quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Adolescência selvagem e irresponsável


Assistindo a uma reportagem da Record outro dia, vi a "mais nova diversão" de alguns adolescentes imbecis que não tem o que fazer na vida. A reportagem mostrava que eles enrolam o tapete de borracha do carro em forma de bastão, passam de carro próximo a um pedestre qualquer e dão-lhe uma bordoada. A tal "brincadeira" dos ignorantes, que tem como alvo principalmente mendigos e andarilhos, já mandou várias pessoas para o hospital. Uma imbecilidade sem tamanho protagonizada por um bando de merdinhas que se acham machos mas na verdade não passam de mariquinhas irresponsáveis, filhinhos de papai rebeldes que descontam nos outros a raiva que tem da vida. Raiva de que?

Ligamos a TV e vemos outro bando de merdinhas atacando, covardemente, homosexuais na Avenida Paulista com lâmpadas fluorescentes. Um bando de covardes que só agem em grupo por não terem culhões pra fazer isso sozinhos. Uma vez, filhinhos de papai atearam fogo num índio, outros quase queimaram vivo um mendigo. O que está acontecendo com nossos jovens?

Estamos cansados de ver na televisão casos como estes. Sem contar os que não vão para a TV. E o pior de tudo isso é que esses grupos que se intitulam com nomes como Gangue da Tapetada, Turma do Arrasa, Grupo da Pesada, etc... gravam tudo e colocam na internet como um troféu da selvageria. Basta acessar o Youtube para assistir a toda essa barbaridade (veja algumas aqui).

Penso o seguinte: os adolescentes de hoje que só andam em grupos são, na sua maioria, uns cagões. Não tem coragem para abordar mulher sozinhos, nem para provocar alguém. Só o fazem porque tem o apoio dos colegas. É uma maneira de ter deles a conivência, a cobertura e a cumplicidade necessárias - é o medo de levar a bronca sozinho também.

Tudo isso, na minha reles opinião, é provocado por uma sociedade cada vez mais competitiva. E a competição acontece dentro dos próprios grupos de adolescentes: quem tem o melhor celular, o melhor laptop, qual pai tem o carro mais caro, quem mora no melhor apartamento e QUE TEM MAIS CORAGEM DE FAZER ISSO OU AQUILO! O que essa molecada irresponsável não tem noção é do quanto estão se tornando superficiais e vazios. Será que, postando vídeos assim na internet vão ganhar mais admiração das meninas da turma? Pobre deles que não sabem que diante delas estão se tornando ainda mais insignificantes.

Na minha época de adolescente (é... faz tempo!), "mandar bem" em alguma coisa era saltar com a bicicleta a rampa mais alta, correr tanto metros em menos tempo, prender a respiração o máximo possível na piscina e outras ingenuidades mais que não prejudicava ninguém, não machucava ninguém (a não ser os arranhões que sobravam vez ou outra). Enfim, não tentávamos ser "fodões" em nada que pudesse nos dar o título de "imbecil do ano". Bebíamos sim, ficávamos de fogo e aprontávamos bastante. Mas nada que superasse a natureza animal dos idiotas de hoje. Espancar ou colocar fogo em alguém era uma coisa não fazia parte da nossa cultura nem da nossa índole.

E sabe de quem é a culpa? De nós, pais. Não quero generalizar mas a maioria, principalmente da classe média, enche seus filhos com tantos mimos e proteção que eles fazem o que fazem pra saber até onde a redoma cobre. E quanto mais aprontam e mais recebem o perdão ou uma simples passada de mão na cabeça, mais se tornarão seres-humanos irresponsáveis. De-lhes um carro, um celular da moda, laptop top de linha, roupas de grife e dinheirinho pro fim de semana sem cobrar nenhum retorno, sem cobrar-lhes responsabilidades e aquele tapete de borracha na mão deles estará sendo guiado pelas suas próprias mãos.

Os pais desses moleques deviam deixá-los apodrecerem numa cadeia ou numa Febem qualquer para que um dia ainda tenham a chance deles se tornarem alguém na vida.

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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Dilma ganhou! E daí?


Durante sete meses de campanha política ouvi as mais esdrúxulas previsões sobre qual seria o futuro do nosso país, fosse nas mãos de Dilma ou nas do Serra. Assisti na imprensa (e até produzi reportagens sobre algumas delas) as denúncias que surgiram dos dois lados - Paulo Preto, Erenice Guerra, dossiês e vazamentos. Vi comentaristas políticos traçarem um raio X da nossa situação com um e com outro e cheguei à seguinte conclusão: NÃO VAI MUDAR NADA! E digo isso também caso o eleito tivesse sido o Serra.

Não sou nenhum especialista político, nem analîsta econômico, digo isso com base no que aprendi aos longo dos meus 24 anos de jornalismo. Mas o que nos leva a crer que Dilma vá acabar com tudo o que foi construído por Lula? Quem pode garantir que Serra poderia melhorar ainda mais o que já está ai? Nem os maiores estudiosos teriam condições de prever qualquer coisa. Só uma coisa é certa: a corrupção que sempre permeou nossa política, independe de quem esteja no poder, e vai continuar a apodrecer as estruturas do nosso regime.

Com Dilma temos a garantia de continuidade de um projeto que vem dando certo. Ou alguém vai questionar os números da economia do país? Agora, vai acabar com o assistencialismo? Não! Vai diminuir a corrupção, em grande parte protagonizada por petistas? Não! Vai aumentar salários e aposentadorias conforme o povo quer? Não!
Se Serra fosse eleito, iria mudar o projeto que vem dando certo? Não! Iria acabar com o assistencialismo do Lula? Talvez, mas criaria o seu próprio - o governo sobrevive disso. Iria aumentar salários e aposentadorias como se quer? Muito improvável! Digo isso porque algumas promessas de campanha só podem ser cumpridas se os números da economia forem estáveis. E algumas mexidas podem desestabilizar essa situação.

Em resumo: nossa vidinha vai continuar do mesmo jeito, não importa quem está lá. O que precisamos é deixar de ser um país de bundões, deixar de aceitar tudo com complascência. Quem precisa mudar são os brasileiros que engolem sapo todos os dias e não fazem nada. Na França, mensalidades escolares sobem, os estudante vão pras ruas protestar. O brasileiro liga pras redações de TV pra reclamar. Na Inglaterra, a tarifa do taxi sobe, taxis são quebrados pelas ruas. O brasileiro deixa de andar de taxi e vai sofrer no busão. Não estou querendo que nossas ruas virem palco de revoluções civis não, longe disso. Só gostaria que fossemos mais atuantes junto à nossa política.

Vou dar alguns exemplos: "Dia Mundial Sem Carro". Quantas pessoas deixaram o carro em casa para contribuir com o trânsito? Mais: "deixem de comprar combustível da Petrobrás por um dia". As parcas adesões ajudaram o preço da gasolina a baixar? O brasileiro não adere e não gosta de campanhas, movimentos, etc. A não ser aquelas babaquices de "Flash Mob" em que uma meia dúzia de estudantes rebeldes entram num trem do metrô e tiram a calça para protestar... contra o que mesmo? Modismo apenas!

Seja com Dilma, com Serra, com qualquer um que fosse, o projeto de desenvolvimento do nosso país já está estruturado e ninguem em sã consciência seria louco de mexer numa coisa que está fazendo o país crescer. Mérito de quem? Do Lula que tocou? Do FHC que plantou a semente? Não importa! O que vale é que aconteceu! Tem mais coisa pra acontecer? Tem, claro! E é aí que precisamos cobrar para que realmente aconteça.

Agora se você, amigo leitor, acha que com esse ou com aquele candidato haveria menos gastos públicos, menos roubalheira, menos empreguismo, desculpe... mas você deveria ter acordado em outro planeta!

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sábado, 9 de outubro de 2010

Equador - Diário de Viagem, parte 2

Como eu disse na primeira parte do diário de viagem ao Equador, encerramos o primeiro dia num sufoco danado. Foi muita tensão e correria para colocarmos no ar as primeiras informações do dia seguinte ao da rebelião. A internet da lan-house do aeroporto era mais lenta que uma lesma sem pressa de chegar e conseguimos gerar imagens, passagen e entrevista poucos minutos antes da matéria ir ao ar. Mas deu tudo certo.

Ainda exaustos por essa tensão e pela expectativa da viagem, deixamos o Aeroporto Mariscal Sucre, em Quito, e pegamos um taxi para o centro da cidade, por volta das oito da noite. Perguntei ao motorista como estava a situação na cidade. Ele me disse que ainda havia muita insegurança em algumas regiões, que o Palácio do Governo estava cercado por soldados do exército e que não seria um bom momento para ir até lá. Enquanto isso em Guayaquil alguns saques ainda eram registrados pela cidade.

Começamos a rodar pela cidade e pude observar vários carros cheios de soldados circulando. Com fuzis em punho como que preparados para a guerra, eles miravam qualquer pessoa ou grupo suspeito e por um momento, fomos alvos enquanto passávamos ao lado do caminhão. Senti pelo menos umas 10 metralhadoras apontando para nosso taxi. Por sorte era apenas uma precaução. Não nos pararam.

Pedi para o taxista nos levar a um lugar de bastante movimento, para mostrar se as pessoas estavam obedecendo a um certo "toque de recolher" estabelecido pela situação. Me surpreendi quando vi um clima mais de festa do que de preocupação. Na "Plaza Foch", região central da cidade, onde existe uma centena de bares e restaurantes - parecida com a nossa Vila Madalena - milhares de pessoas perambulavam pelas ruas como se nada tivesse acontecido naquela quinta-feira anterior. Conversei com algumas pessoas e percebi que elas se sentiam seguras pela presença dos militares nas ruas. Alguns até se misturavam aos baladeiros de plantão.

Naquele momento percebi o que estava acontecendo: a presença do exército nas ruas, ao contrário de outros países, como aqui por exemplo, cuja situação assusta, garantiu à população equatoriana um certo ar de "tudo sob controle". Aquela festa toda me pareceu uma "comemoração" e senti nos dias seguintes a força do apoio popular ao Presidente Corrêa.

Passei pela praça onde ocorreram as primeiras confusões e segui para o hospital onde soldados da polícia militar enfrentaram o exército a tiros. Ali ainda pude ver pelo chão algumas cápsulas de fuzil deflagradas e manchas de sangue dos feridos. Até pude imaginar a correria que só fui ver mesmo, depois, pela televisão estatal local que fez questão de repetir exaustivamente as cenas do "resgate" de Correa. Resgate? Sequestro? Golpe de Estado? O que teria sido mesmo verdade nessa história toda? Assunto para o próximo post. Boa semana a todos.

