o cara do "cadê o chinelo" ou então o rapazinho delicado de óculos que dá gritinhos na praia. A emissora ou vai ter de dar muita casa por ai ou inchar o quadro de funcionários com mais algumas celebridades efêmeras. E advogado não vai faltar pra isso.

O que Zina mais precisava não teve: apoio psicológico. Ao contrário, jogaram um cara num meio onde muitos piraram por causa da fama imediata que sobe à cabeça. Por sorte (dele) Zina é tão pirado que nem deu importância a isso. Agora o que vai acontecer quando o Pânico abandoná-lo lá na Xurupita, só Deus sabe... e talvez até tema por isso!

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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Focinho de porco não é tomada!


Esse velho ditado da cultura popular brasileira vai acabar. Ou, pelo menos, vai ser incoerente usá-lo. Isso porque as tomadas do país vão mudar. A não ser que o nariz do porco também mude geneticamente e passe a ter "3 furos", o ditado não vai servir mais.

É isso que o governo, numa "brilhante" idéia, determinou em nova lei que passa a vigorar a partir de 2010. As novas tomadas que os brasileiros terão de usar em suas casas terão três furos, redondos, o central um pouco mais abaixo da linha horizontal dos demais. Os buracos multi-uso atuais, que permitem a introdução de pinos chatos ou arredondados, vão desaparecer. A justificativa, diz o comitê que determinou isso, é segurança. Os novos modelos seriam mais seguros que os atuais.

Na minha opinião, acho uma tremenda besteira que vai nos fazer gastar uma grana para trocar as tomadas da nossa casa, cada vez que comprarmos um aparelho que venha com o novo plugue "tri-pino". E conhecendo bem o "jeitinho brasileiro de levar vantagem" em tudo, como dizia nosso querido Gerson, sinto cheiro de problema aí - ou melhor, cheiro de algo queimando em curto circuito!

A norma diz que todo imóvel construído a partir de Janeiro/2010 terá de usar o novo modelo na instalação elétrica. Mas o que eu faço com meus 234 aparelhos eletrônicos e carregadores quando eu quiser me mudar pra casa nova? Compro uma régua-extensão e ligo tudo ali ou compro tudo novo?

As tomadas podem até ser mais seguras porque impedem o contato da mão com os pinos metálicos por onde passa a corrente elétrica. Talvez não tomemos mais choque. Mas especialistas dizem que uma simples modificação nos modelos atuais, a maioria já com três pinos (dois chatos e o terra redondo como o padrão americano), seria suficiente para dar a mesma segurança dos novos plugues. Bastaria criar uma espécie de ressalto em volta dos furos ou fazer com que ficassem mais fundos. Traria o mesmo efeito do novo modelo. E com um detalhe: SERIA MUITO MAIS BARATO E MAIS FUNCIONAL para as indústrias de materiais elétricos e equipamentos eletrônicos, obrigadas a se adequar às novas normas.

Outro detalhe: os novos tipos de plugue e tomada são diferentes de tudo que existe no mundo. Só o Brasil vai ter. Sendo assim, pode esquecer aquela câmera fotográfica nova que você comprou em Miami cujo carregador obedece ao padrão internacional, ou aquele Laptop que você trouxe do Japão. Vai carregar a bateria onde?

Ahaaaa! Mas ai vão fabricar por aqui também os adaptadores! Ou você acha que a Santa Ifigênia já não pensou nisso? Aí meu amigo, usou o adaptador, sua segurança vai pro brejo. Imagina o velho benjamim com 3 aparelhos plugados. Só os pinos vão ser novos - os buracos vão continuar os mesmos.

É... choque mesmo você vai levar quando ver a conta da compra das novas tomadas!

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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Olha o Windows 7 baratinho aí gente!!!

Artigo sobre a rapidez da pirataria no Brasil.

http://blogs.r7.com/reporteres-da-record/

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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Horário de Verão: ame ou odeie!

