terça-feira, 12 de maio de 2009

Consumidor: um refém do mal-caratismo das empresas

Tive contato hoje com histórias estarrecedoras sobre o descaso das empresas com os consumidores. Pude ter certeza de uma coisa que já imaginava existir mas ainda não podia afirmar - algumas empresas realmente não dão a mínima para quem compra seus produtos e serviços. Vamos começar pela lista negra do Procon. O principal órgão de defesa do consumidor aponta as empresas de telefonia fixa e celular como os principais atores do desrespeito. Mas há também operadoras de tv a cabo, internet, entre outros. Depois de colher alguns depoimentos percebi que se precisa fazer algo urgente para barrar o que eu chamo de violência capital. A sensação de ser desprezado por estas empresas parece ser a mesma de quem é violentado sexualmente... pelo constrangimento e pela impotência, pela impossibilidade de se fazer algo.

Ouvi o depoimento desesperado de uma professora que ha 2 meses tenta resolver um problema que deveria ser de simples solução - ela colocou 50 reais em crédito no celular da mãe e desde então não consegue fazer ligações. A gravação do SAC informa que o numero não possui créditos suficientes. E ela nunca fez uma ligação sequer. Depois de passar mais de 15 minutos tentando resolver a questão através do call center da operadora, ouviu da insosa atendente um simples "desculpe mas não podemos fazer nada. A senhora tem de procurar os seus direitos". O pior é que na hora de comprar o aparelho ela levou menos tempo que isso e foi super bem atendida. Vamos dar nome aos bois: a TIM é a responsável por esse desrespeito. Mas não é a única. CLARO, VIVO, BRASIL TELECOM, OI, entre outras, são da mesma laia. E não adianta mudar, os problemas só vão mudar de número. Parece até que há um manual de comportamento dos ignorantes que nos atendem nos call-center: "Se o consumidor reclamar demais, deixe-o pendurado na linha. Se ele for mal-educado e grosseiro, derrube a ligação. Faça-o de trouxa quanto tempo puder".

Em outro depoimento ouvi gente que comprou a linha celular porque teve a garantia de que a operadora não cobraria multa para o cancelamento. MENTIRA DESLAVADA! Informação mal caráter de quem queria apenas vender o serviço e agora o consumidor que se fod... Ele agora está perdendo horas no Procon e em juizados tentando reaver o que o código de defesa do consumidor deveria lhe garantir - SEU DIREITO!

O que causou ainda mais nojo nessa situação toda foi a afirmação de um especialista em direito do consumidor. O advogado que tanto combate as atrocidades cometidas pelas empresas disse claramente que tanto para as operadoras de telefone como de tv a cabo é mais viável lesar o consumidor e ressarci-lo depois (sendo que isso raramente acontece) do que fazer mudanças para atender a demanda de reclamações ou melhorar o serviço. UM VERDADEIRO ABSURDO CONTRA NOSSOS DIREITOS!

Estas empresas debocham da gente, riem da nossa peregrinação em busca de solução enquanto auferem lucros e mais lucros. E a merdinha da nossa justiça é incapaz de fazer algo contra. Outra afirmação do nosso especialista é que a falta de punição é que faz com que as empresas se lixem para os nossos problemas. Por acaso alguém já viu outra pessoa ser indenizada material ou moralmente por uma empresa destas? Alguém teria peito de interditar uma NET, uma CLARO ou uma TIM em defesa do consumidor? Isso é apenas um sonho, uma utopia. Enquanto isso nós vamos ser eternos reféns desse descaso todo. A não ser que você viva sem celular, telefone em casa, tv a cabo ou internet. Quando estes serviços não existiam as reclamações eram menores. Agora fique uma dica - mesmo que você tenha dor de cabeça, perca tempo, se irrite ainda mais, nunca deixe de reclamar. Escreva para sites, ligue para a imprensa, entupa os call-center de ligações. Seja chato, impertinente, insuportável, mas faça valer os seus direitos. Se cada um de nós fizer isso, pelo menos vamos estar lutando por algo. Desistir é permitir que estas empresas imponham cada vez mais seu mal-caratismo em detrimento daquilo que nós é garantido por lei.

1 comentário

Anônimo disse...

Ogg,
Ogg Ibrahim!

Li saboreando lenta e deliciosamente esse texto seu. Céus!... finalmente alguém me entendeu! Você tirou de minha boca as palavras que venho tentando dizer, assim, classicamente diretas. Eu sou uma cidadã como você definiu: "chato, impertinente, insuportável". Sou ainda mais: irritante, exigente, incansável, dura, crica. As vezes isso me estressa, mas também me dá um prazer sem vergonha por conseguir tirar do sério esses atendentes cujo cérebro foi lavado pelas operadoras de dúbia credibilidade.
Ah, deixa te dizer: CONSEGUI vê-lo no JR. Ainda vou lhe dizer "como" pude ver você.
Super abraço.
Renate

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