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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Equador - Diário de Viagem, parte 1

Era o final da tarde de uma quinta feira. Eu seguia para o comício do presidente Lula em São Bernardo do Campo quando recebi uma chamada no rádio. "Ogg, ao invés de cobrir as eleições aqui, que tal acompanhar uma confuzaozinha no Equador?" Caraca! Eu que nunca tinha visitado o país agora tinha uma oportunidade de cobrir uma revolução lá! VAMBORA!

Voltei pra emissora, peguei verba de viagem, vouchers de passagens e hotel e fui pra casa arrumar as malas. O vôo partia no dia seguinte, sexta, as oito da manhã. Cacei meu passaporte que estava jogado em alguma gaveta, arrumei as malas e fui pra internet pesquisar sobre a confusão. Aí é que me dei conta do que estava indo fazer.

Naquele dia, polícia militar tinha entrado em confronto com o exército. Tiroteio, bombas, presidente sequestrado no hospital cercado, pessoas feridas, mortos, aeroporto fechado e a iminência de um golpe de estado. Putz, não ia ser fácil, pensei. Confesso que nunca tinha feito uma cobertura de guerra - o máximo que cheguei perto disso foi num confronto entre estudantes e policiais na USP, ano passado (e que já não foi mole) - e isso me deixou um pouco apreensivo. Primeiro porque não sabia que situação iríamos encontrar por lá. Se o aeroporto estava fechado, como iríamos desembarcar? Será que ficaríamos sitiados? Por um momento me imaginei me arrastando pelas ruas junto com meu cinegrafista, Gilson Dias, tentando escapar de bombas e de balas perdidas. Exagero meu? Não! Foram dez mortos e dezenas de feridos, inclusive jornalistas atacados pelos policiais rebelados.

Quase não dormi de noite de tanta excitação. Acordei as cinco, fui pra TV e não havia carro pra nos levar pro aeroporto de Cumbica - é, a redação esqueceu de providenciar. Corre daqui e dali, conseguimos uma viatura do SP Record pra nos levar, já com atraso de quase uma hora. Bom, graças a Deus, chegamos ao check-in e embarcamos ainda com um tempinho de dar uma zapeada pelo free-shopping.

Nosso roteiro incluía uma conexão em Bogotá, na Colômbia. Seriam quase seis horas de vôo até lá num apertado espaço de poltrona (eu não consegui a fila de emergência como sempre peço). Chegamos por volta do meio dia e tive de atrasar o relógio duas horas por causa da diferença de fuso-horário. Uma horinha e meia até o embarque da conexão para Quito, vamos lá zapear outro Duty-Free.

O corpo já exausto do primeiro trecho pedia arrego, afinal não foi um voo tranquilo. Enfrentamos muita turbulência a ponto de enxergar a bandeijinha de comida flutuar na minha frente em determinados momentos. Pra piorar o "sobe-e-desce" da turbulência, uma mulher gritava apavorada "Caerá ... Dios mío! Caerá!". O frango com pimentão não cai bem nessa hora.

Embarcamos em Bogotá para mais um trechinho de uma hora até Quito. Mas antes tratei de ver pela internet qual a situação. Pelo menos o aeroporto já tinha sido reaberto, o que nos tranquilizou um pouco, afinal não sabíamos se iríamos conseguir pousar. Atrasos daqui e dali, mais turbulência no voo, chegamos à capital equatoriana as quatro da tarde, já com o dead-line estourado para gravar uma passagem no aeroporto mesmo, off, sonoras, transcodificar e gerar o material pela internet. Lembrando que aqui já eram seis da tarde e o Jornal da Record entraria dalí menos de duas horas.

Foi um sufoco mas conseguimos tudo a tempo. Geramos o material faltando menos de meia hora pra matéria ir ao ar. Dado o "OK" pela chefia, respiramos aliviados, certo? Que nada! Ainda teríamos de produzir a matéria para o Fala Brasil do dia seguinte. Fomos para a batalha, ver como a cidade estava e o que enfrentaríamos. Mas esse é o assunto para o próximo a parte 2 de "Equador - Diário de Viagem" que vou publicar até sábado. Até lá!

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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Candidatos sem noção, voto sem opção!

Em quem votar? Em quem votar? Em quem votar?

Eu não voto em São Paulo. Como meu título ainda é de Mato Grosso do Sul vou ter de justificar por mais uma eleição. Não acho ruim, afinal quando não se tem em quem votar, considero a justificativa eleitoral o melhor caminho. Mas sou contra o voto nulo ou em branco, pois eles dão oportunidades de cretinos e salafrários se elegerem sem muito esforço. Prefiro votar nos menos piores. Mas depois de ver o debate de ontem na Record, não há melhores, nem menos piores - são todos péssimos a um mesmo nível.

Se havia alguém que já tinha decidido seu voto, se juntou aos milhões de indecisos deste país. Ao contrário de ajudar alguém nessa decisão, a postura dos candidatos no debate serviu mais para reforçar a idéia de que não temos ninguém decente para representar este país.

O que vi nos candidatos ontem foi: uma Dilma despreparada e destemperada, que gagueja, tremula e busca no ar concisão para suas palavras como se procurasse apoio para suas mentiras. Ao lado outra mulher, sonhadora, que acredita que pode salvar o mundo com conceitos ecológicos e ambientais sem perceber que o país também vive do capitalismo, do crescimento, da infraestrutura que muitas vezes ferem esses conceitos. Do outro lado, vi um Serra mais sabonete que nunca, escorregando das perguntas mais efervescentes e sem atacar sua principal oponente, por mais que tivesse em mãos as denúncias que bradou durante toda a campanha. E por fim, o maluco-beleza do Plínio que parecia ter esquecido dos remédios que o deixam "mais ou menos" normal. Apesar de tudo, ele foi a atração do debate - o único que atacou todo mundo sem papas na língua, fez o público rir com aquele ar de vampiro do filme Anjos da Noite e ganhou aplausos (mais pelas gracinhas do que pela lucidez). Agora, defender um salário mínimo de dois mil e quinhentos reais? Cade o remédio do Plínio?

Me coloquei no lugar de um eleitor que terá a obrigação de votar no dia 03, sem justificativa. Me apavorei, fiquei sem saber em quem. Fiquei na dúvida entre eleger alguém que vá apenas "cumprir tabela", sem trazer algo de novo para o país, ou tornar meu voto nulo em protesto a falta de opções. Sinto pena daqueles que terão de decidir isso no próximo fim de semana.

E fico ainda mais aterrorizado quando penso nos candidatos a deputado e senador que eu teria de escolher se votasse aqui. Tiririca? Netinho Bate em Mulher? Mercador Mercadante? Marta Suplício? Maguila? Meu Deus! Ainda bem que minha justificativa de voto vai me livrar de escolher alguém desse "Circo dos Horrores"!

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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A tecnologia é uma delícia!

Sou um aficcionado por tecnologias. Tudo que chega às lojas, dependendo da minha necessidade, acabo comprando. Até mesmo se não preciso tanto assim. Gosto das facilidades que esses "gadget" nos trazem - celulares, palmtops, tablets, smartphones, flash-drives, bluetooth, enfim, tudo que se "pluga" em alguma outra coisa.

Esses gadget já me salvaram em várias oportunidades como meu telefone, por exemplo, em que sempre recebo textos para gravar dentro do carro a caminho da TV. Uma vez precisava enviar uma imagem para um colega em outro estado e o fiz pela câmera do telefone. E para que usar o MSN se posso fazer uma chamada de vídeo pelo celular de qualquer lugar?

Entrada USB no carro, também para celulares

Com tudo isso, esta semana tive um ataque de saudosismo. Troquei de carro por um destes em que o som tem entrada USB (para plugar pen-drives e celulares). Apesar de ter vários em casa, resolvi comprar mais alguns especificamente para rodar com músicas no carro. Nâo foi surpresa ver que os pen-drive estão cada vez menores em tamanho e maiores na capacidade. E olha que não comprei os mais robustos. Me bastaram dois micro-SD de 4 gb cada um. Falei grego pra alguém? Vou fazer uma comparação de maneira bem didática.


Micro-SD: cartão de memória de alta capacidade

Quando eu comprei meu primeiro carro, lá pelo início dos anos oitenta, fiz questão de escolher o melhor "toca-fitas", como esse da foto abaixo. As fitas cassete tinham 30 minutos de cada lado, eram gravadas no tempo real da música e cabiam, dos dois lados, um total médio de 30 músicas (15 de cada lado). Os tocas fitas tinham o sistema "reverse" e assim que a fita acabava, rodava o outro lado automaticamente, sem precisar tirar e virar a fita (e olha que isso já era nos mais avançados). Imagina uma viagem de 5 horas... era uma "mala" de fitas no banco de trás para curtir durante o passeio.


Toca-fitas Mitsubish, um dos mais "pops" da época

Hoje esses dois flash-drive micro-SD que comprei ao preço de 30 reais cada um, comportam umas DUAS MIL MÚSICAS - o equivalente a quase 70 fitas cassete. E o melhor: o micro-SD é 40 VEZES MENOR que uma fita cassete (vejas as fotos).


Micro-SD: 40 vezes menor que uma fita
e 70 vezes maior em capacidade

Além disso, quando nos cansávamos das músicas nas fitas, tinhamos de regravá-las. Só que a qualidade já caia muito na primeira regravação. Na terceira então, era fita no lixo. No pen-drive, basta apenas espeta-lo no computador e trocar tudo, incluir mais, deletar outras, enfim... fazer a seleção do jeito e na quantidade que quisermos. Em resumo: carrego no bolso da calça ou pendurado com a chave do carro, uma mala gigantesca de fitas cassete.

Meu carro até tem toca CD. Mas pra que vou carregar aqueles cases onde os CDs acabam riscando de tanto esfolar um no outro? Pro manobrista levar pra ele? Pro lavador de carros guardar e esquecer de me devolver? Pra abrirem meu carro e levarem aquela "coleção" que levei anos pra comprar? Tsk, tsk, tsk! Meu CD-player vai continuar virgenzinho da silva!

E viva a tecnologia!!

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sábado, 11 de setembro de 2010

O Borba e a Receita


O Borba, meu porteiro, está indignado. Como sempre acontece quando "algo estranho" permeia os meios de comunicação, ele me parou no elevador outro dia pra dar a sua sábia opinião.

- Doutô, que coisa feia essa história do vazamento da Receita, né? Olha que de vazamento eu entendo, água, gáz, essas coisas. Mas vazamanto de informação é pior, né Doutô?

- É sim Borba, coisa de gente muito baixa.

- E tão falando que é aquela mulhé lá do PT, né? Aquela que eu não gosto nem de falá o nome.

- Dizem que ela é a culpada viu Borba. Ou o partido dela.

- Doutô, me diz uma coisa: quer dizer que se fizeram isso com um monte de gente, as minhas informações também podem tá aí, nas mãos dos bandidos?

- Podem sim. A sua, a minha, a de todo o mundo aqui no prédio.

