terça-feira, 8 de novembro de 2011

A revolução estudantil (ops!) "infantil" na USP


Não tem nada que me dê mais azia do que manifestação de aluno da USP, dessas que envolvem meia duzia de baderneiros metidos a revolucionários. Em junho de 2009 presenciei e cobri o confronto de estudantes com policiais militares por causa da greve dos funcionários da USP. Estava tudo tranquilo até que menos de uma dezena de nerds-ativistas atiraram pedras nos PMs, dando início à confusão. Agora, talvez os mesmos que tenham incitado aquela baderna, são os responsáveis pelas cenas degradantes a que temos assistidos todos os dias nessa nova ocupação da Reitoria.

Vamos primeiro aos fatos: uma inexpressiva representatividade do universo de estudantes da USP resolveu brigar com a polícia porque alguns amiguinhos foram presos por fumar maconha. Pelo que eu saiba, no Brasil, o uso de drogas (e a maconha ainda é considerada uma delas) é crime punível com prisão. Aí, alguns adeptos do cigarrinho resolvem impedir que a PM se instale no campus e venha coibir ainda mais as rodinhas de fumaça. Será que eles pensam que aqui é Amsterdan ou a Jamaica? Em que ano eles também pensam que estão? 

Eu ainda era um bebê, mas alguns anos mais tarde na escola, quando eu lia sobre as manifestações de estudantes nos anos 60, eram por causa da ditadura, contra governos militares, contra a censura, a favor da liberdade de imprensa, contra os exílios-políticos. Tinham um sentido, uma justificativa palpável, eram pautadas em questões político-sociais que, se não fossem combatidas, nos dariam uma país muito diferente do que é hoje. As lutas, as revoltas tinham objetivos sérios e responsáveis e conseguiram mudar os rumos de um país que ainda engatinhava rumo a democracia. O movimento estudantil realmente cumpriu seu papel de protagonista no cenário da luta de classes no Brasil. 

Hoje, sob o comando de alguns poucos irresponsáveis, mauricinhos e patricinhas querem o que? Fumar maconha livremente no campus da maior e mais importante universidade do país! Tenha a santa paciência redobrada!

E o pior: usando roupas de grife famosa, escondem a cara como se tivessem vergonha do que eles próprios estão fazendo. Exibem apenas as bolsas de marca, os scarpins caros e os moletons importados. Quem é da época, por acaso viu alguma foto dos anos 60 com estudantes cobrindo o rosto durante as violentas manifestações? Aqueles sim eram verdadeiros revolucionários, lutavam por um ideal e não por um simples capricho ou mimo. E o que difere aqueles estudantes dos mimados de hoje começa pela própria classe social. Antigamente eles trabalhavam, comandavam famílias ainda novos, vinham de classes operárias e minorias rejeitadas, eram gente de valor e integridade.

Hoje, esses playboys revestidos de Che Guevara (que talvez nem saibam o que ele fez) que agora se intitulam "presos políticos", são na maioria um bando de filhinhos de papai, riquinhos que usam roupas de marca, óculos caros, andam de carro do ano e que sequer conhecem a verdadeira história de uma revolução estudantil. Chamo o que estão fazendo mais de "revolução infantil". E devo lembrar que, em sua maioria, quem entra na USP teve suporte financeiro suficiente a vida inteira que os livrou de trabalho e lhes deram tempo suficiente para estudar em colégios e cursinhos caros e entrar na universidade pública.

Para completar a arruaça eles tentam se defender usando da mais estrondosa hipocrisia, como na nota em que divulgaram no dia da desocupação da Reitoria: "... Num operativo com 400 homens, cavalaria, helicópteros, carros especializados e fechamento do Portão 1, instalou-se um clima de terror, que lembrou os tempos mais sombrios da ditadura militar em nosso pais." Com certeza os que encabeçam essa rebeldia nem tem noção do que realmente é um "período sombrio da ditadura militar". Talvez nem tenham estudado isso na escola porque se preocupam mais em passar o tempo enrolando o baseadinho do que aprendendo com os verdadeiros revolucionários do passado. Tenho pena da maioria dos estudantes de lá, que contestam essa bagunça e querem sim a presença da PM ali para coibir os assaltos, os roubos de carro e os assassinatos já registrados no campus. 

Para finalizar a nota da trupe que foi presa após a desocupação da Reitoria - que picharam e depredaram o prédio, desconhecendo que ali é um bem público, um patrimônio pelo qual os pais deles e nós pagamos com nossos impostos - essa gangue do maternal ainda brada: "Pode me prender, pode me bater, pode até deixar-me sem comer, que eu não mudo de opinião! Porque da luta eu não saio não!". Não saio não sem meu moletom da GAP e meus óculos Rayban

Me faz lembrar Cazuza: 
E aquele garoto que ia mudar o mundo, mudar o mundo...
Frequenta agora as festas do Grand Monde... 
(Ideologia)

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