segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Ídolos que inspiram e motivam

Entrei para o jornalismo sem nunca ter pensado em seguir essa carreira. Eu era gerente de uma livraria e tinha acabado de trancar matrícula num curso de arquitetura. Mas quando pisei num estúdio pela primeira vez, senti que aquele ali era meu lugar. O mundo das redações também sempre me encantou e quase tive um troço quando visitei o jornalismo da Globo, lá pelo fim dos anos oitenta, quando eu começava a carreira num emissora afiliada. Naquela época Willian Bonner era um garotão como eu, trajando tênis, calça jeans e camiseta surradas. Passou por mim carregando um monte de fitas U-matic (sistema de gravação usado na época) cantarolando alguma coisa. Aquele mundo era meu sonho, eu anseava fazer parte de uma grande emissora um dia. Quando vi Bonner assumir o Jornal Nacional há 13 anos, aquilo me trouxe mais esperanças ainda. Ele chegou lá e eu tinha a certeza que também poderia chegar.

Assim como qualquer pessoa faz quando está desenvolvendo sua carreira, procurei me inspirar em alguém. Não para copiar seu estilo, seu modo de fazer. É apenas uma forma de dizer pra gente mesmo "quando eu crescer quero ser que nem esse cara". Essa pessoa era Celso Freitas. Sempre admirei sua postura, sua entonação e o grave da sua voz. Gostava também de Cid Moreira, mas o achava um tanto teatral - maravilhoso, mas não o perfil que eu queria seguir. Celso era mais o meu modelo de profissional.

Havia também Marcos Hummel, igualmente profissional mas de um estilo diferente. Preciso, coeso, seguro e sem inventar caras e bocas como outros. Foi nesses dois em que eu, na casa dos meus vinte e poucos anos de idade, me espelhava sem jamais imaginar que estaria ao lado deles um dia. Passei boa parte da minha vida acompanhando suas apresentações nas emissoras pelas quais passaram.

Quando entrei para a Record em 2006, em Santa Catarina, já com quase 20 anos de jornalismo nas costas, fui contratado para ser editor chefe e apresentador de um telejornal local. Anseava algo maior, mas também não imaginava que isso viria tão rápido. Meu maior presente foi ser convocado para passar uns dias na sede da emissora, em São Paulo, quando virei repórter de rede do Jornal da Record. Foi a primeira oportunidade de estar próximo daqueles que conduziram minha inspiração profissional.

Hoje é uma dádiva e uma honra poder ocupar, ocasionalmente, o lugar desses que, de certa forma, ajudaram a me tornar o profissional que sou hoje. Quando sento na bancada do Jornal da Record, agradeço, em silêncio, ao titular daquele lugar, ao grande Celsão (como o chamo hoje com a intimidade a que me permito pela amizade). Agradeço igualmente a Deus que permitiu que eu chegasse até ali. Também agradeço pela convivência diária com Hummel e nos momentos de bate papo na redação com ele que sempre me acrescentam algo.

O que relato aqui não é "puxasaquismo" nenhum muito menos deslumbramento pelo meio em que vivo hoje, até porque já passei da idade de ter esse tipo de sentimento. Só quis expressar a importância de termos exemplos a seguir, de admirar profissionais que possam nos ensinar algo, mesmo que distantes. Hoje, fico honrado quando estudantes ou jornalistas recém-formados declaram sua admiração pelo meu trabalho. Procuro, dentro do possível, inspirá-los e mostrar-lhes a importância de termos determinação e perseverança naquilo que fazemos. É uma forma de retribuir aquilo que fizeram por mim o Celso, o Hummel e tantos outros profissionais que me inspiraram e motivaram, me incentivando a buscar o que eu sempre quis.

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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Do apagão às compulsões

Acompanhe abaixo algumas das minhas últimas reportagens, exibidas pelo Jornal da Record.

Compulsão Compras - quando o consumo demasiado vira doença
http://videos.r7.com/saiba-quando-a-compulsao-consumista-e-doenca/idmedia/117b70c598a76be8f1867f0602b0136d.html

Compulsão Eletronicos - fanatismo por celulares, notebooks e internet pode ser patologia
http://videos.r7.com/compulsao-por-objetos-eletronicos-pode-virar-dependencia-/idmedia/2471784721f2868cbdfb68f07773c39d.html

A Fazenda 2 - a expectativa antes da estréia
http://videos.r7.com/confira-domingo-a-estreia-de-a-fazenda-/idmedia/c9110799a4c95843178987d96e8b5b56.html