- Mas que diacho, doutô. Como é que pode um órgão que nem esse ai, a Receita Federal, permitir isso? Se a gente não pode mais confiá nela, em quem vamo confiá?

- Só Deus sabe Borba! Mas me diz uma coisa: tu por acaso declara imposto de renda Borba?

- Opa doutô, e não? Se eu não fizé isso como é que eu vô comprová que comprei o Chevete com o suor do meu rosto? E a casinha lá da Cohab então? Olha doutô, eu não preciso pagá imposto mas declaro sim tintin por tintin. Vai que um dia, sei lá o que!

- Tá certo Borba. Que bom se só metade desse país fosse honesta como você.

- Agora doutô, só tenho medo de uma coisa. Se vazá minhas informação, vão descobrir que eu não declaro as caixinhas que vocês me dão aqui no prédio. Isso não precisa né?

- Olha Borba, tem tanta gente que ganha mil vezes mais que você e eu juntos e não declara nada... Pode ficar descansado!

- Falô doutô! Nóis é pobre mas não é bobo! Deixa eu cuidá dos meu vazamento que esses é fácil de resolvê. Agora, aqueles outros lá, ihhh... isso vai dá em nada não. De novo, né doutô!

-É Borba, vai dar em nada não... de novo!

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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Mais uma boa desculpa para os ociosos!


Saudável é abrir a geladeira!

Sempre que recebo textos interessantes, engraçados, polêmicos ou que simplesmente valham a pena compartilhar com meus leitores, o faço. Este abaixo é um deles. Como tudo que vem pela internet, é claro, não se pode dar total credibilidade ou atribuir que esse médico tenha mesmo dito isso. Mas se disse QUERO SEU ENDERÇEO PARA UMA CONSULTA URGENTE!!!

Divirtam-se!

Dr. Paulo Ubiratan, de Porto Alegre, RS, em entrevista a uma TV local, foi questionado sobre vários conselhos que sempre nos são dados...

Pergunta: Exercícios cardiovasculares prolongam a vida, é verdade?

Resposta: O seu coração foi feito para bater por uma quantidade de vezes e só... não desperdice essas batidas em exercícios. Tudo gasta-se eventualmente. Acelerar seu coração não vai fazer você viver mais: isso é como dizer que você pode prolongar a vida do seu carro dirigindo mais depressa. Quer viver mais? Tire uma soneca !!!

P: Devo cortar a carne vermelha e comer mais frutas e vegetais?

R: Você precisa entender a logística da eficiência... .O que a vaca come? Feno e milho. O que é isso? Vegetal. Então um bife nada mais é do que um mecanismo eficiente de colocar vegetais no seu sistema. Precisa de grãos? Coma frango.

P: Devo reduzir o consumo de álcool?

R: De jeito nenhum. Vinho é feito de fruta. Brandy é um vinho destilado, o que significa que, eles tiram a água da fruta de modo que vc tire maior proveito dela. Cerveja também é feita de grãos. Pode entornar!

P: Quais são as vantagens de um programa regular de exercícios?

R: Minha filosofia é: Se não tem dor...tá bom!

P: Frituras são prejudiciais?

R: VOCÊ NÃO ESTÁ ME ESCUTANDO? Hoje em dia a comida é frita em óleo vegetal. Na verdade ficam impregnadas de óleo vegetal. Como pode mais vegetal ser prejudicial para você?

P: Flexões ajudam a reduzir a gordura?

R: Absolutamente não! Exercitar um músculo faz apenas com que ele aumente de tamanho.

P: Chocolate faz mal?

R: Tá maluco? !!!! Cacau!!!! Outro vegetal!! É uma comida boa pra se ficar feliz !!!

E lembre-se: A vida não deve ser uma viagem para o túmulo, com a intenção de chegar lá são e salvo, com um corpo atraente e bem preservado.,(boa!) Melhor enfiar o pé na jaca - Cerveja em uma mão - tira gosto na outra - muito sexo e um corpo completamente gasto, totalmente usado, gritando: VALEU !!! QUE VIAGEM!!!

P S.: se caminhar fosse saudável o carteiro seria imortal! Baleia nada o dia inteiro, só come peixe, só bebe água e é gorda! E mais: coelho corre, pula e vive 15 anos, tartaruga não corre não faz nada e vive 450 anos !

Que bom se tudo isso fosse realmente verdade! Boa semana a todos!

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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

"Oooooooiiiii geeeeenteeee!!" Começou o Mico Eleitoral Gratuito!

Assisti ontem, por pura curiosidade, o Horário Eleitoral Gratuito na TV. Não para escolher qualquer candidato ou ver as propostas que eles "intencionam" mostrar em alguns segundos apenas. Foi mais para dar risada mesmo. E, olha, nunca vi programa humorístico igual. HILÁRIO! Se o TSE proibiu humoristas de criticar candidatos, eles conseguem fazer piada deles mesmos sem serem incomodados pela justiça eleitoral.

"Você sabe o que faz um deputado federal? Nem eu, então vote em mim que eu te conto. Vote em Tiririca, pior que tá não fica". Isso é apenas uma pequena demonstração da vergonha que aqueles que, presunçosamente, querem nos representar no congresso nos fazem sentir. E o Maguila então com aquela cara de quem tomou pancada na cabeça a vida inteira? Só não entendi porque ele segura aquelas bolas de numeração de estacionamento nas mãos (Ah, são luvas de boxe? Entendi!). Aí, saindo do Programa do Tom com Tiririca, segue-se um quadro da "A Praça é Nossa" com Batoré. Mas também tem o lado "Assombrações" da propaganda personificado por ENÉAS. Não o falecido pai, mas o filho, LUCIANO ENÉAS, que consegue ser pior que seu progenitor - mas com a mesma cara e um pouco mais de cabelo. Me assustei quando ví!

E não pára por aí não. Usar frases ligadas à sua atividade é uma peculiaridade de alguns candidatos. "Quero agulhar os políticos para mudar Brasília por vocês", do estilista Ronaldo Esper; "Agora eu quero jogar junto com você no mesmo time", de Marcelinho Carioca; "Minha luta agora é em Brasília, por nossas crianças", é o que se consegue entender de Maguila. Criatividade acima de qualquer propaganda!

E o medo que deu da Luciana Costa então (no video abaixo)? Ela combate drogas e pedofilia mas parece que vai saltar da tela e esganar você. Isso sem falar no Kiko do KLB, com aquela cara de Mickey Mouse Emo. Fico me perguntando: será que a profissão deles tá tão ruim assim pra quererem se envolver com política? Pelo menos o salário é bom.

Se eu for ficar aqui enumerando a horda de candidatos que me fazem passar vergonha de ser brasileiro, esse artigo não termina. A impressão que dá é de que alguns estão ali para debochar da política mesmo, debochar do país e tirar sarro na nossa cara como quem quer dizer "já que tudo é uma palhaçada mesmo e Brasília é um circo, vamos esculhambar". Bota esculhambação nisso! E olha que eu só to falando dos pseudo-famosos. Mas se eu contar aquelas múmias paralíticas que levantaram do sarcófago minutos antes de gravar o programa, a baboseira cresce numa proporção assustadora.

Uma coisa é certa: se proibiram programas humorísticos de fazer piadinhas com políticos, a propaganda eleitoral vai substitutir com louvor, até dias antes das eleições, a graça de rir da política brasileira.

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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

É... sempre sobra pra gente mesmo!

Não podem entregar? Leva você mesmo!

Acabei de fechar uma matéria sobre direitos do consumidor. O problema é o desrespeito de algumas lojas em relação à entrega. Você compra lá uma geladeira, um fogão, um sofá ou qualquer outra coisa que não caiba no porta-malas do seu carro, ou não dá pra levar no busão, e pede pra entregar. Combina com a loja o dia e o período - manhã, tarde ou noite - e fica lá esperando... esperando... esperando... e NADA! Ninguém aparece. E mesmo que você tenha se ajoelhado para pedir pro patrão te dispensar naquele dia, foi tudo em vão.

Muita gente não sabe, mas desde outubro de 2009 passou a vigorar no estado de São Paulo uma lei que obriga as empresas a cumprirem esse prazo de entrega que foi acertado com o cliente no dia da compra. Exatamente para que você não fique que nem um tonto esperando o caminhão chegar. Se foi acertado de manhã, a entrega tem de ser feita entre 8 e meio dia. Se na parte da tarde, das 13 as 18 horas. Agora me pergunta se estão respeitando isso? Já sabe a resposta né?

Conversei com Patrícia, uma de nossas personagens. Em dezembro ela comprou um rack para a TV da sala nas Lojas Mar... Bom, acho melhor eu não falar o nome. Ficaram de entregar em 10 dias, afinal ela queria que a sala ficasse mais bonita para a festa de Natal da família. Se passaram dez dias, vinte, TRINTA e NADA!!! O móvel não chegou. O maridão foi lá reclamar de novo (ele já tinha ido outras 5 vezes) e queria cancelar a compra e o carnê com as prestações- esse sim chegou bem antes. Mas o gerente não deixou - só faltou colocar o rack nas costas e levar na casa da Patrícia. Resumo da ópera: o que era pro Natal, acabou ficando para o carnaval. E na noite da ceia natalina, tava lá a TV da Patrícia em cima de um caixote!

Aí, pra matéria, fui conversar com o superintendente da Associação Comercial de São Paulo para que ele me dissesse porque as lojas não conseguem cumprir esse prazo de entrega. Até que a justificativa dele foi convincente: as lojas não tem apenas um produto para entregar, são milhares no Brasil todo. Em São Paulo, especificamente, é quase impossível chegar na hora marcada por causa do trânsito, dos rodízios e de outras situações adversas que uma cidade como essa tem. Tá, mas como faz pra resolver isso? Bom, explica ele, "as empresas teriam de aumentar a frota de veículos, contratar mais gente pra despachar a mercadoria e isso gera custos". E quem paga a conta? Nós consumidores, claro! Mais uma vez sobra pra gente pagar o pato.

Aí fico pensando: quer dizer que criaram uma lei pra defender a gente mas para que seja cumprida nós teremos de pagar mais caro? É isso? Ah, tá! É o mesmo que acontece quando se aumenta o ISS, o ICMS ou outro imposto qualquer. As empresas pagam mais. MAS PRA QUEM SOBRA DE NOVO? Nós, que pagamos esses aumentos no preço dos produtos que compramos. E se no caso da entrega, as lojas resolverem não mais entregar nada por causa da lei, vai lá você pagar um "carreto" pra ir buscar seu fogão!

Quando eu falo que falta gente séria nesse país...

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sábado, 7 de agosto de 2010

A justiça é cega! Mas nem tanto.

Eu tento confiar nela, eu tento acreditar nela, tento crer que é a única coisa nesse país que funciona. Mas, cada vez mais, ela me dá sinais de que faz parte da mesma estrutura falida da maioria das instiuições públicas.

