sexta-feira, 28 de maio de 2010

Realidade ou imaginação?

Dobradiças de portas que rangem sozinhas, passos misteriosos na escada, gritos e sussurros sem que ninguém esteja por perto, sombras enigmáticas. Esses têm sido alguns dos estranhos elementos com os quais tenho lidado ultimamente, desde que o “Assombrações” estreou no Domingo Espetacular, apresentado por mim. E esses fenômenos sobrenaturais viraram sucesso, tem registrado boa audiência e até terão mais episódios que o previsto inicialmente.

É... os mistérios da vida realmente despertam a mórbida curiosidade das pessoas. Já me peguei pensando que curiosidade é essa – os casos geralmente falam de mortes violentas, decapitações, assassinatos, fuzilamentos... enfim, de uma série de situações que, normalmente, não queremos presenciar pela violência que contém. Mas quando se trata de algum mistério envolvendo a história, pronto! A curiosidade fica aguçada.

Por várias vezes fui parado na rua por alguém que quis comentar um dos casos: “Nossa, aquela casa assombrada em Sorocaba deu medo”. Ou então: “Você sentiu alguma coisa mesmo quando entrou naquele porão de escravos?”. O mais engraçado é ouvir a frase “Eu morro de medo, mas não perco um programa!”

E confesso: ao gravar a locução da parte que compramos de um canal internacional, sinto calafrios ao imaginar as cenas e fico arrepiado dentro do estúdio de áudio. Mesmo tendo contato direto com o assunto, também me impressiono quando a edição pronta vai ao ar.

E apesar de ser meio cético e meio crente em relação a esse tipo de coisa, algumas sensações mexeram comigo durante a produção de algumas matérias. Numa fazenda em Laranjal Paulista, por exemplo, onde mostramos que os escravos que viveram ali há 200 anos ainda habitavam o local, senti uma energia muito forte ao entrar no porão em que muitos deles morreram. Um frio gelado me percorreu a espinha, e a sensação que tive foi a de que um grupo de escravos acoados estava me espreitando. Saí dali rapidinho.

Em outra gravação, na casa de um antigo engenheiro da ferrovia de Paranapiacaba, a senhora que nos servia de guia afirmou, categoricamente, que o espírito do dono da casa estava do nosso lado e não gostava da nossa presença ali. Em certo momento, uma cadeira de balanço se mexeu sozinha. Será que isso realmente aconteceu ou foi minha imaginação aguçada pelas gravações? Não sei afirmar ao certo.

Mesmo diante dessas situações, minha metade crente me faz respeitar essas supostas entidades que nos rodeiam nas reportagens. E nosso objetivo não é fazer com que nossos telespectadores acreditem nisso, é simplesmente deixar o julgamento do que é real e do que é ficção para quem está assistindo à história.

Lidar com estranhos acontecimentos, mistérios e casos sobrenaturais é fascinante. Me leva a uma viagem na qual o real e o irreal se confrontam a todo momento e me faz pensar que a vida humana é apenas um pequeno grão nesse universo cósmico de onde muito pouco ainda foi revelado.

Um das reportagens do quadro Assombrações, todo domingo no Domingo Espetacular

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terça-feira, 25 de maio de 2010

Homens maduros

Recebi esse texto por email e achei uma bela homenagem a nós, homens maduros. Gostaria de parabenizar a autora do texto pela forma tão ponderada e real com a qual tratou-nos. Divido com vocês esta preciosa reflexão sobre a maturidade masculina.

Por Lisiê Silva

Há uma indisfarçável e sedutora beleza na personalidade de muitos homens que hoje estão na idade madura. É claro que toda regra tem as suas exceções, e cada idade tem o seu próprio valor. Porém, com toda a consideração e respeito às demais idades, destacarei aqui uma classe de homens que são companhias agradabilíssimas: Os que hoje são quarentões, cinquentões e sessentões.

Percebe-se com uma certa facilidade, a sensibilidade de seus corações, a devoção que eles teem pelo que há de mais belo: O SENTIMENTO. Eles são mais inteligentes, vividos, charmosos, eloqüentes. Sabem o que falam, e sabem falar na hora certa. São cativantes, sabem fazer-se presentes, sem incomodar. Sabem conquistar uma boa amizade.

