quarta-feira, 31 de março de 2010

De filho para pai

Toda vez que recebo algo interessante pelo email (o que nem sempre acontece), gosto de dividir com meus leitores. Abaixo um texto elucidativo e verdadeiro.

Por Herbert Pessoa

"Vida de pai está cada vez mais difícil. Uma simples conversa com o filho pequeno pode gerar perplexidade. O diálogo de João Pedro com seu filho, de 10 anos, pode servir como prova desse fosso entre as gerações.

- Que você vai ser quando crescer, filho?

- Presidente da República, pai.

- Puxa, filho, que legal. Mas por quê?

- Pra não precisar estudar.

- Não, filho, não é bem assim. Precisa estudar muito.

- Então quero ser vice-presidente.

- Vice, filho? Por quê?

- Pra não precisar estudar. O José de Alencar também só foi até a quinta série primária. Já posso parar.

- Não é assim, filho. Ele trabalhou muito e aprendeu.

- Pai, todo mundo que se dá bem não estudou: o presidente, o vice, a Xuxa, o Kaká, o Zeca Pagodinho...

- É que eles têm um talento...

- Ah, entendi, estudar é para quem não tem talento?

- Não, filho, pelo amor de Deus. Artista é diferente.

- O presidente e o vice não são artistas.

- Não, quer dizer, o presidente, de certo modo, até é.

- Se eu estudar, vou ganhar mais do que o Kaká?

- Menos.

- Ah, é? Então quero ir já para a escolinha.

- Você já está numa boa escola, filho.

- Quero ir pra escolinha de futebol.

- Não, filho, você precisa estudar muito. A escola abre caminhos para as pessoas. Pode-se viver dignamente. Filho, você precisa ter bons valores. Pense numa profissão, numa coisa honesta e que seja respeitada. Não quer ser médico, dentista ou, sei lá, engenheiro?

- Não. De jeito nenhum. To fora, pai!

- Mas por que, filho?

- Eles nunca vão ao Faustão.

- Isso não tem importância, filho. Que tal bombeiro?

- Vou querer ser astronauta ou jornalista.

- Hummm... Jornalista? Por que mesmo, filho?

- Não precisa mais ter diploma pra ser jornalista. Mas... Pensando melhor, acho que vou querer ser corrupto.

- Meu Deus, filho, não diga isso nem de brincadeira!

- Na TV disseram que ninguém se dá mal por causa da corrupção e que tudo sempre termina em pizza. Adoro pizza. Quando for corrupto, pedirei só de quatro queijos.

- Ser corrupto é muito feio, meu filho.

- Ué, pai, se é feio assim, por que Brasília está cheia deles e quase todos conseguem ser reeleitos?

- É complicado de explicar, filho. Mas isso vai mudar.

- Quero ser corrupto e praticar nepotismo.

- Cale a boca, filho, de onde tira essas barbaridades?

- É só olhar a televisão, pai. O Sarney pratica nepotismo e é presidente do Senado. Ninguém pode mexer com ele.

- Mas você sabe o que é nepotismo, filho?

- Sei. É empregar os parentes da gente.

- E você quer fazer isso?

- Claro. Assim ia acabar com os vagabundos da família. Se eu te arrumar um emprego você deixa?"

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segunda-feira, 29 de março de 2010

Cuidado! O feitiço pode se voltar contra o feiticeiro.


Durante uma semana inteira, assistimos a exaustiva cobertura do julgamento dos Nardoni, agora sim assassinos confirmados da menina Isabella. Eu disse confirmados? Sim, é verdade. Também torci por essa sentença. Mas se foram eles mesmos, ninguém nunca saberá ao certo, a não ser os próprios réus. O que vimos, na verdade, foi uma vitória do improvável, a inocência deles, contra o constatado - que não havia mais ninguém no apartamento que pudesse ter feito tamanha crueldade.

Mas deixando os méritos do julgamento de lado, todos nós assistimos a uma horda de curiosos vindos de todas as partas do país, interessada em acompanhar de perto o que acontecia no fórum. Estudantes de direito e jornalistas, tudo bem, tem sua curiosidade perdoada e justificada. Agora, os demais, gente que não tem nada a ver com o caso, ficar aglomerada na porta do fórum, dia e noite, me pareceu mais um bando de vampiros a espera de um sanguinho pra chupar. O que estaria fazendo ali alguém que veio da Bahia pra nem conseguir entrar lá senão fosse apenas uma curiosidade mórbida e despropositada?