Hoje fui cobrir o caso de um frentista acusado de assalto. Uma mulher foi roubada próximo ao posto onde ele trabalha. Sem mais nem menos, chegou, olhou pra cara dele e disse á à polícia: FOI ELE MESMO!! Acontece que o coitado estava trabalhando na hora do assalto. Como sei disso? E como provo isso? As imagens das câmeras de segurança do posto, com data e hora, comprovam. Além do mais o depoimento de um colega e do próprio patrão do rapaz atestam isso. Ele não arredou pé do local por um segundo qualquer enquanto a louca desvairada tinha sua bolsa roubada por algum larápio. Adiantou? NÃO! A polícia foi lá, pegou o cara e jogou numa cela junto com bandidos, esses sim com acusações comprovadas. Inquérito aberto, o fretista ficou 14 dias na cadeia. Só conseguiu sair agora por força de um habeas-corpus. Mas vai "responder a acusação" em liberdade. O nome vai ficar manchado. E pra piorar ele adquiriu sindrome do pânico - não consegue mais sair à rua imaginando que alguém vai apontá-lo para incriminá-lo de algo. Ele tem 22 anos de idade.

Enquanto se apressa em colocar o suposto autor do assalto na cadeia, essa mesma justiça revoga a prisão de Mizael Bispo de Souza, apontado quase sem dúvida nenhuma como autor do assassinato de Mércia Nakashima. Nesse caso sim há provas contundentes, segundo a polícia - o envolvimento dos dois, as brigas, o depoimento de um dos cúmplices, a terra no tênis, a falta de alibi, etc. Indícios suficientes para colocá-lo na cadeia. E onde esta Mizael agora? No conforto da sua casa rindo da polícia e da justiça que não conseguem colocá-lo atrás das grades. Um juiz decreta sua prisão e sua colega desembargadora revoga. Não parece, mas pra mim soa como guerra de forças entre magistrados, um querendo mostrar que pode mais que o outro. Enquanto isso a família que teve uma vida ceifada, desmonta sua crença nessa instituição que trabalha com pesos e medidas diferentes.

Fico me perguntando qual a diferença entre Mizael Bispo e o frentista Jorge. Seus status? Suas profissões? Suas diferenças culturais? Lógico que para muitos o fato de um ser advogado e ex-pm e o outro ser um "réles" frentista é determinante no destino de cada um. Mas se a justiça é cega, como que ela também parece enxergar dessa forma? Cegos, na minha opinião, são alguns magistrados que se acham acima da lei e da justiça e não percebem a batalha entre si travada através de prisões decretadas, habeas corpus emitidos, liminares expedidas. É mais ou menos como eu dizer que jornalistas ao meu lado são pulhas e parasitas ou incompetentes. A justiça não deveria cuspir no seu próprio prato.

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segunda-feira, 19 de julho de 2010

A mais incrível odisséia rumo à vida!


Assisti recentemente a um documentário sobre fecundação e fiquei realmente assustado (no bom sentido. Bom sentido?). Como eu e minha mulher estamos passando por esse momento – injeções para ovulação, medicamentos para fortificar o esperma, hora certa pra ter relações, etc – o documentário me deixou com uma certeza: é difícil pra cacete (sem nenhum trocadilho) ter filhos!

Para ser ainda mais realista e dar dimensões da odisséia vivida pelos espermatozóides até o óvulo, o documentário aumentou a escala de proporções. Mostrou todo esse trajeto como se um espermatozóide tivesse o tamanho de uma pessoa. Aí é que vem os assombros!

Um homem normal consegue produzir, a cada ejaculação, cerca de 300 milhões de espermatozóides. Imagine todos eles dentro de um dos nossos testículos – ele precisaria ter o tamanho de um prédio oval de UM QUILÔMETRO DE DIÂMETRO. Bom, temos dois prédios desses lá embaixo.

Na hora de sair, ou seja, no momento da ejaculação, eles teriam de percorrer uma estreita tubulação em nossos testículos que, em escala aumentada, teriam cerca de 300 QUILOMETROS. É como se fizéssemos uma viagem a pé até Ribeirão Preto em pouco mais de 5 SEGUNDOS. Nem o super homem consegue isso!

Já dentro da mulher, aí é que começam os maiores desafios. Os espermatozóides tem de nadar cerca de UM QUILÔMETRO E MEIO contra uma forte correnteza no canal vaginal (3 cm em escala real), para ter acesso ao útero. Devido a sua posição, será necessário subir uma escada de QUASE 2 QUILÔMETROS de altura. Vencida essa barreira (que parece muito fácil, né?) os bichinhos entram num emaranhado de labirintos e corredores, muitos sem saída, que vão ficando cada vez mais estreitos, prensando e matando milhares deles pelo caminho. Os que conseguem vencer essa etapa – uns cerca de 60 mil apenas – chegam ao útero (DO TAMANHO DE UM CAMPO DE TRES MILHÕES DE METROS QUADRADOS) para uma batalha vital. É ali que o bicho pega: eles serão obrigados a vencer a acidez do ambiente, capaz de exterminar os mais fracos, e escapar de verdadeiros assassinos do corpo das mulheres. Imagine um exército de milhares e milhares de guerreiros sanguinários que partem pra cima dos espermatozóides como se fossem carniceiros sedentos. Esses assassinos, chamados LEUCÓCITOS, exterminam outros milhares de espermatozóides como defesa natural do corpo feminino. Mas defesa contra os coitadinhos que querem apenas fecundar um óvulo? Que injustiça!

Bom, os que escapam dessa carnificina – pouco mais de 3 mil a essa altura do campeonato – conseguem chegar ao paraíso. É isso mesmo O PARAÍSO chamado TROMPAS DE FALÓPIO! É ali que eles podem passar até 3 dias num ambiente ideal para se recuperarem, se alimentarem de nutrientes e recobrar as forças para continuar a viagem. E é ali que também vão receber um sinal de que o óvulo vai aparecer. Porque ele simplesmente PODE NÃO APARECER! Se eles chegarem muito antes da hora, morrem. Se chegarem muito depois, também vão morrer por não terem o que fecundar porque o óvulo sobrevive apenas 24 horas. Que sacanagem!

Ao deixar esse oásis de descanso, os espermatozóides enfrentam um verdadeiro maremoto – serão obrigados a nadar QUASE DOIS QUILÔMETROS, em meio a uma turbulência de líquidos que, com certeza, matarão outros milhares. Seria como nadar contra a correnteza de um tsunami como o que arrasou a Indonésia em 2006. Se estiverem na hora certa, sem atrasos ou adiantos, poderão visualizar o óvulo à sua frente do tamanho de UM PRÉDIO DE DEZ ANDARES.

A essa altura, serão pouco mais de vinte sobreviventes dos quais apenas um espermatozóide (ou na melhor das hipóteses, dois) vai conseguir fecundá-lo. E o pior: para conseguir isso SUA CABEÇA TERÁ DE EXPLODIR para que as enzimas contendo as informações genéticas masculinas possam ser absorvidas pelo óvulo. Desde a ejaculação até este momento serão cerca de 80 horas de uma viagem que mais parece suicida do que um passeio de fim de semana.

Depois de tudo isso, fiquei pensando: “caramba, o carinha vencedor é mesmo FODÃO (sem trocadilho novamente). E ainda perde a cabeça depois de tudo isso!”. Será que vem daí a expressão “perder a cabeça por uma boa transa?”

Deixando as brincadeiras de lado, estou rezando para que eu consiga produzir bons “tri-atletas” porque não existe troféu melhor para esta odisséia do que ver uma barriguinha crescendo com alguém dentro. E ainda bem que o meu trabalho é menos cansativo... dura só alguns minutos. Mas muito prazeroso! UFA!

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domingo, 11 de julho de 2010

O verdadeiro motivo está enterrado!


Acabei de voltar de Minas Gerais onde fui produzir matérias sobre o assassinato de Eliza Samudio. O que colhi ali estarrece -um crime arquitetado, segundo a polícia, por uma celebridade no auge da fama, com salário de duzentos mil reais por mês e uma bela carreira pela frente. Depois de cobrir tantos casos policiais escabrosos, ainda me pergunto porque alguns são cometidos com tanta crueldade. Até entendo que se queira matar alguém para se resolver um problema - isso é coisa de psicopata, distúrbio mental, surto, sei lá. Mas usar de determinados artifícios, como no caso de Eliza, não me faz ter qualquer compreensão.

Os fatos foram narrados pela polícia: Eliza levou coronhadas, foi espancada, teve o corpo esquartejado e dessossado. As partes foram dadas para cães devorarem. Ainda queriam fazer o mesmo com a criança - por proteção de Deus, escapou ilesa.

Será que podemos culpar a trajetória da família de ambos? O pai de Eliza foi condenado pelo estupro de uma menina de 10 anos de idade. A mãe a teria abandonado aos cinco anos de idade e já teria tentado cometer suicídio. A mãe de Bruno, foi acusada, no passado, de tentativa de homicídio ao descarregar um revólver para tentar matar outra mulher. E também o abandonou quando ainda criança. O pai, já falecido, também tinha passagens pela cadeia por furtos. Por fim, Eliza era uma atriz de filmes pornográficos que tinha em sua lista de "casos" um número de jogadores suficiente para formar um time inteiro de futebol, com reservas. Seriam todos esses fatores determinantes para a brutalidade com a qual o crime foi cometido? Acho que não. Se fosse assim, teríamos milhoes de assassinos soltos em cada esquina desse país. Jamais se poderá atribuir a essa relação familiar desastrosa a justificativa para o que aconteceu.

Quantas e quantas vezes já vimos jovens humildes, saídos das favelas brasileiras, ganharem fama e dinheiro rapidamente? Não falemos em notoriedade. Pagodeiros, sertanejos e jogadores de futebol estão em maioria entre eles. Mas não quero fazer discriminações, estou apenas citando uma estatística comprovada. E quantos deles já não vimos envolvidos em escândalos? Só posso atribuir isso ao enriquecimento rápido demais e a mudança brutal de realidade sem que se tenha estrutura emocional para suportar isso. Mas é uma situação difícil de explicar, pelo menos por mim que não sou nenhum especialista em comportamento humano. Mas posso arriscar que a combinação explosiva de fama, riqueza, baladas, drogas, amizades com traficantes, orgias e nenhuma responsabilidade, podem detonar várias situações criminosas. E pelo que parece, essa era a vida que Bruno levava.

Mas ao mesmo tempo me pergunto porque homens célebres, ricos e bem formados também são capazes de produzir crimes hediondos? Lembram do jornalista Pimenta Neves que assassinou a namorada a sangue frio? Lembram do promotor Igor que assassinou a mulher? Lembram do dentista que esquartejou uma pessoa e escondeu o corpo numa mala? Que relação estes homens ricos e bem formados teriam com o goleiro Bruno, pobre que enriqueceu e "venceu na vida" de repente? Coisas da natureza humana que estudioso nenhum deveria se atrever a explicar.