Em termos de relacionamentos, trocam a quantidade pela qualidade, visão aguçada sobre os valores da vida, sabem tratar uma mulher com respeito e carinho. São homens especiais, românticos, interessantes e atraentes pelo que possuem na sua forma de ser, de pensar, e de viver. Na forma de encarar a vida, são mais poéticos, mais sentimentais, mais emocionais e mais emocionantes.

Homens mais amadurecidos teem maior desenvoltura no trato com as mulheres, sabem reconhecer as suas qualidades, são mais espirituosos, discretos, compreensivos e mais educados. A razão pela qual muitos homens maduros possuem estas qualidades maravilhosas deve-se a vários fatores: a opção de ser e de viver de cada um, suas personalidades, formação própria e familiar, suas raízes, sabedoria, gostos individuais, etc...

Mas eu creio que em parte, há uma boa parcela de influência nos modos de viver de uma época, filmes e músicas ouvidas e curtidas deixaram boas recordações da sua juventude, um tempo não tão remoto, mas que com certeza, não volta mais. Viveram a sua mocidade (época que marca a vida de todos nós) em um dos melhores períodos do nosso tempo: os anos 60 e 70. Considerados as "décadas de ouro" da juventude, quando o romantismo foi vivido e cantado em verso e prosa. A saudável influência de uma época, provocada por tantos acontecimentos importantes, que hoje permanecem na memória, e que mudaram a vida de muitos. Uma época em que o melhor da festa era dançar agarradinho e namorar ao ritmo suave das baladas românticas. O luar era inspirador, os domingos de sol eram só alegrias. Ouviam Beatles, Johnny Mathis, Antônio Marcos, The Fevers, Golden Boys, Bossa Nova, Morris Albert, Jovem guarda e muitos outros que embalaram suas "Jovens tardes de domingo, quantas alegrias! Velhos tempos, belos dias." Foram e ainda são os Homens que mais souberam namorar: namoro no portão, aperto de mão, abraços apertadinhos, com respeito e com carinho, olhos nos olhos tinham mais valor...

A moda era amar ou sofrer de amor. Muitos viveram de amor... outros morreram de amor...
Esses homens maduros de hoje, nunca foram homens de "ficar". Ou eles estavam a namorar pela certa, ou estavam na "fossa", ou estavam sozinhos. Se eles "ficassem", ficariam para sempre... Ao trocar alianças com suas amadas, junto com Benito de Paula, eles cantaram "Mulher Brasileira, em primeiro lugar!"

A juventude passou, mas deixou "gravado" neles, a forma mais sublime e romântica de viver. Hoje eles possuem uma "bagagem" de conhecimentos, experiências, maturidade e inteligência que foram acumulando com o passar dos anos. O tempo se encarregou de distingui-los dos demais. Deixando os seus cabelos cor-de-prata, os movimentos mais suaves, a voz pausada, porém mais sonora, hoje eles são homens que marcaram uma época.

Muitos deles hoje "dominam" com habilidade e destreza essas máquinas virtuais, comprovando que nem o avanço da tecnologia lhes esfriou os sentimentos pois ainda se encantam com versos, rimas, músicas e palavras de amor. Nem lhes diminuiu a grande capacidade de amar, sentir e expressar seus sentimentos. Muitos tornaram-se poetas, outros amam a poesia. Porque o mais importante não é a idade denunciada nos detalhes de suas fisionomias e sim os raros valores de suas personalidades. O importante é perceber que os seus corações permanecem jovens...

São homens maduros, e que nós, mulheres de hoje, temos o privilégio de pode admirá-los!

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domingo, 16 de maio de 2010

Cães: melhores que muita gente por aí!

Vendo uma matéria no Domingo Espetacular nesse findi, sobre um serial killer de cachorros, me pergunto: o que leva uma pessoa a cometer tamanha crueldade? Esse tipo de gente, pra mim, deveria ter uma punição ainda maior do que assassinos de pessoas. As pessoas ainda tem a chance de se defender. Contra cães é uma covardia ainda maior, uma barbaridade. Porque tirar a vida de um animal que, quando muito, nos incomoda apenas com latidos e lambidas? Tá bom, eles também mordem, mas só quando acoados, judiados por nós, humanos. Deixemos eles no seus cantos e não sofreremos nada. E o que a justiça pode fazer com esse "animal" que está matando os cães? Talvez nada, talvez uma repreensão. Cães não são bichos em extinção, então isso não se caracteriza crime ambiental. Mas deveria ser! Maus tratos? Já viram alguém ser punido por isso?