Todos os anos eu perco uma hora da minha preciosa vida. E depois me devolvem, meses depois sem juros nenhum - pelo contrário, vem com prejuízo e dos grandes. Mas eu amo o horário de verão. A gente sai do trabalho e ainda tá claro, dá a impressão de que sobra mais tempo pra ir pro boteco, pra academia, pro cinema ou pra uma simples caminhada na avenida. O pior é que a gente só se acostuma com ele quando já tá terminando. Até lá, tenta convencer o teu corpo que ja são uma da matina. Não dá! Ele vai querer te carregar pra cama só as duas. Só que se esquece de que no dia seguinte vai ter de acordar as sete. Ou melhor, biologicamente falando, as seis! É assim: a gente não consegue dormir cedo, MAS É OBRIGADO A ACORDAR CEDO!

É quem esquece de adiantar o relógio então? Sabia que segunda foi o Dia Mundial de Chegar Atrasado no Trabalho? Pelo menos é a desculpa que a maioria usa. O vagabundo fica mais uma horinha na cama e depois chega com aquela cara inchada, como se tivesse tomado picada de abelha, dizendo que se esqueceu de mudar os ponteiros. Se eu fosse dono de empresa, na sexta tinha dado um despertador de presente pra cada funcionário, daqueles baratinhos da 25 de março. E já adiantados! Aí não tinha desculpa.

O horário de verão foi criado para economizar energia. Belaroba!! Como economizar energia se agora quando você cai da cama ainda tá escuro? A luz que você não acende no final da tarde, acaba acendendo de manhazinha! Mas dizem que adianta, né?

O pior do horário de verão são outras desculpinhas que a gente dá. "Benhê, vem dormir, tá tarde. Calma amor, no horário antigo ainda são duas da manhã. Deixa acabar o filme". Ou senão... "Valfrido, pára de cochilar em cima da máquina de xerox! Peraí chefe, é horário de verão. To dormindo menos né?".

Agora quando acaba, é uma beleza. Você ganha duas meia-noites. Quem faz aniversário no dia seguinte ganha dois "parabéns-a-você". E vocês, mulheres, podem chegar uma hora atrasadas naquela boate que dá entrada "free" para damas até meia noite. Melhor ainda é poder dormir uma hora a mais no dia seguinte. Ô beleza! Só tem um porém: quando bater o domingão à noite, você já vai estar cochilando antes de começar o Pânico. Afinal foram quatro meses fazendo seu corpo pegar no sono mais cedo. Ô dureza!

Sabe que me toquei de uma coisa? Esse horário de verão ta fazendo a gente comemorar o níver de Cristo fora do horário faz tempo! Imagina: falta uma hora pra ele nascer e a gente já tá lá caindo de bêbado, cantando "jingoubéus" e desejando Feliz Natal pra todos! "Que vergonha!", deve pensar ele lá de cima!

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domingo, 18 de outubro de 2009

Blog dos Repórteres


Acesse aqui, no Blog dos Repórteres da TV Record, outros artigos que não publico neste blog.

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sábado, 17 de outubro de 2009

O menos realmente é mais

Eu, entrando numa loja dez anos atrás. Pego umas cinco camisas, umas quatro calças, dois pares de sapatos, dois cintos. "Quanto deu moço? Mil e duzentos reais? Divide em 3 vezes?" Saco o talão de cheques, pago e ainda vou pro restaurante do shopping gastar mais uns 150 pilas no almoço.

Dez anos atrás eu tinha uma vida boa, ganhava bem e gastava bem também. O problema era a dor de cabeça pra pagar estas contas. O cheque especial tava sempre no vermelho, cartão de crédito estourado e vencido, desespero! Eu era muito perdulário, muitas vezes gastava sem necessidade. Acha que eu precisava daquelas cinco camisas, calças, cintos e sapatos? Que nada! Semana antes eu tinha feito compra semelhante. Mas eu era o "cara da TV", precisava sempre estar "na onda".

Com erros cometidos que me fizeram abrir mão do conforto que já tive, fui obrigado a mudar. Desde que perdi tudo, percebi que sou muito mais feliz com o menos que tenho hoje. Já não moro mais em casões com piscina, não tenho mais duas empregadas, tenho apenas um carro na garagem que divido com a minha mulher no dia-a-dia e não gasto mais em lojas como antes. Só um detalhe: hoje ganho muito mais que naquela época. O que mudou? Minha percepção do que realmente pode me trazer felicidade.