O que imagino é que o simples fato de Bruno ter tido um filho com Eliza e uma suposta cobrança de pensão, não foram, com certeza, os únicos motivos dessa crueldade. Se fossem, seria fácil serem resolvidos por alguém que ganhava 200 mil por mês - 20 mil não iriam lhe fazer falta. Uma coisa é certa: os segredos que Eliza guardava com ela agora estão enterrados junto com seus restos mortais, não se sabe onde. E para Bruno e seus comparsas, talvez tenha valido a pena passar o tempo que vão passar na cadeia em troca de que esses segredos não venham à tona.

Infelizmente, para a polícia e a justiça, muitas vezes, só interessa comprovar a autoria do crime e não os detalhes que o motivaram. Se fosse o contrário muita sujeira mais, quem sabe, também poderia ser revelada.

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segunda-feira, 5 de julho de 2010

Perdemos a Copa. E daí?

Perdemos a copa! Eu confesso que, desde o primeiro jogo, já não apostava nem na chegada às quartas de finais. Porque? A convocação foi muito pessoal. Dunga não quis ouvir ninguém, contrariou milhões de brasileiros que queriam outras estrelas no time, fechou os treinos, cercou os jogadores de segurança excessiva. Nunca a seleção foi tão protegida. Além disso, seu mau-humor deixou claro a falta de positivismo do técnico. Quem é otimista e confiante não demonstra as diversas reações que ele exibiu diante das câmeras. A energia da seleção não estava boa.

Assim, perdemos a chance de chegar lá. Mas e daí? Chega de falar nisso, já foi, acabou. O Brasil precisa agora de otimismo, de tocar a vida em frente. Copa temos de quatro em quatro anos, quem sabe em 2014 a gente chega mais perto do hexa. Chega de parar o país por causa de um jogo de futebol. Na semana passada, tivemos apenas três dias úteis - a segunda e a sexta ficaram por conta das comemorações (as de segunda) e lamentações (as de sexta). Enquanto isso, coisas importantes foram deixadas para trás.

Quase ninguém lembrou que na sexta o impostômetro de São Paulo mostrou que já pagamos esse ano cerca de 600 bilhões de reais em impostos. Ninguém também, a não ser a família, se perguntou o que a polícia fez na sexta para buscar novas provas sobre o assassinato de Mércia Nakashina. Alguém sabe por acaso quantas pessoas ficaram sem atendimento médico nos pronto-socorros, hospitais e postos de saúde durante os dias de jogo da seleção? Na sexta mesmo fiquei sabendo que dezenas, centenas, milhares de pessoas encerraram seus expedientes depois das 13 horas, ou seja, depois do jogo, lamentando a derrota para a Holanda.

Acho que existem coisas mais importantes do que uma copa de futebol perdida. Há mais coisas a se comemorar que mais um título mundial. Como por exemplo o título que uma pequena cidade do interior de São Paulo recebeu em educação. Cresci em Cajuru, a 300 km da capital. Gente hospitaleira e amiga, todos se conhecem. Ainda tenho raízes e amigos por lá e uma vez por mês passo por ali para ir a fazenda de uma tia que mora na cidade. Cajuru parece que parou no tempo. Ainda mantém antigas construções, hoje restauradas, que abrigam lojas, farmácias, bares e outros comércios. Cajuru parece, mas não parou no tempo. A cidade foi eleita a primeira do país no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Cinco escolas da cidade estão entre as dez melhores do país. Isso sim é motivo para comemoração. Não é o Rio, não é São Paulo, não é Florianópolis - é uma cidade com pouco mais de 25 mil habitantes e orçamento em torno de 34 milhões de reais por ano. Só que o município aplicou quase a metade disso (12 milhões) na rede pública de ensino. Isso porque, por lei, obriga-se a aplicação de 25%. O prefeito achou pouco e investiu mais. O resultado é bem mais significativo que ter mais uma taça de copa do mundo na prateleira. E custou bem menos que a participação da nossa seleção na África.

Essa notícia me faz ter orgulho de ser um cajuruense de coração. E digo mais: estudei em duas de suas escolas públicas, as únicas que exitiam na época na cidade, e essa base educacional me permitiu chegar onde estou hoje.

Precisamos mudar nossos valores. A sensação efêmera de ganharmos um campeonato mundial de futebol precisa ser suplantado pela emoção e importância de termos no país cidades como Cajuru que torce por algo mais valioso que um jogo de futebol.

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segunda-feira, 21 de junho de 2010

O técnico Borba e a mãozinha do Fabiano

Passei o fim de semana em Ribeirão Preto. Tinha uma festa de amigos de infância com pretexto para assistirmos ao jogo contra a Costa do Marfim. Perdi o bolão! Apesar de ter dito no sábado, no Jornal da Record, que apostaria num 2 a 1, marquei no bolão 2x0 e 3x0. Mas não acreditava muito nesses resultados não. Os escolhi porque tinham menos apostas. Sendo assim, chances de dividir a bolada com menos gente. Quando o Brasil fez o terceiro, pulei de alegria e pensei: "Opa, olha o bolão pagando a viagem e a festa". Precipitação minha - os caras vão lá e fazem um golzinho quase no impedimento. Bom, fui repetir o prato de feijoada.

To chegando em casa de viagem hoje cedo, lá vem o Borba, meu zelador. Como eu já esperava que ele viria! Debruçado na janela do meu carro, já na garagem, ele filosofa:

- Ô Doutô, danado de bão o joguinho de ontem, né?
- É Borba, pelo menos, bem melhor que contra a Coréia.
- Mas e o segundo gol do Luis Fabiano? Aquele ali rolou uma mãozinha na bola, né não?
- É... parece que sim. Mão, braço, teve direito a tudo.
- Mas o juiz viu não viu? O senhor viu ele sorrindo pro Fabiano depois como quem diz "Eu vi, eu vi!"
- Vi sim!
- Mas mesmo assim deu o gol? Que porra é essa?
- Ah, sei lá, Borba. Acho que ele validou o gol e não teve coragem depois pra anular.
- Pois é. Mas o fiadaputa descontou depois né? Com aquela expulsão do Kaká. Deve ter pensado: "bão, dei um gol pra eles agora vou mandá um pro chuveiro mais cedo".
- Olha Borba, acho que um juiz não agiria assim.
- Mas foi doutô, não viu não? O coitadinho nem encostou no cara direito e o bicho caiu qui nem muiézinha com a mão no rosto. Ah, vai ser florzinha assim lá no sul. Expulsô pra compensá a maozinha do Fabiano.

Eu já querendo entrar e oito carros buzinando atrás de mim.

- Olha Borba, o que importa é que nós ganhamos, né?
- É! Menos mal. Mas de verdade, de verdade memo, foi só de dois a um, né doutô? Igual o primeiro jogo. Pra mim o da mãozinha não valeu.

Eu as vezes fico pensando se o Borba não deveria estar em outra função. Quem sabe no lugar do Dunga. Esse nordestino, com certeza, se não conseguisse dar o hexa ao Brasil pelo menos ia dar lição de moral nessa rapaziada.

E ele ainda grita de longe:

- Doutô, e Portugal botô sete na Coréia hoje. Nóis só fizemo dois e tomamo um. Essa portuguesada vai dá trabaio!

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terça-feira, 8 de junho de 2010

Mais uma do Borba

Como eu o apresentei no post passado, Borba é o porteiro do meu prédio. Nordestino carrancudo, mas sábio de dar inveja. To entrando, ele chega e segura a porta do elevador:

- Doutô, o sinhô viu o que o Lula falô hoje? Tá nas internet!
- Sobre o que Borba? Li um monte de coisa a respeito dele hoje.
- Ele falô que nóis, pobre - nóis não, eu, né doutô, porque o sinhô é abonado (coitado, mal sabe o Borba)...
- ... ele falô que em época de eleição nóis é mais chique que banqueiro.
- É Borba, ele disse isso mesmo.

Eu querendo subir, o pessoal gritando pelo elevador e ele ainda segurando a porta:

- Doutô, já sei porque ele disse isso!
- Porque Borba?
- Porque pobre é que nem pardal, tem aos monte! Muito mais que banqueiro. E tendo mais pobre, tem mais voto também né doutô. E como semo nóis que elege, agora semo chique!
- Tem sentido Borba.

"Solta a porra do elevador!!"

- Não esquenta não doutô, é aquela lôca do terceiro andá. Mas, óia que danado esse presidente. Chamando nóis de chique pra nóis votá neles. Eu é que não caio nessa!
- Tá certo Borba.
- Agora doutô, o tiro saiu pela culatra. Os banqueiro não vai querê votá nele.

E não é que esse Borba sempre me surpreende?

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sexta-feira, 4 de junho de 2010

Sabedoria de porteiro

O Borba é um cara vivido. É o porteiro do meu prédio. Um dos poucos que ainda torce pra Portuguesa, mas tem o Arapiraca no coração. Deve ter uns 60 anos, mas pelas histórias que me conta, parece que tem uns 150. É claro que boa parte disso se deve a uma imaginação fértil desenvolvida nos momentos de solidão dentro da guarita. Mas o Borba lê muito! Mais que eu até. De atlas à bula de remédio. E sabe de tudo também. Nada que acontece nesse mundo escapa aos comentários ácidos do Borba que, em sua simplicidade nordestina, tem uma sabedoria de dar inveja. E muitas vezes ele me desconcerta.

- Doutô, não conseguiram tapar aquele buraco que cospe óleo no fundo do mar, né?
- É Borba, não tão conseguindo não.
- Será que não é de propósito?
- Como assim Borba?
- Pensa! Ta vazando muito né?
- É.
- E se perdê tudo aquilo, pode faltá em algum lugar, né?
- De certa forma sim, Borba.
- Se faltá o preço não pode subir? Então pra que tampá aquele buraco tão cedo?

E o Borba, na sua singela sapiência me tirou umas duas horas de sono por ficar pensando nisso. Mas dia após dia o Borba me surpreende. Outro dia ele me chamou na garagem:

- Doutô, o senhor viu que falaram mal do pograma que o senhor faz nos domingo?
- Não vi não, Borba. O que foi?
- Ah, uma dessas muié que critica televisão. Disse que o pograma não tinha nada de espetacular, só o nome. E ainda falô que o quadro do senhor, aquele que bota medo na gente, não assusta nem criança de berço.
- Ah Borba, eu nem ligo pra isso. É gente que não tem assunto.
- Mas sabe o que eu descobri?
- Hã...
- Que ela é muié dum figurão da Grobo.
- Ah tá!
- Ta expricado falá mal, né?
- Tem razão Borba.
- Mas me diz uma coisa.
- Fala.
- Ela trabáia em televisão? Ou já trabaiô?
- Acho que não Borba.
- Então comé qui ela pode criticá televisão se não sabe direito como funciona lá dentro?
- Ah, sei lá Borba, cada um sabe o que faz. Ou pelo menos acha que sabe.
- Tem ôtra: ela falou mal do pograma porque a televisão do marido dela perdeu pro cêis no domingo naquela coisa de audiênça?
- É... pode ser.
- Ô gentinha despeitada, né doutô?