Natal mais barato - queda do dólar faz natal ficar mais barato
http://videos.r7.com/queda-do-dolar-deixa-a-mesa-de-natal-do-brasileiro-mais-farta/idmedia/8fdb1930899a1d0a7008dda05b06300d.html

Apagão - a noite em que SP parou na escuridão
http://videos.r7.com/transporte-publico-parou-com-o-apagao/idmedia/4092f665a3485e2f49f4b7b82adbd758-1.html

Assalto Monitorado - advogado avisa polícia de assalto em sua casa mas bandidos escapam
http://videos.r7.com/advogado-flagra-pelo-circuito-interno-de-cameras-ladroes-assaltando-a-sua-casa/idmedia/d1c19ac3fdcc4e27211e2297a1310cbb.html

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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A cultura do fútil e as celebridades efêmeras

Até agora, eu tinha relutado em falar qualquer coisa sobre a tal da Geisy, aquela do vestidinho, da Uniban. Acho que a barbaridade regitrada lá não merecia tanta atenção assim. Primeiro por se tratar de uma estupidez tremenda dos alunos que protagonizaram a baixaria contra a menina. Segundo por achar que a mídia já deu importância demais ao fato. Estou sempre em ambiente de faculdade dando palestra e já cansei de ver por ali menininhas cuja mini-saia cobre apenas 20 centímetros de corpo entre o umbigo e as cochas. E nunca vi nenhuma retaliação a elas por causa disso.

A garota tá na dela, conseguiu seus momentos de fama e está aproveitando isso - aparecer em programas de TV, convites para posar nua em revistas masculinas, para desfilar em escola de samba e sabe-se lá o que mais. O que dá certa náusea é a atenção que a mídia tem dado a ela. E cada vez que uma coisa dessas acontece, vejo o quanto nossa cultura é pobre, sem valores, fútil e vazia.

Mas não é de se estranhar. Essa coisa de pegar alguém que participou de algum episódio ridículo e alçá-lo a "star of the moment" vem de muitos anos atrás. Alguém se lembra da Rose Fogueteira - aquela que lançou um rojão sobre a cabeça do goleiro Rojas, durante partida entre Brasil e Chile em 1989? Pois é, também fotografou para a Playboy, participou de programas de TV e desapareceu com a mesma velocidade com que surgiu, alguns meses depois.

E há ainda as indigestas mulheres frutas que tem apenas o traseiro grande no lugar do talento, o (ou a) Lacraia da Eguinha Pocotó e os incontáveis "famosos quem mesmo?" que passaram pelos BBB. Um bando de desconhecidos que tiveram menos de um ano de fama mostrando que o público os troca logo logo por qualquer outra celebridade efêmera que protagonizar qualquer besteira. As que ainda estão por ai, exibindo suas "habilidades" pelos programas de TV, já estão com os dias contados.

Mas toda essa horda de reis e rainhas da futilidade estão cumprindo seu papel que é de permanecer o máximo de tempo em evidência e aproveitar seus momentos de fama e ganhar algum dinheiro, pois sabem que eles acabarão em breve. Não os culpo. O que me repugna mais são os programas de TV, as revistas, os jornais e a mídia eletrônica que valorizam demais esse tipo de gente. Mas porque? Porque isso dá audiência. E porque dá audiência? Porque nossa cultura é pobre. Ninguém quer saber qual o real motivo do apagão, mas em qual programa a Geisy vai aparecer de novo. Ninguém quer saber das vítimas da enchente no Rio mas querem assistir a Mulher Melancia rebolando e cantando (cantando?) com aquela voz esgarniçada em algum palco.

Por isso o Brasil é o que é. Nimguém sabe o nome de qualquer pesquisador que está desenvolvendo vacinas para a cura da AIDS, mas conhece todos os integrantes do último big brother. O criminalidade é alta, a corrupção corrói o país, doenças matam cada vez mais? Não tem problema, basta dar diversão e bolsa família pro povão que tá tudo resolvido. Mais um reality show no ar e o povão tá feliz!

Aproveite Geisy, porque se alguém aparecer com um vestido mais curto que o seu, você vai dançar. E não será num palco!

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sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Estás apenas distraído!

No dia do meu aniversário (13/11) recebi um email que veio bem a calhar nesses momentos, que são de reflexão. Emocionado, divido-o com vocês. Extraordinária reflexão de uma pessoa chamada Facundo Cabral*.