Mais uma vez, o que me parece, é a confirmação de que o brasileiro tem mesmo um desejo efervescente pela desgraça alheia, uma atração pelo deboche, uma necessidade de ver alguém se ferrar nesse país. Quer um exemplo bem grotesco? Porque as chamadas vídeo-cassetadas tem audiência? Porque, é lógico, sempre tem alguém que se ferra nelas. Porque, em final de novela, a audiência redobra quando a vilã ou o vilão são desmascarados? Porque esses programinhas sanguinários que mostram gente esfaqueada, baleada, retalhada, trucidada... tem bom público? Porque é muito fácil vibrar com a desgraça dos outros quando se está confortavelmente sentado no sofá de casa.

Acho que não só o brasileiro, mas gente do mundo inteiro, vê nesse tipo de chacota de terceiros um motivo para acreditar que sua própria vida é uma maravilha. "Putz, os Nardoni se ferraram. Ainda bem que na minha família não acontece isso". Esse tipo de coisa não me parece um desejo de que a justiça seja feita mas sim de que "eles que se ferrem, não eu".

O curioso é que não há essa mesma vibração quando algo de bom acontece, ao contrário da condenação de alguém por um crime, que nem sempre podemos considerar que seja "algo de bom". Seria melhor que não tivesse acontecido esse crime. Porque ninguém vibra, por exemplo, com notícias positivas como a queda da inflação, abertura de novos empregos, aumento do salário mínimo?

Precisamos repensar se o que nos faz feliz é vibrar porque algo bom nos aconteceu ou por algo ruim que aconteceu com os outros. Desejar ou torcer pela desgraça alheia pode ser, um dia, um feitiço virado contra o feiticeiro.

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sexta-feira, 19 de março de 2010

Falta gente assim nesse país


Estamos acostumados a dizer que nada nesse país funciona, quando a questão é serviço público. E podemos afirmar que isso corresponde à realidade em 90% dos casos. Em minha opinião, uma das poucas coisas que funcionam é o poder judiciário – afinal nunca vi tamanha rapidez – quando nós, cidadãos, somos cobrados por compromissos que deixamos de pagar ou por impostos que sonegamos. Agora quando nós somos autores de ações e não réus, a coisa é um pouco mais demorada. Mesmo assim funciona.

Mas tirando os tropeços da justiça, daqui e dali, percebemos que o setor é mais confiável que qualquer outro do poder público. Pelo menos, de longe, mais confiável que o legislativo. E afirmo isso também porque já me deparei, em certas ocasiões, com magistrados sérios e competentes que fazem da sua função mais que um cargo público. Estes podem ser considerados verdadeiros defensores da cidadania.

Recentemente tive a felicidade de constatar que quando há profissionais sérios trabalhando acima do seu poder, de suas salas imponentes e suas togas lustrosas, a justiça passa a ter outro valor. Meu exemplo tem o nome de RENATA MARTINS DE CARVALHO ALVES, juíza de São Luiz do Paraitinga, cidade assolada na virada do ano pela pior enchente que os moradores já viram. Senti um frio na barriga quando estive lá e vi a marca da água do Rio Paraitinga a sete metros de altura, na parede de prédios e casas do centro histórico. O Fórum também ficou sob as águas e os mais de 2.000 processos que tramitavam ali foram destruídos pela lama.

(Reportagem exibida no Jornal da Record)

Hoje, quase quatro meses depois da tragédia, 90% deles estão praticamente recuperados. Isso porque a Dra Renata decidiu, literalmente, botar a mão na lama. Com a ajuda dos funcionários do Fórum, conseguiu resgatar da inundação os milhares de volumes para dar continuidade às ações correntes. Fez o inverso da maioria dos funcionários públicos mais graduados que, nessa situação, cruzariam os braços e deixariam a responsabilidade para o Estado. Além disso, não deixou que o trabalho no Fórum parasse por um dia sequer, mesmo sem ter salas para realizar audiências, hoje feitas no pátio externo do local.

Doutora Renata é um exemplo de cidadã que não se importa com o estatus que possui e conseguiu devolver ao povo de São Luiz do Paraitinga um pouco do muito que eles perderam na enchente – sua história, sua identidade e sua identificação – já que documentos levados pela inundação já podem ser conseguidos de novo. Que falta que gente assim faz nesse país.

