sábado, 28 de fevereiro de 2009

Dos manés aos manos

Em primeiro lugar peço perdão aos meus leitores pela ausência dos últimos dias. É que realmente a nova fase em São Paulo está me tomando um tempo danado e aquelas horinhas que sobrariam para escrever algo estão sendo tomadas por cansaço, sono e falta de criatividade. Não que a cidade não incentive isso, a criatividade. Pelo contrário! São Paulo é um celeiro maravilhoso de idéias pra se por no papel, ou melhor, na tela do computador. É que nesse momento de transição fica difícil pensar em algo criativo e atraente quando a rotina tem sido de muito de trabalho e correria atrás de apartamentos. Mas, apesar de paulistano nascido e mal-criado aqui, achei algumas curiosidades interessantes, depois de tanto tempo longe:

- em São Paulo churrasqueira na varanda do apartamento chama-se "espaço gourmet";
- e são raríssimos os apartamentos com eles. Só os mais novos, construídos ha menos de 2 anos;
- aqui, imóvel é mais barato que em Floripa. Já o aluguel é bem mais caro;
- aqui Mané é um cara folgado, burro, inocente ou otário. Já em Floripa é o cidadão da ilha;
- "não tem?" aqui é "entendeu?";
- "Dás um banho" em Sampa é "arrepia brother";
- e se eu falar que tal coisa custa "uns dez pilas" me perguntam quanto vale de verdade!

Outra coisa: transitando por aqui você se sente no nordeste. Porque dizem que em São Paulo tem mais "paraiba" que gente! E o pior: tudo corinthiano! Nada contra, mas a gente percebe que o "timão" é a alegria da maioria dos paulistanos que nem ligam pras baladas do Ronaldo. Só ligam pra provocação dos são-paulinos e aí o pau come feio!

Sinto saudades de Florianópolis mas não vou me render a isso. Afinal a gente sofre menos quando tenta esquecer algumas coisas boas que vivemos. Agora é hora de inverter. Se antes São Paulo era sinônimo de lazer hoje é de trabalho. Pelo menos já sei onde vou passar minhas férias - me aguarda Jurerê!

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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Aviões em crise

Empresas que vendem aviões estão em crise. A Embraer anunciou hoje a demissão de 20% do seu quadro de funcionários - cerca de 4 mil trabalhadores da empresa perderão o emprego. A justificativa, claro, é a crise global que afetou em particular o setor aéreo.

Outra empresa que também "vende aviões" pode mudar de mãos - é a Revista Playboy. Depois de "séculos" sob as asas do playboy mais velho do planeta, Hugh Heffner, o presidente interino cogita vender ou mudar a direção estratégica (será que a revista vai virar GLS??) de uma das maiores e mais antigas publicações voltadas para o público masculino. Também pudera, como eu disse anteriormente em outro artigo, por causa da crise os americanos deixaram até de fazer sexo. Isso afetou de forma considerável o mercado porno internacional e, consequentemente as publições do gênero. E já que a Playboy não mostra quase nada mesmo, pior ainda pra ela. Hoje é muito mais fácil ver as coelhinhas da revista em poses muito mais ousadas na internet - e de graça!

Enfim, sejam aviões com asas ou aviões que dão asas à sua imaginação, o setor está em crise. O pior é que daqui a pouco uns não vão levantar do chão enquanto os outros não vão fazer levantar mais nada!

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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Futeguerra, já ouviu falar?

O futebol brasileiro acabou, perdeu o brilho, virou esporte de marginais e vândalos. Quem assistiu a barbárie no clássico entre São Paulo e Corinthians no último domingo pode confirmar isso. E olha que esse tipo de confusão já não é nenhuma novidade, muito menos uma coisa que só acontece em São Paulo - baderna semelhante foi registrada em Belo Horizonte onde um jovem morreu baleado depois de Cruzeiro e Atlético.

Em São Paulo tenta-se minimizar esse tipo de bagunça diminuindo a presença de torcidas visitantes aos estádios. Funciona da seguinte forma: o time que não tem o mando de jogo recebe apenas 10% dos ingressos totais colocados a venda. No clássico de domingo, por exemplo, apenas 6 mil ingressos foram disponibilizados para os corinthianos, dos 60 mil colocados a venda. E adiantou? Isso impediu que houvesse confusão, gente machucada e conflito com policiais? Claro que não porque o problema não está na quantidade de torcedores - está na selvageria deles. Não importa se são 6 mil, 60 mil ou 600 pessoas, sempre vai haver confusão. Os torcedores paulistas não vão ao campo prestigiar o futebol, eles vão mesmo é pra pancadaria. Basta ver os confrontos marcados pelas comunidades no orkut entre torcidas rivais. Aquela época de levar seu filho e a mulher ao estádio num domingo de lazer, já era! Hoje não dá nem pra passar nos arredores.