Outro dia entro no elevador do meu prédio e vejo um alerta do síndico: "De acordo com ítem tal, do capítulo tal, do estatuto do condomínio, cães não podem mais circular por áreas de uso comum do prédio, devem descer apenas pelo elevador de serviço e no colo dos seus donos". Pura discriminação! Que mal faria um pequeno caozinho - no meu prédio só tem animais pequenos - descer pelo elevador social. A Ninna e a Mell , nossas yorkshire, sempre foram tratadas com carinho por todos do prédio por serem dóceis demais. E dormem em nossa cama. Agora, foram marginalizadas. Talvez por alguém que não goste de cães. Talvez por aquela entojada do sei-la-qual andar que nunca entrou no elevador quando elas estavam com a gente. Deveriam é proibir gente como essa moradora de subir com nossos cães no elevador. Gente desse tipo causa mal a eles. E à nós. Gente desse tipo tinha de descer pelo elevador de serviço e ser proibida de andar pelas áreas comuns quando nossos cães estiverem por ali.

Pra quem não sabe, cães ajudam pessoas a se curar de doenças, são excelentes companhias para idosos e, com seu faro, são capazes de identificar vários tipos de câncer, encontrar pessoas soterradas, drogas e são os únicos seres que não guardam rancor, máguas, não são vingativos. Os cães não precisam que você seja rico, que seja importante ou more numa mansão. Basta lhes atirar um graveto ou dar um pouco de carinho e eles lhes serão gratos pra sempre. Dê lhes uma bronca e, mesmo assim, eles vão abanar o rabo pra você no primeiro estalar de dedos. E vão sempre te esperar de orelhas baixas e olhar ansioso sempre que você estiver pra chegar em casa. Que outro ser teria tanta abnegação?

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segunda-feira, 10 de maio de 2010

Me alugue algo sem me alugar muito!

Estive dando uma olhada em apartamentos e casas em sites de imóveis na internet. Acho que as imobiliárias virtuais deveriam colocar seus corretores para fazer um curso de fotografia pois o que se vê nas páginas é algo entre o bizarro e o ridículo.

Deixa eu explicar melhor. Vejo o anúncio "Lindo apartamento em Perdizes, todo decorado. Maravilhoso" e clico nas fotos - uma série de 6 - e fico maravilhado com:

- o vaso sanitário sem tampa com um pedaço de papel higiênico (não sei se usado) boiando na água;
- a maçaneta da porta do quarto-não-sei-qual;
- a janela fechada da suíte master;
- o rodapé do lavabo;
- o pendurador de toalhas do banheiro social;
- a coifa engordurada da cozinha;

Como é que eu vou alugar, ou sequer me propor a visitar um "lindo apartamento em Perdizes" se nem consigo ver de que tipo é o piso da sala? É uma sequência de anúncios que até chamam a atenção mas desanimam nas primeiras duas fotos que você abre.

Aí tento outro "com bela lareira". SENSACIONAL! Mas só a foto dos gravetos queimados e a fuligem na lareira. A foto não mostra nem onde fica nem o tamanho da boca da lareira. Aí você chega lá e mal consegue colocar dois hashi (pauzinhos de comida japonesa) pra acender o fogo. Tenha paciência!

Quando vim para São Paulo no início do ano passado cumpri uma verdadeira via-sacra de visitas a apamentos pra alugar. Acho que além do curso de fotografia, os corretores também deveriam fazer um curso de "Entenda Direito o Que o Seu Cliente Quer". Eu era bastante claro: "quero varanda, 3 quartos, sendo um suíte, sala e cozinha amplos. Ah, tem que ter piscina e vaga pra dois carros. NÃO ME MOSTRE NADA QUE NÃO TENHA ESSAS CARACTERÍSTICAS! COMBINADO?". Foi como se eu dissesse que NÃO QUERIA NADA DISSO.

Chega um gordinho com agenda nas mãos (todos eles carregam uma agenda nas mãos) e partimos pro primeiro de 5 apês que iríamos olhar. Diz ele "Esse aqui é exclusivo, primeira locação, novinho. E o aluguel é uma bagatela". Ao abrir a primeira janela dou de cara com o vizinho do prédio ao lado cortando as unhas na varanda. Juro que uma lasca pulou no meu ombro tamanha a proximidade dos edifícios. É difícil, viu! Não quis nem ver o resto.