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domingo, 14 de março de 2010

O sutiã da hipocrisia

Seios? Que seios?

Tem horas em que o brasileiro não sabe olhar pro próprio umbigo. Durante a semana inteira vimos em todas as mídias a exagerada atenção dada à roupa transparente da primeira dama da frança, Carla Bruni. Todo esse escarcéu foi debatido como assunto sério em programas matinais comandados por louras insossas e até nos dominicais sem conteúdo (o Fantástico até debateu a questão). E eu me pergunto: pra que tanta preocupação com os seios que mal apareciam sobre o recatado vestido (eu mesmo só vi o relevo dos mamilos)? O país que mostra bunda e sexo até em novela das seis ficou hororrizado com a ousadia da ítalo-francesa? As peladonas da sapucaí não chamaram tanta atenção, né? Tenha dó!

O que me irrita profundamente é as pessoas apontarem defeito nos outros e não saber se olhar no espelho. A senhora Sarckozy estava praticamente coberta dos pés à cabeça - afinal vestido como aquele, no Brasil (veja a foto), sem nenhum decote ou fendas, é digno de madames recatadas e senhoras pudicas (e olha que nem elas se vestem assim). E só porque ela estava sem sutiã causou essa "polêmica" toda. Muita falta do fazer ou dizer ou publicar.

Aqui no Brasil artistas fazem sexo simulado na novela das oito e ninguém comenta no dia seguinte. A dona Luciana Gimenez promove desfiles de lingerie em seu programa com modelos quase nuas (80%) e não sai uma linha publicada em lugar nenhum. Os BBB (Bando de Boçais Brincando) se embebedam, dançam e se engalfinham em performances dignas de filmes pornô e nenhum "especialista" aparece dando entrevista sobre a questão em qualquer programa. Agora bastou uma primeira dama usar uma roupa daquela pra causar alvoroço. O que foi, epidemia de hipocrisia, de repente? Alvoroço sim seria se Dona Marisa Lula aparecesse daquele jeito!

Aliás, o que não falta nesse país é um bando de hipócritas que, por falta de assunto, elege algo fútil e banal pra se ocupar. E culpo a mídia por dar tanto espaço pra esse tipo de coisa e prolongar a discussão. Pra provar isso, outro assunto que provocou faíscas daqui e dali: o anúncio de Eike Batista como o oitavo homem mais rico do mundo. Bato palmas para o que Luma de Oilveira disse essa semana. Questionada sobre a ascenção de seu ex-marido, ela respondeu: "Gente, o brasileiro vibra quando um jogador de futebol se torna o melhor do mundo. Porque não comemorar também quando esse vencedor é um empresário?" É que num país de miseráveis (culturalmente) ser rico é defeito e pecaminoso. Toma cambada!

Infelizmente aqui no Brasil se perde muito tempo com besteiras - o vestido da Bruni, a coça do Imperador Adriano na namorada, a famosa-quem Geysi Arruda, quem é mais rico ou mais pobre nesse mundo ou quem vai pro paredão no BBB. Se fosse diferente o Brasil poderia ser melhor não só economicamente, mas culturalmente também. Ah, desculpa! Esqueci que o país não tem interesse em investir nessa área.

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sexta-feira, 5 de março de 2010

CUIDADO: SEU CARTÃO DIZ ATÉ ONDE VOCÊ MORA!

Cartões: facilidade ou arma?

Ele é uma mão na roda em qualquer lugar e horário. Não precisamos de dinheiro de verdade, de notas de reais, mas se o temos em mãos, quase tudo está resolvido. Estou falando dos cartões de crédito ou débito. Mas uma pesquisa que vi recentemente numa revista me despertou para um fato que jamais tinha prestado atenção: nossos cartões podem dizer quem realmente somos, nossos costumes, rotinas e atitudes.

Pode, por exemplo, dizer a periodicidade com que cortamos o cabelo ou comemos comida japonesa, que bairro freqüentamos mais, em que farmácias costumamos comprar remédios e até o tipo de doença que podemos ter. Já pensou nisso, que está tudo ali naqueles simples papeizinhos que pegamos como comprovantes de pagamento? Afinal ali estão o endereço do estabelecimento, o tipo de produto ou serviço, a data, a hora, o valor, enfim, tudo sobre a compra.