É... o Borba tem muito a ensinar pra muita gente!

Logo logo publico mais histórias e estórias do Borba.

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sexta-feira, 28 de maio de 2010

Realidade ou imaginação?

Dobradiças de portas que rangem sozinhas, passos misteriosos na escada, gritos e sussurros sem que ninguém esteja por perto, sombras enigmáticas. Esses têm sido alguns dos estranhos elementos com os quais tenho lidado ultimamente, desde que o “Assombrações” estreou no Domingo Espetacular, apresentado por mim. E esses fenômenos sobrenaturais viraram sucesso, tem registrado boa audiência e até terão mais episódios que o previsto inicialmente.

É... os mistérios da vida realmente despertam a mórbida curiosidade das pessoas. Já me peguei pensando que curiosidade é essa – os casos geralmente falam de mortes violentas, decapitações, assassinatos, fuzilamentos... enfim, de uma série de situações que, normalmente, não queremos presenciar pela violência que contém. Mas quando se trata de algum mistério envolvendo a história, pronto! A curiosidade fica aguçada.

Por várias vezes fui parado na rua por alguém que quis comentar um dos casos: “Nossa, aquela casa assombrada em Sorocaba deu medo”. Ou então: “Você sentiu alguma coisa mesmo quando entrou naquele porão de escravos?”. O mais engraçado é ouvir a frase “Eu morro de medo, mas não perco um programa!”

E confesso: ao gravar a locução da parte que compramos de um canal internacional, sinto calafrios ao imaginar as cenas e fico arrepiado dentro do estúdio de áudio. Mesmo tendo contato direto com o assunto, também me impressiono quando a edição pronta vai ao ar.

E apesar de ser meio cético e meio crente em relação a esse tipo de coisa, algumas sensações mexeram comigo durante a produção de algumas matérias. Numa fazenda em Laranjal Paulista, por exemplo, onde mostramos que os escravos que viveram ali há 200 anos ainda habitavam o local, senti uma energia muito forte ao entrar no porão em que muitos deles morreram. Um frio gelado me percorreu a espinha, e a sensação que tive foi a de que um grupo de escravos acoados estava me espreitando. Saí dali rapidinho.

Em outra gravação, na casa de um antigo engenheiro da ferrovia de Paranapiacaba, a senhora que nos servia de guia afirmou, categoricamente, que o espírito do dono da casa estava do nosso lado e não gostava da nossa presença ali. Em certo momento, uma cadeira de balanço se mexeu sozinha. Será que isso realmente aconteceu ou foi minha imaginação aguçada pelas gravações? Não sei afirmar ao certo.

Mesmo diante dessas situações, minha metade crente me faz respeitar essas supostas entidades que nos rodeiam nas reportagens. E nosso objetivo não é fazer com que nossos telespectadores acreditem nisso, é simplesmente deixar o julgamento do que é real e do que é ficção para quem está assistindo à história.

Lidar com estranhos acontecimentos, mistérios e casos sobrenaturais é fascinante. Me leva a uma viagem na qual o real e o irreal se confrontam a todo momento e me faz pensar que a vida humana é apenas um pequeno grão nesse universo cósmico de onde muito pouco ainda foi revelado.

Um das reportagens do quadro Assombrações, todo domingo no Domingo Espetacular

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terça-feira, 25 de maio de 2010

Homens maduros

Recebi esse texto por email e achei uma bela homenagem a nós, homens maduros. Gostaria de parabenizar a autora do texto pela forma tão ponderada e real com a qual tratou-nos. Divido com vocês esta preciosa reflexão sobre a maturidade masculina.

Por Lisiê Silva

Há uma indisfarçável e sedutora beleza na personalidade de muitos homens que hoje estão na idade madura. É claro que toda regra tem as suas exceções, e cada idade tem o seu próprio valor. Porém, com toda a consideração e respeito às demais idades, destacarei aqui uma classe de homens que são companhias agradabilíssimas: Os que hoje são quarentões, cinquentões e sessentões.

Percebe-se com uma certa facilidade, a sensibilidade de seus corações, a devoção que eles teem pelo que há de mais belo: O SENTIMENTO. Eles são mais inteligentes, vividos, charmosos, eloqüentes. Sabem o que falam, e sabem falar na hora certa. São cativantes, sabem fazer-se presentes, sem incomodar. Sabem conquistar uma boa amizade.

Em termos de relacionamentos, trocam a quantidade pela qualidade, visão aguçada sobre os valores da vida, sabem tratar uma mulher com respeito e carinho. São homens especiais, românticos, interessantes e atraentes pelo que possuem na sua forma de ser, de pensar, e de viver. Na forma de encarar a vida, são mais poéticos, mais sentimentais, mais emocionais e mais emocionantes.

Homens mais amadurecidos teem maior desenvoltura no trato com as mulheres, sabem reconhecer as suas qualidades, são mais espirituosos, discretos, compreensivos e mais educados. A razão pela qual muitos homens maduros possuem estas qualidades maravilhosas deve-se a vários fatores: a opção de ser e de viver de cada um, suas personalidades, formação própria e familiar, suas raízes, sabedoria, gostos individuais, etc...

Mas eu creio que em parte, há uma boa parcela de influência nos modos de viver de uma época, filmes e músicas ouvidas e curtidas deixaram boas recordações da sua juventude, um tempo não tão remoto, mas que com certeza, não volta mais. Viveram a sua mocidade (época que marca a vida de todos nós) em um dos melhores períodos do nosso tempo: os anos 60 e 70. Considerados as "décadas de ouro" da juventude, quando o romantismo foi vivido e cantado em verso e prosa. A saudável influência de uma época, provocada por tantos acontecimentos importantes, que hoje permanecem na memória, e que mudaram a vida de muitos. Uma época em que o melhor da festa era dançar agarradinho e namorar ao ritmo suave das baladas românticas. O luar era inspirador, os domingos de sol eram só alegrias. Ouviam Beatles, Johnny Mathis, Antônio Marcos, The Fevers, Golden Boys, Bossa Nova, Morris Albert, Jovem guarda e muitos outros que embalaram suas "Jovens tardes de domingo, quantas alegrias! Velhos tempos, belos dias." Foram e ainda são os Homens que mais souberam namorar: namoro no portão, aperto de mão, abraços apertadinhos, com respeito e com carinho, olhos nos olhos tinham mais valor...

A moda era amar ou sofrer de amor. Muitos viveram de amor... outros morreram de amor...
Esses homens maduros de hoje, nunca foram homens de "ficar". Ou eles estavam a namorar pela certa, ou estavam na "fossa", ou estavam sozinhos. Se eles "ficassem", ficariam para sempre... Ao trocar alianças com suas amadas, junto com Benito de Paula, eles cantaram "Mulher Brasileira, em primeiro lugar!"

A juventude passou, mas deixou "gravado" neles, a forma mais sublime e romântica de viver. Hoje eles possuem uma "bagagem" de conhecimentos, experiências, maturidade e inteligência que foram acumulando com o passar dos anos. O tempo se encarregou de distingui-los dos demais. Deixando os seus cabelos cor-de-prata, os movimentos mais suaves, a voz pausada, porém mais sonora, hoje eles são homens que marcaram uma época.

Muitos deles hoje "dominam" com habilidade e destreza essas máquinas virtuais, comprovando que nem o avanço da tecnologia lhes esfriou os sentimentos pois ainda se encantam com versos, rimas, músicas e palavras de amor. Nem lhes diminuiu a grande capacidade de amar, sentir e expressar seus sentimentos. Muitos tornaram-se poetas, outros amam a poesia. Porque o mais importante não é a idade denunciada nos detalhes de suas fisionomias e sim os raros valores de suas personalidades. O importante é perceber que os seus corações permanecem jovens...

São homens maduros, e que nós, mulheres de hoje, temos o privilégio de pode admirá-los!

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domingo, 16 de maio de 2010

Cães: melhores que muita gente por aí!

Vendo uma matéria no Domingo Espetacular nesse findi, sobre um serial killer de cachorros, me pergunto: o que leva uma pessoa a cometer tamanha crueldade? Esse tipo de gente, pra mim, deveria ter uma punição ainda maior do que assassinos de pessoas. As pessoas ainda tem a chance de se defender. Contra cães é uma covardia ainda maior, uma barbaridade. Porque tirar a vida de um animal que, quando muito, nos incomoda apenas com latidos e lambidas? Tá bom, eles também mordem, mas só quando acoados, judiados por nós, humanos. Deixemos eles no seus cantos e não sofreremos nada. E o que a justiça pode fazer com esse "animal" que está matando os cães? Talvez nada, talvez uma repreensão. Cães não são bichos em extinção, então isso não se caracteriza crime ambiental. Mas deveria ser! Maus tratos? Já viram alguém ser punido por isso?

Outro dia entro no elevador do meu prédio e vejo um alerta do síndico: "De acordo com ítem tal, do capítulo tal, do estatuto do condomínio, cães não podem mais circular por áreas de uso comum do prédio, devem descer apenas pelo elevador de serviço e no colo dos seus donos". Pura discriminação! Que mal faria um pequeno caozinho - no meu prédio só tem animais pequenos - descer pelo elevador social. A Ninna e a Mell , nossas yorkshire, sempre foram tratadas com carinho por todos do prédio por serem dóceis demais. E dormem em nossa cama. Agora, foram marginalizadas. Talvez por alguém que não goste de cães. Talvez por aquela entojada do sei-la-qual andar que nunca entrou no elevador quando elas estavam com a gente. Deveriam é proibir gente como essa moradora de subir com nossos cães no elevador. Gente desse tipo causa mal a eles. E à nós. Gente desse tipo tinha de descer pelo elevador de serviço e ser proibida de andar pelas áreas comuns quando nossos cães estiverem por ali.

Pra quem não sabe, cães ajudam pessoas a se curar de doenças, são excelentes companhias para idosos e, com seu faro, são capazes de identificar vários tipos de câncer, encontrar pessoas soterradas, drogas e são os únicos seres que não guardam rancor, máguas, não são vingativos. Os cães não precisam que você seja rico, que seja importante ou more numa mansão. Basta lhes atirar um graveto ou dar um pouco de carinho e eles lhes serão gratos pra sempre. Dê lhes uma bronca e, mesmo assim, eles vão abanar o rabo pra você no primeiro estalar de dedos. E vão sempre te esperar de orelhas baixas e olhar ansioso sempre que você estiver pra chegar em casa. Que outro ser teria tanta abnegação?

