quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A enchente da vergonha

Tenho acompanhado de perto a situação as inundações em São Paulo e isso me tem feito parar para refletir de quem é a culpa. Apesar de toda a água que tem caído na cidade nos últimos meses, principalmente dezembro e janeiro, a quem menos atribuo parcela de responsabilidade é São Pedro. Mas também não podemos descarregar 100% da nossa ira no poder público que, apesar de dizer o contrário, pouco faz para solucionar o problema. Digamos que essa responsabilidade pode ser divivida entre nossos governantes e nós mesmos, a população.
Conversando com um dos mais renomados urbanistas de São Paulo, o arquiteto Cândido Malta, descobri que as soluções, nessa ordem, poderiam ser as seguintes:

Primeiro: as pessoas pararem de jogar lixo na rua e uma coleta mais eficiente. Isso já minimizaria consideravelmente as enchentes, visto que não teríamos mais nada nas ruas e calçadas para entupir bueiros e galerias de águas pluviais.

Segundo: a construção de mais piscinões (pra quem não conhece, imensos reservatórios que retém a água). Nos anos 90 previu-se a construção de 140 deles até 2010, mas apenas 44 ficaram prontos. Isso é cerca de um terço do necessário para evitar o problema.

Terceiro: planejamento. O que se fez até agora, foi apenas uma tentativa de corrigir erros de cálculo do passado. O que falta às nossas autoridades é projetar com folga o que aconteceria daqui a 10, 20 ou 30 anos para se evitar o que acontece hoje. Só que a má vontade política demonstra que as coisas não andam como deveria.

Existe hoje uma guerra entre ditos "especialista" sobre qual seria a melhor solução. Alguns defendem os piscinões. Outros condenam por se tratar de áreas imensas que não poderiam ser aproveitadas de outra forma depois. Pregam a implantação de parques gramados onde a água poderia ser absorvida pelo solo. Aí eu pergunto: se faltam áreas para se construir os reservatórios, como achá-las para construir parques?

O que vejo nesse momento é que muita gente aproveita a desgraça para aparecer de uma forma ou de outra mas não apresenta uma solução imediata e eficiente que possa tirar a população desse caos.

A população invade áreas de várzea, ocupa espaços que são dos rios, sofre com a inundação e depois culpa a prefeitura pela falta de apoio. Por outro lado a prefeitura permite essas invasões porque é mais barato tirá-los de lá depois do que construir moradia popular pra todo mundo e tenta remediar a situação com um vale-aluguel que mal paga um quartinho de pensão. E enquanto não se faz nada de efetivo, vejo pessoas, que se dizem cidadãos, jogar pela janela do carro maços de cigarro, panfletos, comida e todo o tipo de lixo que ele não quer dentro do veículo.

E o que falta? Falta iniciativa, falta cidadania, falta vergonha na cara... dos governantes e de todos nós. E esqueçam que um dia isso vai mudar.

4 comentários

Roberta disse...

Não lembro se vc ainda estava em Santa Catarina quando teve a enchente de 2008. Agora tem a de São Paulo, já tiveram outras neste meio tempo, continuaram tendo... Mas de fato em todos os casos o que vemos são situações para remendar o problema. Soluções não existem. Concordo com você que a culpa é dos governantes e tb do povo que não cobra providências, que joga lixo, vai morar em cima dos rios (eu sei que alguns praticamente não tem escolha, mas...), enfim. Depois que acontece a enchente, o jeito é rezar, pq sem dúvida não é fácil enfrentá-la. Tomara que a situação normalize logo por aí. Bom Trabalho!

Leonardo Nazareth disse...

Primeiramente gostaria de parabenizar pela reportagem exibida no Jornal da Record. Um tema muito comum, simples e a cada dia que passa se torna mais expressivo na mídia mundial, é muito legal ver repórteres trabalhando de corpo e alma nas matérias, tudo isso para se diferenciar no meio de tantas outras. Hoje eu estava assistindo o Jornal SBT Brasil, e como a mais de quarenta dias, foi exibido uma reportagem falando sobre a situação das enchentes na cidade de São Paulo. Trinta minutos depois, estava eu assistindo o Jornal da Record, e me deparei com o mesmo tema, situação das enchentes em São Paulo, e uma reportagem completamente diferente, sendo tratado de uma forma diferenciada. Em um primeiro momento visualizamos uma interação entre os repórteres, e posterior, vemos Ogg Ibrahim levantando informações sem medo de se molhar, entrando literalmente dentro dos rios formados pela água da chuva nas ruas.
De acordo com o dicionário da língua portuguesa Michaelis da editora Melhoramentos, “clima” é o conjunto de condições atmosféricas. Já a palavra “tempo” é o estado meteorológico da atmosfera; vento, ar, temperatura. Na meteorologia, quando utilizamos os termos “clima”, queremos nos referir ao conjunto de estados do tempo meteorológico que caracterizam o meio ambiente atmosférico de uma determinada região ao longo de algumas dezenas de anos. Já “tempo” se refere ao conjunto de fenômenos atmosférico como chuva, temperatura do ar, vento e etc. O tempo é a situação instantânea da atmosfera em um determinado lugar. Resumindo, tempo é situação atual, e clima é o conjunto de tempo por mais ou menos 30 anos.
Com isso, como uma crítica construtiva, a frase dita por Ogg Ibrahim , “Vamos ver como esta o clima no centro de São Paulo” está equivocada. Já vi diversas matérias onde os repórteres acabam confundindo os conceitos. Sei perfeitamente que os jornalistas têm que estar envolvido superficialmente em diversos temas da atualidade e não entender sobre termos técnicos de algumas áreas. Mas de qualquer forma é muito ruim ficar trabalhando com conceitos errôneos.

Leonardo Nazareth
leutsnazareth@yahoo.com.br

Ogg Ibrahim disse...

Caro Leonardo, em primeiro lugar obrigado pela correção a respeito do clima/tempo. Acontece que, muitas vezes, mesmo sabendo que há diferenças entre os termos, temos de usar ambos para evitarmos a repetição. Mas isso somente quando o significado parece ser o mesmo para a maioria da população, que muitas vezes, acredita que clima e tempo sejam a mesma coisa. Apenas "popularizamos" o texto para não sermos professorais. De qualquer forma, obrigado pela útil lembrança.

Leonardo Nazareth disse...

Desculpe-me se tentei corrigi-lo, não era a intenção. Na verdade, esse comentário que fiz sobre clima e tempo foi apenas uma forma de expressar o que sinto sempre que vejo algo parecido, sobre climatologia, meio ambiente ou qualquer outra coisa.
No ensino médio, um professor de Língua Portuguesa sempre dizia para não assassinarmos a gramática em nossas respostas. Afinal, escrevíamos tudo errado, rsss. Acho que tentei fazer algo parecido com ele.... Mas de qualquer forma, parabéns pelo trabalho realizado na Record, mais especificamente no Jornal da Record. Não é “puxasaquismo”, afinal, quem sou eu para falar sobre TV, ultimamente estou vendo a emissora a cometer alguns erros em sua grade de programação, mas acho que toda a equipe esta trabalhando excelentemente muito bem. Parabéns...
HAaaaaaa e obrigado por responder, é muito legal termos respostas em nossos comentários.

Leonardo Nazareth

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