Esses dados são um verdadeiro tesouro nas mãos dos bancos e administradoras de cartão que podem identificar com precisão seu perfil. Hoje, essas instituições até possuem softwares específicos para decifrar essas informações e até aumentar ou diminuir o limite de compras do usuário. Segundo a pesquisa, as grandes empresas podem até prever que uma pessoa terá problemas em pagar suas faturas a partir de uma mudança de comportamento nas compras. Diz o estudo que alguém, nos Estados Unidos, que usou o cartão recentemente para pagar massagistas, terapeutas ou foi a determinados bares, tem grande propensão a se tornar inadimplente. Só não se explica porque. Ou até mesmo que uma pessoa está para se divorciar pelo tipo de roupas que passou a comprar e pelo descontrole nos gastos. Que loucura isso!

É o preço que pagamos pela comodidade de usar o chamado “dinheiro de plástico”. Eu mesmo confesso que quase não carrego mais notas de reais em minha carteira, tamanha a facilidade de usar o cartão. Taxis, bancas de frutas, postos de combustíveis, restaurantes, estacionamentos e até camelôs - é uma infinidade de lugares onde podemos usá-los. É mais difícil saber onde eles não são aceitos. Já ouvi dizer que até garotas de programa carregam consigo uma maquininha pra receber “a conta”.

Outros detalhes sobre você que podem ser revelados pelos cartões: compra em lojas populares, pouco poder aquisitivo ou qgosta de aproveitar promoções. Gastou com flores e presentes ultimamente ou está de namorada(o) nova(o) ou alguém próximo fez aniversário. Comprou pães numa determinada padaria, significa que mora por ali. Gasta muito com produtos de higiene pessoal e cosméticos, é uma pessoa vaidosa. Vai frequentemente ao motel em horários da tarde, pode estar traindo a esposa ou o marido. Viu como é fácil identificar quem você é e o que você faz somente através dos seus hábitos com o cartão?

Só nos resta saber o quanto isso é prejudicial à nossa privacidade. Agora, se você se surpreendeu com o que eu disse aqui mas tem contas no Facebook, Orkut e fala tudo o que faz no Twitter, tipo “vou almoçar, saindo pra faculdade, to indo dormir, comi uma bela pizza ontem ou fui ao cinema ver tal filme”, não ache ruim usar cartões. Afinal a tecnologia veio para isso mesmo: facilitar a nossa vida, mas ao mesmo tempo dizer às empresas e governo quanto ganhamos e o que fazemos com o nosso dinheiro. Será que estamos reféns disso e não sabemos? É bom pensar a respeito!

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quarta-feira, 3 de março de 2010

Educação: palavra fora do dicionário do governo.

Li esta semana uma notícia que poderia ser mais um ataque contra o Governo de Lula. Mas, para mim, significa um atentado ainda maior contra o que de mais valioso temos: a educação. E não falo da educação que recebemos dos nossos pais e que é condição indispensável para que sejamos cidadãos plenos, conscientes e evoluídos espiritualmente. Falo do ensino, da base do nosso desenvolvimento e que, pelo jeito, foi deixado em terceiro, quarto, quinto planos pelo nosso governo.

Já critiquei aqui o Governo de Lula em várias ocasiões. Mas o fiz naquilo que me pareceu pertinente. Também, lendo outras notícias, sou obrigado a admitir que o país está no caminho certo, que ele, nosso presidente, tem conduzido algumas questões com maestria, fatos que podem ser constatados, principalmente, na economia e nas relações internacionais.

Prefiro deixar de lado nesse artigo o lado podre, da corrupção, das safadezas petistas e das manobras fiscais que nos assolam cada vez mais, mas não posso me conter ao ver o que o governo tem feito com a nossa educação, ou melhor, da educação dos nossos jovens. E a notícia a que me referi logo no começo é: “Governo cumpre apenas um terço das metas para a educação”.

Ninguém precisa ser estudioso ou especialista para saber que a educação é fator preponderante no desenvolvimento de qualquer país. Temos exemplos em países da Europa, por exemplo, que investem pesadamente nas gerações mais novas. E sabemos também que os estados do sul e sudeste do país são mais desenvolvidos que os do norte e nordeste porque se investe mais em educação ali. Porque então, no Brasil, como um todo, as metas são desprezadas e colocadas num plano inferior ao do, por exemplo, setor armamentício que recebeu investimentos significativos nos últimos 10 anos? Será que é mais importante comprar aviões de caça franceses ou canadenses do que computadores para as escolas? Basta percorrer alguns bairros da periferia de qualquer cidade para comprovar que investir em educação não é a prioridade – escolas depredadas, alunos sem carteira e material, falta de computadores e merenda são cenas comuns em todas elas.