Descobri que descomplicar a vida é o melhor caminho para se ter mais paz e harmonia. Hoje sou uma pessoa muito mais comedida nos gastos (apesar da minha mulher achar que não - ela não me conhecia antes). Hoje compro quatro calças e cinco camisas em um ano, mas só por estar realmente precisando. E me viro muito bem numa Renner ou C&A. Não sou de marcas, gosto daquilo que me veste bem e pronto.

Gosto de comida simples, de vestir camiseta, tênis e jeans pra ir a uma festa e até já comprei relógio em camelô. "Po, mas você é o cara da televisão!", me dizem sempre. E daí? Sou uma pessoa comum como qualquer outra. Compro na 25 de março, como coxinha de boteco e detesto restaurante caro. Meu prato predileto é arroz, feijão, carne moída e salada de tomate. Ser simples me trouxe mais tranquilidade para fazer aquilo que gosto e me aproximou de pessoas verdadeiras, daquelas que não estão do seu lado apenas por você ter o que tem.

Ter menos hoje me dá mais. Descomplicar a vida é a essência do bem estar. E a melhor coisa do mundo não é olhar à sua volta e ver o que conseguiu adquirir. O melhor de tudo é poder olhar pra sua mulher e pra sua minúscula cachorrinha de estimação e pensar "Caraca, como eu sou feliz com isso!".

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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Qundim, ovos e o Super-Homem!

Por Márcio Tuller

Segunda a noite, milhões de coisas mais importantes pra se fazer e eu sentado em meu sofá, pensativo e preocupado, mudando canais e canais em minha televisão a procura do que não assistir...
De repente noto que no pay-per-view vai começar o filme Super-Homem, o Retorno.... minha infância e pré-adolescência invadem minha mente saudosista e não resisto... um o.k no controle remoto, uma senha e pronto: seis reais e noventa centavos a menos em meu bolso, e duas horas de puro deleite surreal... era o que eu queria !
Mas tão logo o filme mostrou os poderes do tal homem de aço, alguma coisa parecia estar errada.
Engraçado como a vida da gente aos poucos vai perdendo o encanto, o romantismo... e creio que uma boa parcela disso se dá simplesmente por perdemos a fé, o verdadeiro sentimento nas coisas bobas, simples, mas generosamente graciosas. Se for desconhecido, das duas uma: ou adoramos ou temos medo. Se soubermos o que é ou de onde veio perdeu a graça !
Lembro do poder de sedução que tinha esse homem com um uniforme ridículo e uma capa, e que por mais que fizesse seu cabelo estava intacto, meticulosamente penteado e com aquela franjinha caindo na testa, como um anzol....
Mas ontem, mesmo com toda a tecnologia de Hollywood a favor, o fato de voar, levar tiros e salvar a mocinha não me fez sorrir e desejar ter esses super poderes, pois estava preocupado demais se o cigarro que tinha iria dar conta do resto da noite.
E o por que disso tudo ?
Quando era um pré-adolescente desconhecia as leis da física, não me importava com o dinheiro pois não tinha contas a pagar e sequer imaginava que existiam histórias com final triste...
Hoje, aos 38 anos, tudo mudou. Um professor infame do segundo grau me fez crer que é impossível voar sem um aparato mecânico, a sessão policial dos jornais me fizeram ter a certeza que uma bala, se não matar, vai machucar muito o freguês, a vida se encarregou de mostrar que nem sempre as histórias têm um final feliz e o pior de tudo isso, pasmem !!! Tive que desembolsar seis reais e noventa centavos pra me dar conta disso !
A Kriptonita da realidade finalmente venceu !!! ou melhor... deixei que ela me vencesse, pois estava preocupado demais em estudar, trabalhar, ganhar dinheiro, perder dinheiro, comprar, vender...
Hoje tenho muito mais bens materiais que imaginava quando criança, mas para conseguir tudo isso deixei de acreditar nos poderes do super-homem !
E agora vem a pergunta: Será que valeu a pena essa troca ?
Tenho medo da minha resposta.....
Troquei a fantasia pela dura realidade do dia a dia e me dei conta de que nada adiantou..... pois assim como o super-homem, tenho meu ponto fraco. Tenho minha própria Kriptonita... todos temos....
Quando era criança adorava o tal do Quindim..... sempre ia na padaria com minha mãe e ganhava um para me deliciar....
Um dia, voltando de lá ao lado da minha mãe, enquanto saboreava aquele doce maravilhoso, um odioso desejo investigativo começou a tomar conta de mim.
- Mãe, do que é feito o quindim ?
- De ovos, meu filho !
Pronto... a vaca foi pro brejo ! Nunca mais comi esse doce na minha vida !
Que agradável ignorância era acreditar que um cara podia voar e não saber que meu doce predileto saía do rabo de uma galinha.