Daqui a pouco as partidas serão apenas televisionadas, sem torcedores nas arquibancadas. E quando isso acontecer o futebol já não será mais a paixão do brasileiro, jogadores não ganharão mais milhões de reais e os cartolas não lucrarão tanto como lucram hoje. Aliás é essa ganância que acabou com o brilho da bola rolando. Cartão vermelho pra isso tudo!

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domingo, 15 de fevereiro de 2009

Entre motos e amigos

Sempre gostei muito de motocicletas. Tive várias desde que comecei a ter dinheiro para comprá-las. Meu pai dizia que só assim eu as teria, que ele nunca me daria uma. Hoje entendo bem essa negação. Motos são veículos que precisam ser respeitados, pelos outros e por nós mesmos que as pilotamos, principalmente por nós. Da mesma forma que ela nos dá o prazer do vento no corpo e a emoção de curtir um passeio ao ar livre, também nos pune se não formos responsáveis.

Em 2006 perdi um amigo-irmão em cima de uma motocicleta. Agora perco outro. Helinho era um puta camarada - solícito, hospitaleiro, fiel, engraçado, responsável, enfim, é o tipo de cara que você sempre convida pra um chopp ou churrasco. Foi um batalhador que sozinho conquistou tudo o que queria - uma bela família, posição social, estabilidade. Mas tinha um defeito: era apaixonado por motos, além daqueles que simplesmente tem uma pra dar volta nos fins de semana. Helinho achou que a adrenalina das ruas e estradas não era suficiente e partiu pras pistas. Amador, aprendeu a correr e começou a participar de provas de motovelocidade. Mas, por incrível que pareça, sua vida terminou na rua, num fim de tarde. Culpa dele mesmo? Talvez, mais por gostar tanto de motos do que por ter feito alguma besteira.

Quando Silvinho se foi num acidente em 2006 perdi um pouco dessa paixão, que se vai de uma vez agora. Motos são maravilhosas mas deixo-as para quem as coloca acima do amor à vida. Vá em paz meu irmão.

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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Mudanças e novos desafios

Voces devem ter percebido que tenho demorado um pouco mais para postar. Realmente meu ritmo diminuiu um pouco aqui - mas só aqui, porque na vida profissional houve uma aceleração extraordinária. Coincidentemente, ou não, falei sobre mudanças num post anterior, lembra? E aqui estou eu provando da minha própria filosofia. Estou num quarto de hotel em São Paulo, vasculhando a internet atrás de apartamento. Fui convocado a abandonar a tranquilidade de Florianópolis para encarar a balbúrdia da paulicéia desvairada. E não é só a passeio não!

Na verdade, há tempos buscava essa mudança, mas não esperava que ela viria tão rápido. Enfrentar a loucura de uma cidade como São Paulo é para poucos - precisa-se de paciência, uma boa dose de prudência e estômago. Sim, estômago para digerir (não literalmente) tudo o que a cidade oferece, de bom e de ruim. São Paulo tem o lado negro - a violência, o trânsito, a poluição, o barulho. Mas tem o lado que supera tudo isso - a universalidade. A cidade é composta por pedaços do mundo todo. Ora parece que você está em Nova York, ora em Shangai, ora na Itália, Nova Zelância, Grécia, Jerusalem e uma outra infinidade de locais. Tudo separado por quarteirões. A melhor comida italiana está aqui. A melhor japonesa, tailandesa, mediterrânea... muito melhor até que em seus países de origem. Aqui há cultura, há arte e, mesmo que você não acredite, há lazer.

Vim para crescer e encarar novos desafios, chacoalhar o limo, expurgar o musgo antes que ele se formasse. Como disse no post anterior, "sair do marasmo, dar uma "agitada" na vida antes que seja tarde demais". E no meu caso é uma volta às origens. Aqui nasci, para cá voltei completando mais um ciclo da minha vida. São Paulo é assim... ame-a ou deixe-a! Ja a deixei um dia, agora vou voltar a amá-la! Me desejem sorte.

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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Peso (muito!!!) morto!

Até agora o Corinthians parece ter dado um tiro no pé. A contratação de Ronaldo, nem tão fenômeno assim mais, ainda não surtiu o efeito desejado. O clube queria atrair patrocinadores e reconquistar a paixão dos fiéis que já não andam tão apaixonados assim pelo timão diante o desempenho. Os patrocinadores não apareceram até agora. E pra completar o craque (???) ainda não tem data pra estrear. Pior que isso: para pagar parte do gordo salário (é... até o salário) de 400 mil reais, a diretoria aumentou o preço dos ingressos nas partidas em que o "Coríntia" tem o mando de jogo. Em alguns setores passou de 50 para 100 mangos. Tá certo isso mano? Estive agora há pouco na porta do Pacaembu conversando com os torcedores e ouvi mais reclamação do que contra juiz em gol cancelado.