Na verdade a gente tinha de receber um prêmio depois de conseguir alugar um apê. "Prêmio Paciência do Ano", porque haja saco pra olhar o monte de porcaria que as empresas querem desencalhar em cima da gente.

Olha, cansei. Não aguento mais ver o fundo da cuba da pia da cozinha, o canto do piso do quarto de hóspedes, a porta cheia de cupim do armário embutido. CHEGA! Ou os corretores aprendem a fotografar ou vou procurar imóvel em sites pornográfico. Pelo menos ali eles mostram tudo!

Abaixo algumas fotos incríveis de imóveis anunciados na net.

Esse dizia "dormitórios de alto luxo". Onde?

"Tomadas incríveis neste imóvel (as elétricas)"

Esta mostra que o box é para magros (bem magros)

"Sensacional porta de armário"

"Bela vista para a vizinha trocando de roupa"

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quinta-feira, 6 de maio de 2010

Essa vaga é minha. Ninguém me tira daqui!

Criar filhos é uma das sensações mais indescritíveis do mundo. Principalmente quando eles não são do seu sangue, não foi você que colocou no mundo. Quando é assim, a gente tem um sério adversário: o próprio pai biológico que, mesmo que seja ausente, talvez tenha mais direitos que você. Brigar por essa vaga, nessas circusntâncias, torna a missão ainda mais saborosa.

No meu caso, apesar de ter convivido com minhas duas filhas de criação menos tempo do que queria, mas muito mais tempo do que o progenitor, sempre me bateu um certo medo de descobrir que, por mais que eu tenha feito tudo direitinho, elas gostassem mais dele. Ou gostassem igual. Por isso nunca tentei bancar o pai e sim o amigo, aquele que ouvia mais do que falava, que criticava com bom senso, que não punia mas orientava, que nunca gritava mas mostrava sua indignação de forma discreta, que nunca impunha, apenas discutia democraticamente. Em alguns momentos sei que até escorreguei nisso e ultrapassei os limites da minha autoridade. Mas todas as vezes em que isso aconteceu foi por um bom motivo: por me preocupar demais e amar essas meninas.

Eu nunca quis que elas me chamassem de pai. Talvez pudesse chocar o outro, criar algum desconforto. Por causa delas, sempre frequentamos a casa dos avós, pais dele, e isso evitou situações que poderiam ser constrangedoras diante de uma família que não era minha. Nesse ambiente, até mantinha certa distância em termos de tratamento com elas para não despertar ciúmes. Hoje vejo o quanto eu queria que elas me chamassem de pai tamanho o amor e carinho que sinto emanar de seus corações e do meu, reciprocamente.

Ao ser comunicado do casamento da mais velha, veio à mente a minha primeira preocupação: quem vai entrar com ela na igreja? Será que eu poderia brigar por isso? Será que tenho esse direito? Deixei-a decidir! E a decisão não poderia ser mais sensata - "entro com um de cada lado". Mas ao vê-la caminhar em nossa direção, entendi que isso significava uma divisão apenas de acomodações, não de sentimento. Entendi pelo seu olhar que, naquele momento, para ela existia apenas uma pessoa ali. E senti que esse pai verdadeiro era eu.

Eu tinha 26 anos e elas 3 e 6 quando as conheci. Hoje elas tem 22 e 25. Foram 10 anos juntos sob o mesmo teto e até hoje nos vemos e falamos constantemente. Levar a mais velha ao altar naquele dia me fez ter a certeza de que sou o único pai - pelo menos o único que deu amor, carinho, companheirismo, compreensão e conselhos. Fui o único que presenciou seus momentos mais importantes e estava ao lado delas quando precisaram. E acredito que ainda seja o único a receber ligações quando precisam de um ombro amigo.

Uma coisa é certa: a explicação do porque tenho duas filhas nessas idades, aos 45 anos, já não é mais necessária há muito tempo - são minhas filhas e ponto final. O medo de descobrir de quem elas gostam mais, também já não existe - essa certeza carrego comigo e ninguém me tira. E o mais importante: a emoção que senti sentado diante da capela é o sentimento mais forte que já tive nessas quatro décadas de vida. O que elas me dizem com seus olhares e atitudes me dão a certeza de que essa vaga de pai é, sempre foi e sempre será minha. Ninguém mais me tira!

Obrigado meninas por terem aparecido na minha vida tão cedo e me ensinado as delícias de ser pai.

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