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segunda-feira, 10 de maio de 2010

Me alugue algo sem me alugar muito!

Estive dando uma olhada em apartamentos e casas em sites de imóveis na internet. Acho que as imobiliárias virtuais deveriam colocar seus corretores para fazer um curso de fotografia pois o que se vê nas páginas é algo entre o bizarro e o ridículo.

Deixa eu explicar melhor. Vejo o anúncio "Lindo apartamento em Perdizes, todo decorado. Maravilhoso" e clico nas fotos - uma série de 6 - e fico maravilhado com:

- o vaso sanitário sem tampa com um pedaço de papel higiênico (não sei se usado) boiando na água;
- a maçaneta da porta do quarto-não-sei-qual;
- a janela fechada da suíte master;
- o rodapé do lavabo;
- o pendurador de toalhas do banheiro social;
- a coifa engordurada da cozinha;

Como é que eu vou alugar, ou sequer me propor a visitar um "lindo apartamento em Perdizes" se nem consigo ver de que tipo é o piso da sala? É uma sequência de anúncios que até chamam a atenção mas desanimam nas primeiras duas fotos que você abre.

Aí tento outro "com bela lareira". SENSACIONAL! Mas só a foto dos gravetos queimados e a fuligem na lareira. A foto não mostra nem onde fica nem o tamanho da boca da lareira. Aí você chega lá e mal consegue colocar dois hashi (pauzinhos de comida japonesa) pra acender o fogo. Tenha paciência!

Quando vim para São Paulo no início do ano passado cumpri uma verdadeira via-sacra de visitas a apamentos pra alugar. Acho que além do curso de fotografia, os corretores também deveriam fazer um curso de "Entenda Direito o Que o Seu Cliente Quer". Eu era bastante claro: "quero varanda, 3 quartos, sendo um suíte, sala e cozinha amplos. Ah, tem que ter piscina e vaga pra dois carros. NÃO ME MOSTRE NADA QUE NÃO TENHA ESSAS CARACTERÍSTICAS! COMBINADO?". Foi como se eu dissesse que NÃO QUERIA NADA DISSO.

Chega um gordinho com agenda nas mãos (todos eles carregam uma agenda nas mãos) e partimos pro primeiro de 5 apês que iríamos olhar. Diz ele "Esse aqui é exclusivo, primeira locação, novinho. E o aluguel é uma bagatela". Ao abrir a primeira janela dou de cara com o vizinho do prédio ao lado cortando as unhas na varanda. Juro que uma lasca pulou no meu ombro tamanha a proximidade dos edifícios. É difícil, viu! Não quis nem ver o resto.

Na verdade a gente tinha de receber um prêmio depois de conseguir alugar um apê. "Prêmio Paciência do Ano", porque haja saco pra olhar o monte de porcaria que as empresas querem desencalhar em cima da gente.

Olha, cansei. Não aguento mais ver o fundo da cuba da pia da cozinha, o canto do piso do quarto de hóspedes, a porta cheia de cupim do armário embutido. CHEGA! Ou os corretores aprendem a fotografar ou vou procurar imóvel em sites pornográfico. Pelo menos ali eles mostram tudo!

Abaixo algumas fotos incríveis de imóveis anunciados na net.

Esse dizia "dormitórios de alto luxo". Onde?

"Tomadas incríveis neste imóvel (as elétricas)"

Esta mostra que o box é para magros (bem magros)

"Sensacional porta de armário"

"Bela vista para a vizinha trocando de roupa"

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quinta-feira, 6 de maio de 2010

Essa vaga é minha. Ninguém me tira daqui!

Criar filhos é uma das sensações mais indescritíveis do mundo. Principalmente quando eles não são do seu sangue, não foi você que colocou no mundo. Quando é assim, a gente tem um sério adversário: o próprio pai biológico que, mesmo que seja ausente, talvez tenha mais direitos que você. Brigar por essa vaga, nessas circusntâncias, torna a missão ainda mais saborosa.

No meu caso, apesar de ter convivido com minhas duas filhas de criação menos tempo do que queria, mas muito mais tempo do que o progenitor, sempre me bateu um certo medo de descobrir que, por mais que eu tenha feito tudo direitinho, elas gostassem mais dele. Ou gostassem igual. Por isso nunca tentei bancar o pai e sim o amigo, aquele que ouvia mais do que falava, que criticava com bom senso, que não punia mas orientava, que nunca gritava mas mostrava sua indignação de forma discreta, que nunca impunha, apenas discutia democraticamente. Em alguns momentos sei que até escorreguei nisso e ultrapassei os limites da minha autoridade. Mas todas as vezes em que isso aconteceu foi por um bom motivo: por me preocupar demais e amar essas meninas.

Eu nunca quis que elas me chamassem de pai. Talvez pudesse chocar o outro, criar algum desconforto. Por causa delas, sempre frequentamos a casa dos avós, pais dele, e isso evitou situações que poderiam ser constrangedoras diante de uma família que não era minha. Nesse ambiente, até mantinha certa distância em termos de tratamento com elas para não despertar ciúmes. Hoje vejo o quanto eu queria que elas me chamassem de pai tamanho o amor e carinho que sinto emanar de seus corações e do meu, reciprocamente.

Ao ser comunicado do casamento da mais velha, veio à mente a minha primeira preocupação: quem vai entrar com ela na igreja? Será que eu poderia brigar por isso? Será que tenho esse direito? Deixei-a decidir! E a decisão não poderia ser mais sensata - "entro com um de cada lado". Mas ao vê-la caminhar em nossa direção, entendi que isso significava uma divisão apenas de acomodações, não de sentimento. Entendi pelo seu olhar que, naquele momento, para ela existia apenas uma pessoa ali. E senti que esse pai verdadeiro era eu.

Eu tinha 26 anos e elas 3 e 6 quando as conheci. Hoje elas tem 22 e 25. Foram 10 anos juntos sob o mesmo teto e até hoje nos vemos e falamos constantemente. Levar a mais velha ao altar naquele dia me fez ter a certeza de que sou o único pai - pelo menos o único que deu amor, carinho, companheirismo, compreensão e conselhos. Fui o único que presenciou seus momentos mais importantes e estava ao lado delas quando precisaram. E acredito que ainda seja o único a receber ligações quando precisam de um ombro amigo.

Uma coisa é certa: a explicação do porque tenho duas filhas nessas idades, aos 45 anos, já não é mais necessária há muito tempo - são minhas filhas e ponto final. O medo de descobrir de quem elas gostam mais, também já não existe - essa certeza carrego comigo e ninguém me tira. E o mais importante: a emoção que senti sentado diante da capela é o sentimento mais forte que já tive nessas quatro décadas de vida. O que elas me dizem com seus olhares e atitudes me dão a certeza de que essa vaga de pai é, sempre foi e sempre será minha. Ninguém mais me tira!

Obrigado meninas por terem aparecido na minha vida tão cedo e me ensinado as delícias de ser pai.

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sábado, 24 de abril de 2010

Meiguice que contagia

Diz aí: sou ou não sou meigo?

Nunca vi, nesses meus 45 anos de vida, uma atitude que contagiasse tanto as pessoas. Falo da foto do Governador Serra na capa da Veja. A pose tipo "político-carente-precisando-de-voto" desperta carinho até nos mais sisudos machões (será mesmo?).

Se bem que, quem conhece nosso governador de perto sabe que ele não todo meiguice como demonstra na foto. Eu mesmo já tomei algumas patadas em coletivas ao lhe fazer perguntas um tanto indigestas. Mas também não é nada que magoe... Serra tem seu lado cativante quando está de bom humor (o que é raro!).


O mais engraçado de toda essa situação é que a pose tem sido repetida em todos os confins desse Brasil. Aqui mesmo na Record o Facebook de dezenas, centenas de colegas, foi invadido por fotos pessoais de maozinha no rosto e olhar lânguido pedindo cafuné. Mas não é só aqui não. No Twiter então, parece que só vejo posts de uma mesma pessoa, tamanha a quantidade de gente que decidiu adotar a mesma meiguice - uns com a mão direita colada ao rosto, outros com a esquerda, não importa! O que vale é saber fazer aquele olharzinho de cachorro pedindo comida. Pena que a gente não consiga baixar as orelhas como os cães.

Agora, se depender do número de simpatizantes que Serra ganhou com essa languidez toda, a eleição tá no papo (a de candidato meigo, claro). Ao contrário de Dilma que tem feição mais de mulher-mal-amada do que sogra viúva que mora com a filha e o genro. Quero ver a dama do PT vencer essa competição. Nâo me refiro à eleição e sim a de "candidato mais meigo do ano". E olha que não vale botox nem photoshop. Vai lá Dilma, amolece ai!

E só pra não ficar de fora, lá vai a minha pose "meiguice-a-toda-prova". Vamos ver se ganho do Serra.

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quarta-feira, 21 de abril de 2010

VIVA O HORÁRIO ELEITORAL NA TV!

"Nossa proposta vai mudar o país. Queremos mais dignidade, mais saúde, mais educação para o povo brasileiro. Precisamos acabar com a corrupção e limpar o congresso dos maus políticos. Nosso partido esta aí pra isso. Na hora de votar escolha gente do PPRTBGD e viva num país melhor".

Pois é, o mesmo lega-lenga de sempre retornou à propaganda eleitoral na TV. Quase todos os partidos tem essa premissa aí de cima como diretriz da campanha. Eles não são nem criativos para fazer algo diferente, afinal esse discurso é o mesmo que a gente vem ouvindo há séculos, o mesmo bla-bla-blá. Quem não conhece o Brasil até acredita que essa cambada vai à televisão falar sério. E o pior é que até eles mesmos acreditam que estão falando sério.

Mas o pior ainda está por vir: a campanha eleitoral que começa em julho e vai ocupar horários preciosos da tv com as maiores asneiras que a gente pode ouvir. Me dá até nojo saber que essa programação tá chegando. Graças ao bom Deus existe TV a cabo e controle remoto.

Fico imaginando que coragem esses políticos tem de ir à televisão pedir voto com toda a bandalheira que acontece na política desse país. "Eu prometo isso, prometo aquilo, vou lutar por isso e por aquilo...". Meus Deus, isso me dá ânsia de vômito! Mais indigesto ainda é ver políticos de carteirinha com processos nas costas e envolvidos em escândalos bradando essas frases.