Márcio Tuller Espósito, 38 anos, advogado, desde então nunca mais voou nem comeu o tal do quindim. Dúvidas, críticas, juramentos de morte ou receitas de bolo - eutuller@terra.com.br

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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A religião acima do direito constitucional

Semana passada estive na zona sul da cidade, bairro do Grajaú. Era uma casa de dois cômodos somando menos de 15 metros quadrados, no meio de um amontoado de casebres e barracos. Ali moram Dona Betânia e seus OITO FILHOS. Todos amontoados em dois beliches e uma pequena cama de casal que ficam no cômodo maior. O menor é a cozinha. O último filho, o nono, morreu três anos atrás, poucos meses depois de nascer. Ouvir de dona Betânia que ela se arrepende de tantos filhos, dói na alma. Mas dói mais ainda ver a situação em que todos vivem. Ela teria tido apenas três, mas como as pílulas falharam (talvez ela não tenha tomado direito) e ela há doze anos luta para fazer a laqueadura sem conseguir, teve de arcar com os outros cinco.

Mas não consegue fazer a laqueadura porque, se todas as unidades do SUS são obrigadas a realizar esse procedimento? Porque dona Betânia só tem acesso a únidades de saúde administradas por instituições católicas. E como a igreja é contra os métodos contraceptivos...

Assim como dona Betânia existem centenas, talvez milhares de mulheres nesse país para quem o planejamento familiar é restrito por questões religiosas. Dona Betânia é católica, frequenta a missa todos os domingos. Mas não consegue fazer uma simples laqueadura porque sua religião é contra. Então, dona Betânia, nos seus 34 anos não teve alternativa a não ser mandar o marido ir morar em outro lugar, longe da tentação de mais uma relação que lhe pode trazer a décima gravidez.

Não sou contra a religião católica. A própósito, minha mãe era uma beata de igreja. Frequentei grupo de jovens, fiz catecismo, primeira comunhão e fui crismado. Acho tudo isso uma tremenda besteira, mas respeito. Só não vou impor a mesma coisa aos meus filhos. Agora, é difícil aceitar que por questões religiosas Dona Betânia, Dona Eliene, Dona Wanderlúcia e outras que entrevistamos não tenham direito de se previnir contra uma gravidez indesejada.

Recentemente publiquei aqui um acordo que o governo brasileiro fechou às escuras com o Vaticano para obrigar o ensino religioso católico nas escolas. Acho que, em mais esse caso, a religião está sendo colocada acima de direitos que a própria constituição estabeleceu para os cidadãos. Se continuar assim, ser dessa ou daquela religião poderá ser determinante para se ter ou não a liberdade de expressão que tantos séculos lutamos para conquistar.

Ser contra o uso da camisinha e permitir que as pessoas se contaminem com AIDS é correto? Impedir laqueaduras mas permitir que um número cada vez maior de crianças cresça em condições sob-humanas é aceitável? Acredito que não era a real intenção de Deus!

Veja aqui reportagem exibida no Domingo Espetacular.

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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Blogar, twittar, orkutar... essas coisas pegam!

Começou comigo. Outro dia acordei e decidi que ia criar um blog. Pesquisei na internet, procurei o blogger-site mais dinâmico, escolhi o template e BOOM!! Tava pronto! Sempre gostei de escrever, sou compulsivo nisso. Eu já escrevia para um site de Campo Grande e duas revistas. Parei com as revistas e agora só escrevo "eletronicamente". Tenho meu blog, o twitter, o DiHitt, o Facebook, o R7 e ainda estou escrevendo um livro. Ufa! Tô com calos na ponta dos dedos. Na verdade os calos são de tocar violão e agora estão mais cascudos com as "digitadas".