"Não estás deprimido, estás distraído! Distraído em relação à vida que te preenche, distraído em relação à vida que te rodeia - golfinhos, bosques, mares, montanhas, rios. Não caias como caiu teu irmão que sofre por um único ser humano, quando existem cinco bilhões e seiscentos milhões no mundo. Além de tudo, não é assim tão ruim viver só. Eu fico bem, decidindo a cada instante o que desejo fazer, e graças à solidão conheço-me, o que é fundamental para viver. Não faças o que fez teu pai, que se sente velho porque tem setenta anos, e esquece que Moisés comandou o Êxodo aos oitenta e Rubinstein interpretava Chopin com uma maestria sem igual aos noventa, para citar apenas dois casos conhecidos.

Não estás deprimido, estás distraído. Por isso acreditas que perdeste algo, o que é impossível, porque tudo te foi dado. Não fizeste um só cabelo de tua cabeça, portanto não és dono de coisa alguma. Além disso, a vida não te tira coisas, te liberta de coisas. Alivia-te para que possas voar mais alto, para que alcances a plenitude. Do útero ao túmulo, vivemos numa escola, por isso, o que chamas de problemas são apenas lições. Não perdeste coisa alguma. Aquele que morre apenas está adiantado em relação a nós, porque todos vamos na mesma direção. E não esqueças, que o melhor dele, o amor, continua vivo em teu coração.

Faz apenas o que amas e serás feliz. Aquele que faz o que ama, está benditamente condenado ao sucesso, que chegará quando for a hora, porque o que deve ser será, e chegará de forma natural. Não faças coisa alguma por obrigação ou por compromisso, apenas por amor. Então terás plenitude, e nessa plenitude tudo é possível sem esforço, porque és movido pela força natural da vida, a mesma que me ergueu quando caiu o avião que levava minha mulher e minha filha; a mesma que me manteve vivo quando os médicos me deram três ou quatro meses de vida.

Deus te tornou responsável por um ser humano, que és tu. Deves trazer felicidade e liberdade para ti mesmo. E só então poderás compartilhar a vida verdadeira com todos os outros. Lembra-te : “Amarás ao próximo como a ti mesmo”. Reconcilia-te contigo, coloca-te frente ao espelho e pensa que esta criatura que vês, é uma obra de Deus, e decide neste exato momento ser feliz, porque a felicidade é uma aquisição. Aliás, a felicidade não é um direito, mas um dever. Porque, se não fores feliz, estarás levando amargura para todos os seus vizinhos. Um único homem que não possuiu talento e valor para viver, mandou matar seis milhões de judeus, seus irmãos.

Existem tantas coisas para experimentar, e a nossa passagem pela terra é tão curta, que sofrer é uma perda de tempo. Podemos experimentar a neve no inverno e as flores na primavera, o chocolate de Perusa, a baguette francesa, os tacos mexicanos, o vinho chileno, os mares e os rios, o futebol dos brasileiros, As Mil e Uma Noites, a Divina Comédia, Quixote, Pedro Páramo, os boleros de Manzanero e as poesias de Whitman; a música de Mahler, Mozart, Chopin, Beethoven; as pinturas de Caravaggio, Rembrandt, Velázquez, Picasso e Tamayo, entre tantas maravilhas. E se estás com câncer ou AIDS, podem acontecer duas coisas, e ambas são positivas: se a doença ganha, te liberta do corpo que é cheio de processos (tenho fome, tenho frio, tenho sono, tenho vontades, tenho razão, tenho dúvidas). Se tu vences, serás mais humilde, mais agradecido, portanto, facilmente feliz, livre do enorme peso da culpa, da responsabilidade e da vaidade, disposto a viver cada instante profundamente, como deve ser.

Não estás deprimido, estás desocupado. Ajuda a criança que precisa de ti, ajuda os velhos e os jovens te ajudarão quando for tua vez. Aliás, o serviço prestado é uma forma segura de ser feliz, como é gostar da natureza e cuidar dela para aqueles que virão. Dá sem medida, e receberás sem medida. Ama até que te tornes o ser amado; mais ainda converte-te no próprio Amor. E não te deixes enganar por alguns homicidas e suicidas.

O bem é maioria, mas não se percebe porque é silencioso. Uma bomba faz mais barulho que uma caricia, porém, para cada bomba que destrói há milhões de carícias que alimentam a vida. Vale a pena, não é mesmo? Se Deus possuisse uma geladeira, teria a tua foto grudada nela. Se ele possuisse uma carteira, tua foto estaria nela. Ele te envia flores a cada primavera. Ele te envia um amanhecer a cada manhã. Cada vez que desejas falar, Ele te escuta. Ele poderia viver em qualquer ponto do Universo, mas escolheu o teu coração. Encara, amigo, Ele está louco por ti! Deus não te prometeu dias sem dor, riso sem tristeza, sol sem chuva, porém Ele prometeu força para cada dia, consolo para as lágrimas, e luz para o caminho. “Quando a vida te trouxer mil razões para chorar, mostra que tens mil e uma razões para
sorrir”


* Facundo Cabral é um cantor Argentino, nascido em 22 de maio de 1937 na cidade de Balcarce, província de Buenos Aires, Argentina.