Enquanto isso o avatar do Cascão treina (pelo menos tenta) pra entrar em forma. E continua produzindo mais escândalos que resultados em campo. E reclamando da mídia que não larga do pé dele. Se Ronaldo usar o mesmo empenho em campo que tem para fugir das baladas e dos paparazzi, vai ter de suar a camisa pra correr dos gaviões, certo mano?

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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Vem aí o vale-geladeira!

Que o governo do Lula é o governo dos "vales", a gente já sabe - vale-leite, vale-gás, vale-escola... vale tudo! Aqui não tem essa de ensinar a pescar não, o negócio é dar a vara, a isca, o samburá e, se o mar não estiver pra peixe, o governo arruma até o pescado. Mas enfim, fazer o que se essa é a política assistencialista do PAI LULA na nossa pátria-mãe?

E depois de dar de tudo pro povão, o que faz a popularidade do nosso presidente ficar nas alturas, vem mais vale por aí. Agora será o vale-geladeira. Isso mesmo! O governo estuda uma forma de dar geladeira pro brasileiro pobre. O assunto foi discutido essa semana em Brasília mas ainda não tem data definida pra entrar em vigor. Falta definir quem vai bancar a compra delas (como se a gente não soubesse que vai entrar nessa fria!).

A desculpa do governo em querer trocar o utensílio de 10 MILHÕES DE BRASILEIROS é a economia de energia. As velhas consomem muito e todo mundo precisa gastar menos luz. Só tem um detalhe: a geladeira é um dos eletrodomésticos que menos consomem energia. O que o governo pretende gastar subsidiando a compra delas, poderia muito bem ser investido em sistemas de aquecimento solar populares para substituir o chuveiro elétrico - esse sim o principal vilão do consumo de energia no país. A cada 1.500 reais gastos com os equipamentos, o governo economizaria outros 1.500 em geração, distribuição e transmissão de energia. Enfim, todos sairiam lucrando ao invés de quem só trocar a geladeira.

Ah tá, mas aí os fabricantes de geladeira não iam vender nada! Será que faltou lobby dos vendedores de aquecedores solares? Hummmm......

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terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Ecologicamente correto ou comercialmente incorreto?

Estou em São Paulo a trabalho. Minha primeira missão foi cobrir o início da inspeção veicular que pretende diminuir a poluição na cidade. Medida pretensiosa, claro. Impossível não, apenas pretensiosa. Isso porque começou errado. Os primeiros carros a serem inspecionados são os mais novos - de 2003 pra cá, evidentemente os que poluem menos que as cacalheiras velhas que circulam por ai. Porque não começar com eles, aqueles que já estão batendo biela e soltam mais fumaça que chaminé de carvoaria? Ta vendo a incoerência? De que adianta fazer inspeção primeiro nos carros mais novos enquanto os calhambeques vão continuar poluindo a cidade ainda mais? A resposta da prefeitura foi, no mínimo, esfarrapada. "Como os carros mais antigos são em maior volume, temos receio de que a reprovação da maioria, logo de cara, venha provocar uma revolta entre os motoristas e isso jogue o plano por água abaixo", foi a justificativa. Peraí! Imagina o seguinte: "vamos começar a prender todos os bandidos do país. Mas vamos começar pelos ladrões de galinha. Os piores, mais sanguinolentos, mais inescrupulosos e mais aterradores nós pegamos depois". Não soa do mesmo jeito?

Todos sabem que São Paulo é famosa pela poluição e pelo trânsito caótico e que precisa-se, urgentemente, dar um jeito nas duas coisas. O trânsito é mais complicado. A poluição é mais fácil, mas vai dar trabalho. Todo mundo sabe que qualquer carro, depois de 3, 4 anos de uso, começa a soltar mais fumaça que quando novo. Espera-se que até 2010 todos os carros já estejam inspecionados e que a poluição diminua cerca de 35%. Mas será que ninguém pensou que a cada ano os carros ficam mais velhos e aquele que passou na inspeção agora, pode não passar daqui a dois anos?

Fazendo as contas, a poluição vai cair 35% e vai se manter assim pra sempre porque os carros vão ficando mais velhos e mais poluentes. Ou será que quem criou o programa imagina que em poucos anos (uns 20?) todos vão estar rodando com energia elétrica ou água no tanque? A gente pensou isso no início dos anos 80 e até hoje vemos uns Passat 79 e umas "Variante" (sic) rodando por aí tranquilamente, no auge dos seus 30 anos de existência.

Agora vem a parte boa. Cada motorista vai pagar 72 reais pela inspeção. Se em São Paulo são 6,3 milhões de carros a serem vistoriados, façam as contas - R$ 453.600.000,00 será o faturamento da empresa contratada para fazer as vistorias. Isso em dois anos. Só não entendi porque demoraram 15 anos pra desengavetar o projeto - será que ninguém quis ganhar dinheiro antes ou não havia poluição na cidade? Bom também para oficinas mecânicas que vão ter mais trabalho pra colocar os "fumantes" em ordem. Tomara que tenha sido mesmo uma medida ambiental e não monetária.

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