E com isso contaminei minha mulher. Um dia desses ela me viu blogando e resolveu blogar também. Hoje blogamos juntos. Família que bloga unida, permanece linkada. Eu chego da TV, sento no sofá e quando vejo tá ela do meu lado. É um sinfonia de tecladas que espantam até a Nina, nossa York, que fica virando a cabeça pra lá e pra cá tentando entender esse casal com laptops no colo ao invés de estar fazendo sexo. Péra! O sexo vem depois, ou antes, dependendo da inspiração. Pra escrever, claro!

O problema é que minha mulher escreve bem e o blog dela tá mais visitado que liquidação das Casas Bahia. Tem mais seguidores que o meu e recebe mais comentários. Pô, o jornalista aqui sou eu! Que inveja! E pra deixá-la ainda mais convencida, o blog dela foi indicado para "Top-mega-hiper-super-site da blogosfera feminina". E tu acha que o conteúdo são receitas, dicas pra pele, dietas ou sobre discutir a relação? Que nada! A nega escreve sobre uma simples mordida que pedi num sanduíche dela ou a epopéia desenfreada pra comprar um sapato de festa. Só que com o excelente e ácido humor que ela tem... e a coisa fica engraçada, desopilante. Dou risadas aos montes. Daqui a pouco algum programa de humorismo chama ela pra redatora.

Hoje ela bloga, tuíta, dihhita, orkuta, facebookita e se inventarem algum verbo mais na internet ela vai "itar" também. E eu, termino meus artigos e crônicas e sou obrigado a ficar brincando com a cachorra enquanto ela termina de botar na net as suas últimas elucubrações. Só tenho medo que na hora do sexo ela diga "Mô, vem logo que o meu orkut tá esperando seu facebook. Mas não demora senão vou blogar com o twitter de borracha!"

Confere lá: deboraquirino.bogspot.com

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terça-feira, 6 de outubro de 2009

Você é o famoso quem mesmo?

Numa segunda-feira dessas fui à festa de premiação dos colaboradores da Turma do Bem (www.turmadobem.org.br). Espetacular! A causa da turma reuniu uma plêiade digna de Oscar - Fafá de Belém, Guilherme Arantes, Marcelo Antony, Rodrigo Lombardi, Lu Grimaldi, Simoninha, Daniela Cicarelli, entre outros artistas renomados que estavam ali sem cachê, prestando seu apoio.

Eu e minha mulher estávamos no camarote junto a duas queridas amiga, Nancy e Luciana (do Shintori Restaurante), e os "fazendeiros" Fábio Arruda e Carlinhos. Como mero espectador foi engraçado ver o desenfreado assédios dos fãns em relaçào a eles. Na saída, como não poderia ser diferente, os dois passaram quase uma hora posando para fotos e dando autógrafos para a horda de tietes. Era todo o tipo de gente - senhoras, menininhas, mulheres, balzacas, vovós - homens e mulheres de todas as idades e classes sociais. Minha diversão foi observar aqueles que se revestiam de uma certa intimidade que nem eu, que os conheço um pouco mais de perto, ouso abusar. Alguns os tratavam de "amigões" com frases como "Ô parceiro, tira uma foto aqui. É nóis!". "Pô brother, anota meu telefone aí e qualquer coisa me liga". Qualquer coisa me liga? Qualquer coisa como? Muito engraçado!.

Mais engraçado é ver que alguns ainda trocam os nomes tipo: "Ô CLAUDINHO, legal te ver aqui. Sempre te acompanho na TV" ou então "Valeu FLÁVIO ARRUDA, te adoro!!". E os dois, simpaticamente, riam e passavam a chamar um ao outro de Claudinho e Flávio Arruda.

Certa vez uma pessoa me parou num shopping e falou longamente sobre meu trabalho, enquanto eu aguardava minha mulher sair de uma loja (pensa no tempo que eu esperei!). Ele disse que gostava muito do meu trabalho, lembrou reportagens que fiz ainda em Santa Catarina, que gosta de me ver na bancada do Jornal da Record, etc. Na hora de se despedir disse um sonoro "Gostei de te conhecer pessoalmente CELSO!". Celso??? pensei quase alto, emoldurando esse pensamento com um sorriso mais amarelo que taxi do Rio. Ele estava se referindo a Celso Freitas, claro, meu colega. Considero um elogio ser confundido com ele, mas... Pelo menos, acertou as reportagens que fiz.

