domingo, 30 de agosto de 2009

Fazer o bem faz bem demais!

A cada dia estou ainda mais convicto de que Deus realmente faz as coisas como deve ser. Muitas vezes já me questionei porque Ele faz isso ou aquilo como levar as pessoas que a gente gosta, nos tirar animais de estimação, quando perdemos um emprego ou ficamos com alguma doença grave - questiono porque Ele faz isso se é tão bom assim. Depois vejo que é por algum motivo mais nobre. Apesar de não ser frequentador de nenhuma religião, mas com a espiritualidade e a fé muito fortes, faço minhas orações diariamente, agradecendo a tudo que possuo. Uma coisa eu sei: nada acontece por acaso e sem o aval Dele.

Na sexta feira fui buscar minha sogra no aeroporto. Ela veio do Acre, onde mora, para consultas médicas em São Paulo. Ao aguardá-la no desembarque em Cumbica nos deparamos com uma mulher em torno dos seus 30 anos com um filho de sete. Ela parecia perdida, sem saber pra onde ir e o que fazer. Visivelmente de origem muito humilde, mora numa fazenda em Xapuri, terra de Chico Mendes. Vi que minha sogra se aproximou dela para falar algo. Me aproximei e conheci seu drama - a mulher veio a São Paulo para que o filho, com problemas intestinais, fosse operado. Ela fora encaminhada por uma unidade TFD (tratamento fora do domicílio) de Xapuri, para uma consulta num hospital no Morumbi. Me chocou sua situação. O voo que a trouxe, e à minha sogra também, chegou em Cumbica por volta de meia noite de sexta. A mulher com o filho nunca tinham viajado de avião, não conheciam Sao Paulo, nem sabiam pra onde ir. Estavam perdidos e apavorados. O máximo que ela tinha no bolso eram 70 reais, dinheiro que o marido lhes reservou para a viagem. Ela queria ir até o hospital naquela hora pra saber o que fazer, já que a cirurgia seria somente na segunda feira. Não pensei duas vezes - trouxe ela para a minha casa com o menino e a acolhi. Era o mínimo que eu poderia fazer naquela situação. Me comovi com o fato de ela ter sido mandada a São Paulo sem nenhum tipo de amparo. Simplesmente a colocaram num avião com passagens pagas pelo SUS não se importando como e onde ela iria ficar até o dia da consulta.

Minha sogra me contou depois que a mulher a ajudou no avião quando ela, com problemas de saúde, passou mal. A humilde moça tirou seu casaco e o do filho, cobrindo minha sogra que teve queda de pressão. Talvez se ela não tivesse feito isso, nós não teríamos a conhecido e provavelmente ela ainda estaria na calçada do aeroporto esperando a segunda feira chegar pra ir ao hospital, sem dinheiro e sem saber como. E eu decidi trazê-la pra casa mesmo antes de saber que ela tinha ajudado a mãe da minha esposa durante o voo, mesmo sem conhecê-la, sem saber da sua índole. Naquele momento o que mais importava para mim e minha esposa era tirar aquela mulher com o filho da rua, do frio e poder ajudar da melhor forma.

No sábado, levei-a até o hospital para confirmar a consulta de segunda-feira. Estava tudo ok. Perguntei se havia alguma casa abrigo para recebe-la e a senhora que me atendeu, dona Janete, confirmou que sim, mas que ela deveria ter vindo com o encaminhamento de Xapuri. Felizmente o médico que estava de plantão consentiu em internar o garoto naquele dia mesmo por falta de lugar para que eles ficassem. Eu ja estava disposto a traze-la novamente para casa e acolhe-la até a segunda-feira. Mas tudo acabou se resolvendo no hospital. Sai dali agradecendo a Deus pela oportunidade de poder ajudar alguem. A mulher se despediu de mim de com lágrimas nos olhos e eu ainda mais pela felicidade que pude proporcionar a ela. Fiquei pensando depois o que poderia ter acontecido se a minha sogra nao tivesse passado mal e ela não tivesse ajudado. Deus realmente faz as coisas como elas devem ser. E além de agradecer todos os dias pelas coisas que tenho, agradeço também pelas oportunidades que Ele me dá de poder ajudar alguém. A felicidade que isso me trouxe não tem preço.

Mas fica a minha indignação com um sistema de saúde falho que joga as pessoas em situações desesperadoras, como a dessa mulher, sem dar-lhes o apoio necessário. Se algo de mal lhe acontecesse em São Paulo, de quem seria a culpa? Não haveria. Os culpados estariam escondidos atrás da vergonha que são alguns serviços públicos do nosso país.

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