quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A METADE QUE VALE O INTEIRO

Vai aí uma pizza meia-roubo, meia-assalto?

Não se pode queixar de muitas coisas do Brasil. Nosso clima é maravilhoso, não temos terremotos, maremotos, tornados, vulcões. Temos alguns desastres sim, mas eles acontecem mais na nossa política do que na natureza. Uma pena é que quando acontecem só na natureza, algumas pessoas morrem. Mas, deixando de lado essa parte vergonhosa do país, vamos ao que realmente merece reclamação.

Costumo sempre sair para almoçar, lanchar ou jantar e reparei numa coisa, no mínimo, ultrajante. Aliás, essa questão, por pura coincidência, foi debatida esses dias num programa de notícias numa FM paulistana. Me refiro aos preços nos cardápios. Alguns restaurantes e lanchonete nos dão a opção de meia porção. Aí você ve ali, no cardápio: Filé a Romana (por exemplo), R$ 35,00. Meia porção do mesmo prato, R$ 32,50. Aí o que você pensa? Poxa, se a diferença é apenas R$ 2,50, vou pedir a maior. Essa é uma malandragem que os estabelecimentos fazem com a gente. Não seria mais justo, honesto, cobrar metade do valor? Vamos ser mais corretos ainda: seria de bom tamanho cobrarem 60% do valor na meia porção. Não acham?

Seria, mas não é isso que acontece. Infelizmente, a impresão que dá é de que os donos dos restaurantes estão rindo da nossa cara e dizendo "Come aí, seu trouxa, vou lucrar de qualquer jeito em cima de você". Vejo isso acontecer muito também com garrafas de vinho. A normal, com 700 ml, custa 60 reais. A meia-garrafa, com 350 ml, 45 reais. E o pior... a taça não sai por menos que 18 reais. Se uma garrafa normal abastece, em média, 4 a 5 taças, o preço do vinho acaba custando o olho da cara.

Eu acabei adotando uma postura: quando vejo esse tipo de abuso nos lugares que vou, não volto mais. E ainda digo aos amigos que o lugar é um roubo. Não posso ser conivente com esse tipo de malandragem, por melhor que o atendimento e a comida sejam. Prefiro que eles sejam honestos - melhor eliminar a meia-porção do cardápio. Pelo menos nos sentiríamos menos trouxas.

Em pizzaria acontece uma coisa pior. Quando você pede meia isso e meia aquilo, acaba pagando o preço da pizza mais cara. Se você, por exemplo, pede meia mussarela (que é baratinha), meia shitake (mais cara), vai pagar o preço de uma pizza de shitake inteira. Se no meio da comilança, resolve pedir outra igual, vai pagar por uma pizza de mussarela inteira, o mesmo preço de uma de shitake. É mais uma demostração do deboche com que somos tratados por muitos donos de restaurante.

Aí me pergunto? Ninguém fiscaliza isso? Não há lei que proiba essa prática? Infelizmente não para as duas perguntas. O que nos resta fazer é evitar lugares assim logo que vemos isso no cardápio. O brasileiro precisa deixar de ser trouxa, coisa em que somos experts.

Dias atrás fiz uma reportagem mostrando que os serviços informais tipo cabeleireiro, lavanderia, pedreiro, encanador, pintor de paredes, mecânico, clínica de estética, etc... tiveram seus preços reajustados acima da inflação. Em alguns absurdos, o aumento no valor chegou a 40%. E olha que a inflação oficial, em doze meses, não passou de 6,20%. Então qual seria a explicação? Concretamente, nenhuma. Uns dizem que os produtos aumentaram, a matéria-prima aumentou, o passe de ônibus aumentou, etc. Sempre desculpas variadas. Mas na verdade, se esconde aí um receio que os anos e anos de política errada neste país encutiram na cabeça das pessoas. Ou seja: "vou aumentar um pouquinho mais aqui e ali porque, vai que a coisa aperta, né?". Em resumo, medo da velha e pavorosa inflação que, há muito tempo, deixou de assombrar nossa economia como assombrava nos anos noventa.

Pois é, nós réles consumidores e contribuintes, sempre vamos pagar o pato pela malandragem dos outros. Sejam esses outros comerciantes, empresários ou prestadores de serviços. Ah, os políticos? Esses nos roubam há tanto tempo que vamos sentir falta quando ele pararem (o que jamais vai acontecer)!

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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Que língua é essa??


 
Está cada vez mais difícil conversar com os jovens de hoje. O problema não são as incompreensões da vida e daquilo que tentamos lhes ensinar, mas sim a linguagem, que mudou muito de alguns anos pra cá. Sem contar na dificuldade de entender alguns termos que vieram com a internet, com as redes sociais. “Tio, posso te add no face?” Hein?? “Você vai tuitar mais tarde pra eu dar RT?”. “Pô, vou dar um block no cara. Ele follow me só pra azucrinar”. Caraca, se eu não tivesse em dia com as novas mídias digitais eu não ia entender “patavina”.

Mas fora da internet, a conversa também fica complicada com quem tem, pelo menos, metade da sua idade. Imagina sua filha pedindo pra você: “Véi, quando voltar do trampo, passa no shoppis e me traz um gloss?” Isso quer dizer: Pai, quando você voltar do trabalho, passa no shopping e me traz um brilho labial?

O mais legal é a habilidade que nossos jovens tem hoje de criar seu próprio dialeto. Para estar atualizado com o que se fala por aí, basta decorar a listinha abaixo:
·     
    Obrigado = Valeu!
·   Collant (roupa) = body
·   Corôa (pai) = véi
·   Bailinho = balada
·   Paquerar = dar mole
·   Oi, olá, como vai? = e aê?
·   Cópia, imitação = genérico
·   Curtir, zoar = causar
·   Mãe vou sair = véia, fui!
·   Legal, bacana = manêro, irado
·   Legal o negócio = xapado o bagúio!
·   Mentira = Kaô
·   Faz um favor = quebra essa
·   Entendeu? = tá ligado?
·   Com responsabilidade = na moral
·   Gafe = mico
·   Ha ha ha = ushuaushuaushua
·   Ir embora = vazar
·   Te falar algo = te dar uma letra
·   De montão = pracarái
·   Idoso = tiozinho
·   De jeito nenhum = nem fudendo

E tem muito mais. Chega até ser engraçado presenciar um diálogo entre essa molecada de hoje: “Pô véi, a balada de ontem tava irada, ta ligado? Mó agito. Entornei uma Absolut, sacou. Xapado o bagúio!”. E aê, tu não foi dá um rolê não? Se liga véi, bodiei. Fiquei na home, suave!”. Acho que deveriam lançar um dicionário para quem nasceu nos anos sessenta e setenta, entender quem veio no final dos oitenta.

Mas chega de causar aqui! Vô vazar porque essas idéia tá ficando desconeta. Quem quizé colá o zóio em outras letra que vô dá aqui, é só ficar na moral, tá ligado? Fui!

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