Mas tudo bem. Isso é comum no nosso meio. Eu mesmo confundo nomes de artistas e chamei a Beth Lago uma vez de Beth Mendes (nossa, nem sei de onde eu tinha tirado isso!). Depois disso não uso mais sobrenomes. E quando não lembro o nome principal chamo de excelência, ícone da cultura, camarada, capitão, comandante, grande dama... e por aí vai.

Só não pode fazer como um ex-colega de televisão em Mato Grosso do Sul que ao anunciar o entrevistado disse "Vamos conversar agora com o presidente da TPNS, Valdir Curado que vai falar sobre a febre aftosa no estado". O cara respondeu: "Bom dia Amauri, mas eu sou o Wagner Conto, da GTFD e vim aqui falar sobre a campanha de vacinação contra a rubéola!"

"Rubéola, Aftosa, criança, bezerrinho... é quase tudo parecido! O programa volta após o ano de 2035. Fui!"

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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A morte que faz renascer

A princípio o tema do meu artigo de hoje parece fúnebre, mas leia atentamente e verás que não há nada de tétrico nele. A morte a que me refiro é a que precisamos ter constantemente, matando dentro de nós, aquilo que não nos trará benefícios. Recebi o texto abaixo de uma amiga que sempre me renova com palavras de carinho e amizade e achei conveniente compartilha-lho com meus leitores. Morram todos vocês, mas da forma abaixo.

“Nós estamos acostumados a ligar a palavra morte apenas a ausência de vida e isso é um erro. Existem outros tipos de morte e precisamos morrer todo dia. A morte nada mais é do que uma passagem, uma transformação. Não existe planta sem a morte da semente, não existe embrião sem a morte do óvulo e do esperma, não existe borboleta sem a morte da lagarta. Isso é óbvio, a morte nada mais é que o ponto de partida para o início de algo novo, a fronteira, entre o passado e o futuro.

Se você quer ser um bom universitário, mate dentro de você o secundarista aéreo que acha que ainda tem muito tempo pela frente. Quer ser um bom profissional?
então mate dentro de você o universitário descomprometido que acha que a vida se resume a estudar só o suficiente para fazer as provas. Quer ter um bom relacionamento? Então mate dentro de você o jovem inseguro, ciumento, crítico, exigente, imaturo, egoísta ou o solteiro solto que pensa que pode fazer planos sozinho, sem ter que dividir espaços, projeto e tempo com mais ninguém.

Quer ter boas amizades? Então mate dentro de si a pessoa insatisfeita e descompromissada, que só pensa em si mesmo. Mate a vontade de tentar manipular as pessoas de acordo com a sua conveniência. Respeite seus amigos, colegas de trabalho e vizinhos.

Enfim todo processo de evolução exige que matemos o nosso "eu" passado, inferior. E qual o risco de não agirmos assim? O risco está em tentarmos ser duas pessoas ao mesmo tempo, perdendo o nosso foco, comprometendo essa produtividade e, por fim, prejudicando nosso sucesso.

Muitas pessoas não evoluem porque ficam se agarrando ao que eram, não se projetam para o que serão ou desejam ser. Elas querem a nova etapa, sem abrir mão da forma como pensavam ou como agiam. Acabam se transformando em projetos acabados, híbridos, adultos infantilizados. Podemos até agir, às vezes, como meninos, de tal forma que não mantemos as virtudes de criança. Que também são necessários sorriso fácil, vitalidade, criatividade, tolerância, etc. Mas, se quisermos ser adultos, devemos necessariamente matar atitudes infantis, para passarmos a agir como adultos.

Quer ser alguém (líder, profissional, pai ou mãe, cidadão ou cidadã, amigo ou amiga) melhor e evoluído? Então, o que você precisa matar em si, ainda hoje, é o "egoísmo" é o "egocentrismo", para que nasça o ser que você tanto deseja ser.

Pense nisso e morra. Mas, não esqueça de nascer melhor ainda. O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”

(Paulo Angelim)

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