O problema do governo é ter medo de investir nesse setor por se sentir ameaçado. Imagina se a grande massa que vota, e que em sua maioria é composta por semi-analfabetos, tivesse mais conhecimento e pudesse entender as mazelas protagonizadas pelo governo? Imagina se os mais pobres entendessem o que é a corrupção, o que o Arruda fez, o que é mensalão e outros escândalos? Imagina o que seria desse governo se as pessoas pudessem escolher seus candidatos pela sua ideologia (o que é isso???) e não pelos bolsa-qualquer-coisa que recebem? Acho que nosso país seria bem diferente.

Como dar o bolsa-escola se não há escolas para onde se possa ir? Ao invés de dar a vara e o peixe, o governo deveria ensinar a pescar. Mas ensinar com professores bem remunerados, salas de aula adequadas e material de primeira. Enquanto vivermos na atual realidade do ensino, não seremos apenas um país dos banguelas, mas também dos “desletrados”.

E quero saber de outra coisa: se o governo investiu apenas um terço do que deveria na educação, cadê o dinheiro dos outros dois terços já que a legislação obriga esse investimento? Só porque o Lula não tem estudo acha o resto do país também não precisa?

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segunda-feira, 1 de março de 2010

A natureza cobra seu preço. Caro e parceladamente!

Assisti recentemente o filme “2012”, sobre os cataclismas que a terra pode enfrentar daqui dois anos. O filme é bom do ponto de vista de produção, excepcional na concepção de como o planeta pode acabar, mas peca um pouco nos exageros, como os malabarismos que o ator John Cusack faz com um avião durante a fuga do “apocalipse”.

O que nos faz refletir sobre a questão, e acredito que pouca gente tem percebido isso, é que o que supostamente está para acontecer em 2012, está vindo em doses homeopáticas já há algum tempo.

Quem não se lembra do tsunami que atingiu a Indonésia em 2004, matando cerca de 300 mil pessoas? Ou o terremoto na China, em 2008, que provocou mais de 50 mil mortes. Somo a isso a tragédia da inundação em Santa Catarina, no final de 2008 com milhares de desabrigados e centenas de mortos – tragédia que pude acompanhar pessoalmente.

Eu levaria muito tempo enumerando cada caso só dos últimos dois anos. Furacões, incêndios florestais, tornados, terremotos, enchentes e pandemias. Agora, só nestes primeiros dois meses de 2010, assistimos os desabamentos em Angra, o terremoto no Haiti e agora no Chile. Longe de mim ser pessimista, mas acho que a natureza não vai esperar 2012 chegar para cobrar o que tem sentido na pele.

É, meus caros, tudo isso é culpa nossa mesmo. É culpa do lixo que produzimos, dos poluentes que emitimos, das florestas que desmatamos, dos rios que assoreamos. Cada pedaço de terra que cobrimos de asfalto, será cobrado lá na frente. Talvez em menos tempo do que imaginamos.

Por isso me revolto quando vou fazer matéria de inundação e vejo aquela quantidade de lixo esparramada pela rua ou os sacos pretos descendo junto com a enxurrada. Outras vezes tenho vontade de descer do carro e fazer aquele ignorante, imbecil e idiota do carro da frente engolir o papel que ele jogou pela janela. Ou mesmo esfregar na cara daquela madame emperiquitada a bituca de cigarro que ela deixou na sarjeta. É por culpa dessa corja de animais mal-educados que enfrentamos os problemas que enfrentamos hoje.

E aí, quando assistimos a filme-catástrofe como 2012, podemos imaginar que isso é o que realmente pode acontecer um dia. Não sei se daqui a dois anos mesmo, não sei se daqui a vinte anos ou dois séculos. O que precisamos é ter a consciência de que um dia aquele sofá velho que deixamos na calçada pode voltar no meio de uma onda de 40 metros de altura.

Fatídico demais, eu? Quem sabe as milhares de vítimas dos terremotos do Chile e do Haiti, dos desabamentos em Angra, do tsunami na Indonésia e de dezenas de outras catástrofes podem explicar de maneira melhor. Pense nisso quando for deixar uma latinha de refrigerante jogada por ai.

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