Não assito novelas - não gosto. Já gostei. Na época de Celebridades, da Globo, eu não perdia um capítulo. Mas assistia, não como um telespectador que vive as emoções da novela e sim com um olhar mais crítico em relação à abordagem social da novela. O ponto alto do folhetim global foi o quebra-pau entre a protagonista vivida por Malu Mader e a personagem de Cláudia Abreu - sua principal rival. O levanta-saia e puxa-cabelos da cena rendeu um dos maiores índices de audiência da emissora na época.
Mesma coisa aconteceu agora na novela A Favorita. Como não assisto li na Folha que o assassinato do personagem de Murilo Benício rendeu outro recorde de audiência. Outro caso de violência televisiva em novelas foi o assassinato de Odete Roitmann em Vale Tudo, há 20 anos. Isso só me confirma que o povo gosta mesmo é de desgraça na TV. Um exemplo bastante claro é o jornal exibido na hora do almoço pela Record aqui em Florianópolis. O Jornal do Meio Dia chega a bater o concorrente global por mostrar corpos caídos no chão, sangue espalhado pela rua, delinquentes sendo presos, ações policiais e outras barbaridades.
Gostaria muito de entender essa predileção do povo pelo que é bizarro e violento. Será que ao assistir esse tipo de coisa enxergamos as nossas vidas melhores por estarmos distantes daquilo? Ou será que é, simplesmente, pelo desejo mórbido de ver os outros se ferrarem? Pra mim não há explicações psico-sociais que justifiquem essa atração. Li num livro uma vez que assistir, ler sobre ou presenciar situações violentas faz um mal danado a alma - o dia fica carregado e tenebroso e a sensação seria de que ele se tornasse mais angustiante. Prefiro evitar. Inclusive as fotos que a gente vive recebendo na internet sobre "os mortos do voo da Gol", "acidente de motocicleta - cenas fortes", ou ainda filminhos que mostram assasinatos reais e acidentes horrorosos. Tenho estômago, mas para digerir os deliciosos petiscos e refeições preparados pela minha mulher - não as atrocidades mostradas a todo momento pela mídia. Ainda bem que existe o controle remoto.
Gilmar e a sombra do golpe e do terror
Há 5 horas
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