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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Divagações no trânsito

O que passa pela cebeça de um repórter quando o trânsito está lento e o destino está longe?
Clique abaixo.

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terça-feira, 3 de novembro de 2009

FERIADO, NUNCA MAIS!!

Depois de debruçar sobre livros, varrer a internet atrás de respostas, pesquisar nos mais complexos e profundos anais (ôpa, sem nenhum trocadilho aqui) da natureza humana, fiz uma descoberta incrível: os feriados são piores que dias comuns!

Deixa eu explicar. Feriado não cai sempre no mesmo dia. Tem ano em que eles aparecem num domingo ou num sábado - quando isso acontece, não servem pra nada! Então já começa ruim por ai. Quando cai numa quinta ou terça, nós sempre corremos o risco de nada funcionar por quatro dias ou de tudo funcionar no meio deles. Se teu chefe não liberar a "emenda", babau. Se você pega um plantão, como nós jornalistas, no sábado, babau ao quadrado.

Vem o final de semana prolongado (aqueles com feriado na segunda ou a sexta) e você pensa "Ufa! Enfim, descanso". BESTEIRA! Se resolve pegar a Imigrantes pra ir pra paia vai enfrentar trocentos quilometros de congestionamento. Você sai na sexta à noite, chega no sábado de madrugada, vai pro restaurante e fica 3 horas na fila pra comer um rodízio. A conta demora 2 horas e o garçom pede desculpas pelo atendimento por causa da lotação. Voce sai, fica uma hora parado no trânsito da beira-mar, entra na areia, dá dois mergulhos e resolve voltar pra não pegar trânsito no dia seguinte. Aquele um milhão de pessoas que também desceram a serra resolvem fazer a mesma coisa, no mesmo horário! Aí você demora mais pra chegar em São Paulo de carro do que pegar um trêm para a Malásia.

Tá bom, você não foi para a praia. Resolveu pegar um cineminha. Chega no shopping e leva 40 minutos só pra entrar no estacionamento. Pra encontrar uma vaga lá se mais 30 minutos. Quando vê perdeu a sessão. Mesmo assim resolve comprar ingressos para a próxima sessão, duas horas depois. Fica 55 minutos na fila até descobrir pela atendente que as pessoas que estavam na sua frente lotaram a sessão! Voce sai dali furioso e vai comer alguma coisa pra amenizar a raiva. Olha pro Mac, fila astronômica. A do Bobs dá 3 voltas na praça. Pega um cachorro quente e roda 30 minutos com a bandeja na mão tentando encontrar lugar pra sentar. Não acha e come subindo e descendo as escadas rolantes do lugar. Cheio de tudo aquilo resolve ir embora. Fila pra pagar o tiquete, pra sair do estacionamento e congestionamento na frente do shopping. PELAMORDEDEUS!!!

Vai pra casa e pede uma pizza. Descobre que 99% delas estão fechadas, afinal é feriado. A que está aberta fica na ZL e vc mora na ZO. Depois de tres horas e meia a "margherita" chega parecendo mais um pastel abandonado em estufa de rodoviária. Como última tentativa de salvar seu fim-de-semana de folga, come aquilo e segue pra locadora. TODOS OS 3.456 CLIENTES RESOLVERAM FAZER A MESMA COISA! O único filme que sobra é um VHS do "Exterminador do Futuro". Larga a mão e volta pra casa pensando em dormir cedo. Isso se a festinha que rola no salão de festas do seu prédio, organizada pelo filho pentelho daquele vizinho chato, deixar!

DETESTO FERIADO! Primeiro por causa disso tudo acima. Segundo porque JORNALISTA NÃO TEM FERIADO. Quer outros motivos? O trânsito só é tranquilo pra onde você não vai, você não consegue encontrar quase nada aberto e ainda tem de aguentar os parentes de fora que resolveram passar o findi na sua casa. Vou solicitar a Deus para decretar que todos os dias santificados sejam no domingo, todos os feriados no sábado e que a semana de dias úteis tenha 10 dias. Assim a gente não passa mais raiva.

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