Ser político hoje não é mais como antigamente. Vejam só: anos, mas muitos anos atrás, o "nobre" deputado entrava num restaurante e vinha aquela horda de garçons pra acompanhá-lo até a mesa, escolhida no melhor lugar da casa. O vinho era sempre cortesia. Não se podia pagar com cheque, mas o deputado podia. E o atendimento era o melhor e mais eficiente. Hoje, jogam o cara numa mesinha lá do fundo, depois dele esperar uma hora na fila. Pagar com cheque, nem pensar. É cartão de débito ou dinheiro com direito a conferencia de falsificação. Não tem mais vinho de cortesia e o atendimento é feito pelo garço mais lento da casa. O nobre depurtado ainda cochicha no ouvido do maitrê, na saída, "Não conta pra ninguém que eu vim aqui, tá? Senão vão investigar minhas contas".

A coisa tá tão decadente pros políticos brasileiros que outro dia, numa briga de rua, um cara chamou o outro de "seu político de Brasília". Noooossa, o cara ficou irado com isso, babava de raiva. Po, também né, chamar um cara de político? Puta ofensa meu!

E agora tá em discussão essa lei da ficha limpa. Aí também já é querer demais, né? Ja pensou em proibir de concorrer nas eleições todo político que tem algum processo nas costas? Vai sobrar muuuuuita cadeira vazia no congresso nacional! E quem a gente vai xingar depois? Quem é que vai receber os milhões de reais que o governo distribui no mensalão? Pra quem as empresas vão pagar propina pra aprovarem projetos? MEU DEUS, VAI SER UM CAOS!

A sorte desse povinho de Brasília, e também das câmaras municipais, assembléias legislativas, prefeituras e governos estaduais, é que o voto no Brasil é obrigatório. Se não fosse, ia ter muita gente entregando curriculo por ai depois das eleições. E ainda mais surpreendente que isso, e que nem é tão surpreendente mais, é que ainda se troca voto por conta de luz, dentadura, cadeira de rodas e saco de feijão. É quase uma volta ao escambo - pelo menos naquela época os políticos eram menos desonestos. Será que isso um dia existiu?

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quinta-feira, 8 de abril de 2010

Festa estranha com gente esquisita!

O que faz sucesso lá fora, faz sucesso aqui também. Pena que é tudo um lixo!

O Brasil tem mania de importar atitudes e culturas de outros países que não passam de baboseira. Estava lendo uma notícia no site da Folha que exemplifica bem isso. Primeiro você escolhe uma danceteria qualquer, uma bem grande que caibam umas 600 pessoas. Entregue a cada um que entra um fone de ouvido sem fio. Coloque alguns DJs pra animar a festa e pronto, a baboseira está completa. Quem não pegou fone de ouvido (porque só tinha uns duzentos) ficou com cara de abobado vendo um monte de gente pulando e cantarolando refrões sem um pingo de som no ambiente. Claro, a música estava só nos fones de ouvido (leia aqui a reportagem).

Esta "nova tendência" (onde, se ocorreu apenas uma festa dessas por aqui?) é chamada de Silent Party e foi importada de danceterias na Europa (claro, onde mais poderiam ocorrer besteiras como essa?). Eu não fui, mas só de imaginar me parece muito ridículo. É como ver aquelas pessoas em lojas de CD, ouvindo o que quer comprar e cantarolando alto sem saber que está sendo ouvido. E aquele mané que coloca um fone e começa a gritar no seu ouvido "NOSSA, ESSE SOM É MUITO MASSA!!" Cara, é muito chato isso. Além do mais, como é que você vai chavecar uma mina se ela nem vai ouvir o que você vai falar? Bom, em alguns casos é nem melhor ouvir mesmo!

Mas não é só esse tipo de festa que importamos. Alguém já participou da Pillow Fight, em bom portugues, Guerra de Travesseiro? Tão emocionante quanto. Junta-se um bando de doidos, alguns que até capricham vestindo pijama e pantufa, e ao grito do "um, dos três e já" começam a trocar travesseiradas até voar pena pra todos os lados. Indescritível, não? Os pais é que devem adorar ter de renovar a frota de travesseiros da casa depois.

E a tal da Flash Mob então? "Nossa, muito massa meu!". De repente você está no metrô e um bando de malucos liga um três-em-um-portátil e começa a pular, dançar e cantar na sua frente. A festa acaba na próxima estação. Ou senão, um grupo de protesto entra correndo numa repartição pública, tira a roupa, grita algumas palavras de ordem, veste a roupa e sai com a mesma velocidade que entrou. E nem rola uma surubinha!

É tudo coisa de gente que não tem o que fazer, acha essas besteiras na internet e "importa" pra cá. Agora, uma regra: tem que usar o nome em inglês pra ficar mais maneiro. Afinal ninguém ia querer ir numa "Festa do Silêncio", na "Guerra dos Travesseiros" ou numa "Mobilização Rápida".

Uma coisa é certa e eu apoio: deveriam adotar a moda da Silent Party em todos as comemorações em condomínios. Aliás, a lei do Psiu em São Paulo deveria obrigar esse tipo de festa em locais de moradia coletiva. Só assim a gente teria mais sossego em dia de aniversário.

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quarta-feira, 31 de março de 2010

De filho para pai

Toda vez que recebo algo interessante pelo email (o que nem sempre acontece), gosto de dividir com meus leitores. Abaixo um texto elucidativo e verdadeiro.

Por Herbert Pessoa

"Vida de pai está cada vez mais difícil. Uma simples conversa com o filho pequeno pode gerar perplexidade. O diálogo de João Pedro com seu filho, de 10 anos, pode servir como prova desse fosso entre as gerações.

- Que você vai ser quando crescer, filho?

- Presidente da República, pai.

- Puxa, filho, que legal. Mas por quê?

- Pra não precisar estudar.

- Não, filho, não é bem assim. Precisa estudar muito.

- Então quero ser vice-presidente.

- Vice, filho? Por quê?

- Pra não precisar estudar. O José de Alencar também só foi até a quinta série primária. Já posso parar.

- Não é assim, filho. Ele trabalhou muito e aprendeu.

- Pai, todo mundo que se dá bem não estudou: o presidente, o vice, a Xuxa, o Kaká, o Zeca Pagodinho...

- É que eles têm um talento...

- Ah, entendi, estudar é para quem não tem talento?

- Não, filho, pelo amor de Deus. Artista é diferente.

- O presidente e o vice não são artistas.

- Não, quer dizer, o presidente, de certo modo, até é.

- Se eu estudar, vou ganhar mais do que o Kaká?

- Menos.

- Ah, é? Então quero ir já para a escolinha.

- Você já está numa boa escola, filho.

- Quero ir pra escolinha de futebol.

- Não, filho, você precisa estudar muito. A escola abre caminhos para as pessoas. Pode-se viver dignamente. Filho, você precisa ter bons valores. Pense numa profissão, numa coisa honesta e que seja respeitada. Não quer ser médico, dentista ou, sei lá, engenheiro?

- Não. De jeito nenhum. To fora, pai!

- Mas por que, filho?

- Eles nunca vão ao Faustão.

- Isso não tem importância, filho. Que tal bombeiro?

- Vou querer ser astronauta ou jornalista.

- Hummm... Jornalista? Por que mesmo, filho?

- Não precisa mais ter diploma pra ser jornalista. Mas... Pensando melhor, acho que vou querer ser corrupto.

- Meu Deus, filho, não diga isso nem de brincadeira!

- Na TV disseram que ninguém se dá mal por causa da corrupção e que tudo sempre termina em pizza. Adoro pizza. Quando for corrupto, pedirei só de quatro queijos.

- Ser corrupto é muito feio, meu filho.

- Ué, pai, se é feio assim, por que Brasília está cheia deles e quase todos conseguem ser reeleitos?

- É complicado de explicar, filho. Mas isso vai mudar.

- Quero ser corrupto e praticar nepotismo.

- Cale a boca, filho, de onde tira essas barbaridades?

- É só olhar a televisão, pai. O Sarney pratica nepotismo e é presidente do Senado. Ninguém pode mexer com ele.

- Mas você sabe o que é nepotismo, filho?

- Sei. É empregar os parentes da gente.

- E você quer fazer isso?

- Claro. Assim ia acabar com os vagabundos da família. Se eu te arrumar um emprego você deixa?"

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segunda-feira, 29 de março de 2010

Cuidado! O feitiço pode se voltar contra o feiticeiro.


Durante uma semana inteira, assistimos a exaustiva cobertura do julgamento dos Nardoni, agora sim assassinos confirmados da menina Isabella. Eu disse confirmados? Sim, é verdade. Também torci por essa sentença. Mas se foram eles mesmos, ninguém nunca saberá ao certo, a não ser os próprios réus. O que vimos, na verdade, foi uma vitória do improvável, a inocência deles, contra o constatado - que não havia mais ninguém no apartamento que pudesse ter feito tamanha crueldade.

Mas deixando os méritos do julgamento de lado, todos nós assistimos a uma horda de curiosos vindos de todas as partas do país, interessada em acompanhar de perto o que acontecia no fórum. Estudantes de direito e jornalistas, tudo bem, tem sua curiosidade perdoada e justificada. Agora, os demais, gente que não tem nada a ver com o caso, ficar aglomerada na porta do fórum, dia e noite, me pareceu mais um bando de vampiros a espera de um sanguinho pra chupar. O que estaria fazendo ali alguém que veio da Bahia pra nem conseguir entrar lá senão fosse apenas uma curiosidade mórbida e despropositada?

Mais uma vez, o que me parece, é a confirmação de que o brasileiro tem mesmo um desejo efervescente pela desgraça alheia, uma atração pelo deboche, uma necessidade de ver alguém se ferrar nesse país. Quer um exemplo bem grotesco? Porque as chamadas vídeo-cassetadas tem audiência? Porque, é lógico, sempre tem alguém que se ferra nelas. Porque, em final de novela, a audiência redobra quando a vilã ou o vilão são desmascarados? Porque esses programinhas sanguinários que mostram gente esfaqueada, baleada, retalhada, trucidada... tem bom público? Porque é muito fácil vibrar com a desgraça dos outros quando se está confortavelmente sentado no sofá de casa.

Acho que não só o brasileiro, mas gente do mundo inteiro, vê nesse tipo de chacota de terceiros um motivo para acreditar que sua própria vida é uma maravilha. "Putz, os Nardoni se ferraram. Ainda bem que na minha família não acontece isso". Esse tipo de coisa não me parece um desejo de que a justiça seja feita mas sim de que "eles que se ferrem, não eu".

O curioso é que não há essa mesma vibração quando algo de bom acontece, ao contrário da condenação de alguém por um crime, que nem sempre podemos considerar que seja "algo de bom". Seria melhor que não tivesse acontecido esse crime. Porque ninguém vibra, por exemplo, com notícias positivas como a queda da inflação, abertura de novos empregos, aumento do salário mínimo?

Precisamos repensar se o que nos faz feliz é vibrar porque algo bom nos aconteceu ou por algo ruim que aconteceu com os outros. Desejar ou torcer pela desgraça alheia pode ser, um dia, um feitiço virado contra o feiticeiro.

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