Sempre gostei muito de motocicletas. Tive várias desde que comecei a ter dinheiro para comprá-las. Meu pai dizia que só assim eu as teria, que ele nunca me daria uma. Hoje entendo bem essa negação. Motos são veículos que precisam ser respeitados, pelos outros e por nós mesmos que as pilotamos, principalmente por nós. Da mesma forma que ela nos dá o prazer do vento no corpo e a emoção de curtir um passeio ao ar livre, também nos pune se não formos responsáveis.
Em 2006 perdi um amigo-irmão em cima de uma motocicleta. Agora perco outro. Helinho era um puta camarada - solícito, hospitaleiro, fiel, engraçado, responsável, enfim, é o tipo de cara que você sempre convida pra um chopp ou churrasco. Foi um batalhador que sozinho conquistou tudo o que queria - uma bela família, posição social, estabilidade. Mas tinha um defeito: era apaixonado por motos, além daqueles que simplesmente tem uma pra dar volta nos fins de semana. Helinho achou que a adrenalina das ruas e estradas não era suficiente e partiu pras pistas. Amador, aprendeu a correr e começou a participar de provas de motovelocidade. Mas, por incrível que pareça, sua vida terminou na rua, num fim de tarde. Culpa dele mesmo? Talvez, mais por gostar tanto de motos do que por ter feito alguma besteira.
Quando Silvinho se foi num acidente em 2006 perdi um pouco dessa paixão, que se vai de uma vez agora. Motos são maravilhosas mas deixo-as para quem as coloca acima do amor à vida. Vá em paz meu irmão.
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