quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Aqui não se explora o turismo, se explora o turista!

Acabo de voltar de uma merecida semana de descanso em Maceió. Cidade com praias lindíssimas e paisagem exuberante. Mas para por ai. Nunca vi tanta sujeira pelas ruas e pelas praias, até mesmo nas mais famosas Gunga e Francês. Até mesmo, não, PRINCIPALMENTE!

Essa falta de cuidado com o patrimônio ambiental não é o único problema: falta atendimento e serviços de qualidade também. A demora para ser atendidos nos restaurantes é insuportável. Mesmo naqueles que não estavam lotados. E tirando aqueles onde quase tive de deixar as calças pra pagar a conta, a comida também deixou muito a desejar.

A coisa é mais ou menos assim: você passa o dia inteiro na praia. Escolhe um bar/restaurante que aparenta ter boa comida e bom atendimento e é ai que a dor de cabeça começa. O primeiro desafio é conseguir que algum daqueles garçons preste atenção em você. O cara passa correndo do teu lado, quase tropeça na sua perna mas não vê que você está há meia hora com o braço erguido. Só te atende quando você vai até o balcão pegar o cardápio pra fazer o pedido.

O preço não é lá uma pechincha, mas você imagina que pelo nível do local, a coisa seja bem servida. Que nada! Aquela imensa porção de camarões que "dá pra quatro, doutô", não passa mais de uma meia dúzia de magricelos crustáceos raquíticos nadando em óleo, cercado com folhas de alface "cinza". Isso chegando 45 minutos depois de pedido. Ah se não fosse o cara do queijo assado passando por ali...!

E isso aconteceu na maioria dos bares em que sentamos na beira da praia. Quando permanecíamos ali, porque por várias vezes, levantávamos e íamos embora depois de sermos desprezados pelos garçons sem qualquer atenção.

Conversando com vários turistas que estavam na mesma decepção que a gente, a resposta era sempre a mesma: "em todo o nordeste é assim". Gente isso precisa deixar de ser assim. O Brasil é um país turístico que recebe milhões de pessoas de todas as partes do mundo. Até quando vai continuar prestando esse péssimo serviço? E não é só no nordeste que isso acontece não. Em Florianópolis, por exemplo, tenta sentar num restaurante pra comer depois das quatro da tarde (se achar algum aberto, claro). Essa é uma cultura que precisa mudar.

Infelizmente o turismo no Brasil não se preocupa em atender bem. Lojas, bares, restaurantes e muitos hotéis nunca se preparam o suficiente para o aumento da demanda na alta temporada. Botam ali dois ou três funcionários a mais ao invés dos 20 necessários para garantir o bom atendimento. É uma coisa de querer lucrar mais sem investir mais.

Fico imaginando o tamanho do caos e da decepção durante a Copa do Mundo e as Olimpíadas que serão realizadas aqui. Se durante as férias esse caos se instala, imagina quando alguns milhões a mais de pessoas estiverem por aqui durante cerca de 30 dias! Será um inferno que pode colocar em risco a tão famosa hospitalidade brasileira.

Já tá passando da hora das autoridades ligadas ao turismo tomarem uma providência: fazer com que o país passe a explorar mais o turismo e menos o turista!

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