quarta-feira, 3 de março de 2010

Educação: palavra fora do dicionário do governo.

Li esta semana uma notícia que poderia ser mais um ataque contra o Governo de Lula. Mas, para mim, significa um atentado ainda maior contra o que de mais valioso temos: a educação. E não falo da educação que recebemos dos nossos pais e que é condição indispensável para que sejamos cidadãos plenos, conscientes e evoluídos espiritualmente. Falo do ensino, da base do nosso desenvolvimento e que, pelo jeito, foi deixado em terceiro, quarto, quinto planos pelo nosso governo.

Já critiquei aqui o Governo de Lula em várias ocasiões. Mas o fiz naquilo que me pareceu pertinente. Também, lendo outras notícias, sou obrigado a admitir que o país está no caminho certo, que ele, nosso presidente, tem conduzido algumas questões com maestria, fatos que podem ser constatados, principalmente, na economia e nas relações internacionais.

Prefiro deixar de lado nesse artigo o lado podre, da corrupção, das safadezas petistas e das manobras fiscais que nos assolam cada vez mais, mas não posso me conter ao ver o que o governo tem feito com a nossa educação, ou melhor, da educação dos nossos jovens. E a notícia a que me referi logo no começo é: “Governo cumpre apenas um terço das metas para a educação”.

Ninguém precisa ser estudioso ou especialista para saber que a educação é fator preponderante no desenvolvimento de qualquer país. Temos exemplos em países da Europa, por exemplo, que investem pesadamente nas gerações mais novas. E sabemos também que os estados do sul e sudeste do país são mais desenvolvidos que os do norte e nordeste porque se investe mais em educação ali. Porque então, no Brasil, como um todo, as metas são desprezadas e colocadas num plano inferior ao do, por exemplo, setor armamentício que recebeu investimentos significativos nos últimos 10 anos? Será que é mais importante comprar aviões de caça franceses ou canadenses do que computadores para as escolas? Basta percorrer alguns bairros da periferia de qualquer cidade para comprovar que investir em educação não é a prioridade – escolas depredadas, alunos sem carteira e material, falta de computadores e merenda são cenas comuns em todas elas.

O problema do governo é ter medo de investir nesse setor por se sentir ameaçado. Imagina se a grande massa que vota, e que em sua maioria é composta por semi-analfabetos, tivesse mais conhecimento e pudesse entender as mazelas protagonizadas pelo governo? Imagina se os mais pobres entendessem o que é a corrupção, o que o Arruda fez, o que é mensalão e outros escândalos? Imagina o que seria desse governo se as pessoas pudessem escolher seus candidatos pela sua ideologia (o que é isso???) e não pelos bolsa-qualquer-coisa que recebem? Acho que nosso país seria bem diferente.

Como dar o bolsa-escola se não há escolas para onde se possa ir? Ao invés de dar a vara e o peixe, o governo deveria ensinar a pescar. Mas ensinar com professores bem remunerados, salas de aula adequadas e material de primeira. Enquanto vivermos na atual realidade do ensino, não seremos apenas um país dos banguelas, mas também dos “desletrados”.

E quero saber de outra coisa: se o governo investiu apenas um terço do que deveria na educação, cadê o dinheiro dos outros dois terços já que a legislação obriga esse investimento? Só porque o Lula não tem estudo acha o resto do país também não precisa?

2 comentários

Eliane dos Santos disse...

Compartilho da mesma opinião. A realidade da educação no país é triste e a tendência não me parece ser a melhora, pelo contrário. Parabéns pelo texto!

giovanaborini disse...

OGG, para vc ter uma idéia, aqui em Florianópolis, tenho um casal de filhos com 5 anos de idade, que estudam numa creche pública. Eles estão ávidos por ler e escrever e eu tento dar-lhes todos os instrumentos possíveis. Mas na escola, onde eles já escrevem seus nomes desde os 3 anos de idade, as professoras dizem que a orientação do município não está voltada para a alfabetização. No ano que vem eles saem de lá e nos esforçaremos para colocá-los em escola particular - por todos os motivos - mas como eles vão acompanhar as outras crianças, que este ano já lêem e escrevem? Esses são os cidadãos que o estado prepara: sempre atrasados. Eles querem a mão de obra, a massa, e não os pensadores. Essa missão é nossa!

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