terça-feira, 27 de setembro de 2011

Não precisamos pagar o pato


A greve é um direito do trabalhador previsto na constituição. Tá lá no artigo 9º: "É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender". Mas no Brasil, as greves servem muito mais aos interesses dos sindicatos do que dos próprios trabalhadores. E com isso os principais prejudicados acabam sendo nós mesmos, os consumidores, contribuintes, enfim, os brasileiros.

Basta ver a greve nos correios - o que fazer com nossas contas que ainda não chegaram ou vieram com atraso? O governo vai pagar o nosso prejuízo com as correspondencias que deixamos de receber no tempo certo? Não!

E assim é quando param, por exemplo, os motoristas e cobradores de ônibus, os funcionários do metrô, os bancários, os servidores da saúde e outros funcionários públicos. Não questiono aqui suas atitudes mas sim os prejuízos a nós causados pelas paralisações. Acho que todas as categorias tem o direito de reivindicar melhorias salariais e nas condições de trabalho. Só não concordo com o uso de direitos constitucionais ou estabilidade profissional garantida por lei para que essas reinvindicações sejam atendidas.

Agora vemos os bancários paralisarem as atividades. E quem, mais uma vez, vai pagar o pato? Nós! E nessa onda recente podem surgir outras categorias de braços cruzados.

Uma vez vi notícia sobre a greve dos ferroviários de Londres. O que eles fizeram? Trabalharam normalmente mas abriram as catracas ao público. Transporte de graça pra todos! Causaram danos aos cofres da empresa mas nenhum inglês foi prejudicado. Me pergunto: porque as greves aqui não são assim?

Vamos dar exemplos. Ao invés de parar os serviços e deixar milhões de brasileiros enfurecidos com eles, os funcionários dos Correios, por exemplo, poderiam simplesmente não cobrar pelas encomendas e correspondências despachadas. Iriam atingir apenas a empresa e teriam a população a seu favor. No caso dos motoristas e cobradores de ônibus, liberem as catracas. Idem para funcionários do Metrô. No caso dos funcionários da saúde, deem remédio de graça pra quem precisa, mas não deixem de trabalhar porque, aí sim, estarão colocando a vida de alguem em perigo. Mas infelizmente aqui não funciona assim!

E o que ganham com isso? Por estarem causando prejuízos aos brasileiros, muitas categorias acabam multadas, através de seus sindicatos, grevistas tem os dias parados descontados e são obrigados judicialmente a voltar ao trabalho sem ter conseguido atingir seus objetivos. Ou conseguem apenas uma quirera daquilo que desejavam. Além, é claro, de não ter o apoio popular.


É meio utópico pensar assim num pais com tantas desigualdades e injustiças. Mas já pagamos caro demais por determinados serviços públicos para que não os tenhamos.

3 comentários

João Gabriel disse...

É uma boa idéia, mas será mesmo que no Brasil iria funcionar?

Luciana Tincani disse...

Muito bom Ogg! Mas a passividade dos brasileiros precisa acabar p/saber lutar por seus direitos. Depois da Primavera Árabe (Egito e Líbia) que ocorreu o inimaginável.. por que não no Brasil?

Sig Souza disse...

Pois é, né? Para chegarmos ao ponto de fazer como os ferroviarios britanicos é preciso primeiro eliminar aquela mentalidade" senhor-escravo" que ainda existe entre patroes e empregados. É preciso que as leis estejam realmente ao lado de quem tem direito e não de quem tem dinheiro... meio utópico.. pelo menos neste seculo.

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