Dias atrás estive cobrindo a greve na USP. Cheguei até a ficar entre o fogo cruzado de estudantes e policiais militares no confronto do último dia 09/06. Ora me abaixava para não levar pedradas, ora pra fugir das balas de borracha e das bombas de efeito moral. O que mais me impressionou, na verdade, foi o seguinte: na hora dos discursos elouquentes a lá greve de metalúrgicos, não havia mais que umas duzentas pessoas em volta do caminhão de som de onde sindicalistas barbudos a lá Lula berravam palavras de ordem tais como "companheiros, a luta é nossa, o povo unido jamais será vencido", etc. De repente, na hora da passeata, apareceram mais de mil pessoas, não sei de onde. Claro que a maioria era de estudantes sedentos por um quebrazinha de rotina no campus. E não deu outra - xingamentos contra policiais e vice-versa, borrachadas em alguns, tijoladas nos milicos, correria, bombas...
Bom, acho válido qualquer movimento de reivindicação e passeatas por melhores condições de trabalho e salários. Mas o que percebi ali foi mais uma baderna de filhinhos de papai (claro, porque pra entrar na USP só quem nunca precisou trabalhar e teve tempo de sobra pra fazer cursinhos caros e estudar em casa) do que manifestação sindical. Pior ainda foi ver, depois da bagunça, patricinhas hello kitty e mauricinhos barbados que gritavam "Fora PM!" e atiravam pedras, pegar seus carrinhos zero quilometro pra ir embora pra casa ou pra algum barzinho da moda. Pior ainda que isso foi - dias depois da bagunça - ver os mesmos estudantes "revolucionários" reclamamando que a greve está atrapalhando a vida deles ali, que eles querem estudar, que falta bandejão, que falta transporte e que eles não podem sofrer as consequencias da paralisação. Percebi estudantes realmente engajados na luta, mas vi muito mais gente que queria ver o circo pegar fogo. E ajudou a botar uma lenhazinha nisso.
O que a juventude de hoje precisa aprender é que não basta deixar a barba crescer, usar roupas rotas e empunhar um cartaz qualquer com palavras de ordem "contra o sistema". Primeiro é preciso conhecer causas, estudar sua história, justificar seus motivos e usar uma maneira mais inteligente que a baderna para atingir seus objetivos. Não era bem o que aquela moçada que tava lá naquele dia parecia querer. Quem deveria protestar é estudante de universidade privada que, por não conseguir entrar numa federal, é obrigado a pagar uma grana lascada pra poder se formar - e mesmo assim de forma precária. E depois ainda tem de brigar no mercado de trabalho com os amiguinhos formados na USP que já saem de lá com um diploma muito mais "pesado" que qualquer outro. A hipocrisia estudantil também mata o ensino no país.
Bom, acho válido qualquer movimento de reivindicação e passeatas por melhores condições de trabalho e salários. Mas o que percebi ali foi mais uma baderna de filhinhos de papai (claro, porque pra entrar na USP só quem nunca precisou trabalhar e teve tempo de sobra pra fazer cursinhos caros e estudar em casa) do que manifestação sindical. Pior ainda foi ver, depois da bagunça, patricinhas hello kitty e mauricinhos barbados que gritavam "Fora PM!" e atiravam pedras, pegar seus carrinhos zero quilometro pra ir embora pra casa ou pra algum barzinho da moda. Pior ainda que isso foi - dias depois da bagunça - ver os mesmos estudantes "revolucionários" reclamamando que a greve está atrapalhando a vida deles ali, que eles querem estudar, que falta bandejão, que falta transporte e que eles não podem sofrer as consequencias da paralisação. Percebi estudantes realmente engajados na luta, mas vi muito mais gente que queria ver o circo pegar fogo. E ajudou a botar uma lenhazinha nisso.
O que a juventude de hoje precisa aprender é que não basta deixar a barba crescer, usar roupas rotas e empunhar um cartaz qualquer com palavras de ordem "contra o sistema". Primeiro é preciso conhecer causas, estudar sua história, justificar seus motivos e usar uma maneira mais inteligente que a baderna para atingir seus objetivos. Não era bem o que aquela moçada que tava lá naquele dia parecia querer. Quem deveria protestar é estudante de universidade privada que, por não conseguir entrar numa federal, é obrigado a pagar uma grana lascada pra poder se formar - e mesmo assim de forma precária. E depois ainda tem de brigar no mercado de trabalho com os amiguinhos formados na USP que já saem de lá com um diploma muito mais "pesado" que qualquer outro. A hipocrisia estudantil também mata o ensino no país.
1 comentário
Só agora em meados de agosto descobri seu blog, mas, ainda em tempo de comentar... sensacional este post sobre a USP, esta é a realidade das nossas universidades públicas, hello kit de carro zero bancando revolucionárias. Parabéns!