segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A cultura do fútil e as celebridades efêmeras

Até agora, eu tinha relutado em falar qualquer coisa sobre a tal da Geisy, aquela do vestidinho, da Uniban. Acho que a barbaridade regitrada lá não merecia tanta atenção assim. Primeiro por se tratar de uma estupidez tremenda dos alunos que protagonizaram a baixaria contra a menina. Segundo por achar que a mídia já deu importância demais ao fato. Estou sempre em ambiente de faculdade dando palestra e já cansei de ver por ali menininhas cuja mini-saia cobre apenas 20 centímetros de corpo entre o umbigo e as cochas. E nunca vi nenhuma retaliação a elas por causa disso.

A garota tá na dela, conseguiu seus momentos de fama e está aproveitando isso - aparecer em programas de TV, convites para posar nua em revistas masculinas, para desfilar em escola de samba e sabe-se lá o que mais. O que dá certa náusea é a atenção que a mídia tem dado a ela. E cada vez que uma coisa dessas acontece, vejo o quanto nossa cultura é pobre, sem valores, fútil e vazia.

Mas não é de se estranhar. Essa coisa de pegar alguém que participou de algum episódio ridículo e alçá-lo a "star of the moment" vem de muitos anos atrás. Alguém se lembra da Rose Fogueteira - aquela que lançou um rojão sobre a cabeça do goleiro Rojas, durante partida entre Brasil e Chile em 1989? Pois é, também fotografou para a Playboy, participou de programas de TV e desapareceu com a mesma velocidade com que surgiu, alguns meses depois.

E há ainda as indigestas mulheres frutas que tem apenas o traseiro grande no lugar do talento, o (ou a) Lacraia da Eguinha Pocotó e os incontáveis "famosos quem mesmo?" que passaram pelos BBB. Um bando de desconhecidos que tiveram menos de um ano de fama mostrando que o público os troca logo logo por qualquer outra celebridade efêmera que protagonizar qualquer besteira. As que ainda estão por ai, exibindo suas "habilidades" pelos programas de TV, já estão com os dias contados.

Mas toda essa horda de reis e rainhas da futilidade estão cumprindo seu papel que é de permanecer o máximo de tempo em evidência e aproveitar seus momentos de fama e ganhar algum dinheiro, pois sabem que eles acabarão em breve. Não os culpo. O que me repugna mais são os programas de TV, as revistas, os jornais e a mídia eletrônica que valorizam demais esse tipo de gente. Mas porque? Porque isso dá audiência. E porque dá audiência? Porque nossa cultura é pobre. Ninguém quer saber qual o real motivo do apagão, mas em qual programa a Geisy vai aparecer de novo. Ninguém quer saber das vítimas da enchente no Rio mas querem assistir a Mulher Melancia rebolando e cantando (cantando?) com aquela voz esgarniçada em algum palco.

Por isso o Brasil é o que é. Nimguém sabe o nome de qualquer pesquisador que está desenvolvendo vacinas para a cura da AIDS, mas conhece todos os integrantes do último big brother. O criminalidade é alta, a corrupção corrói o país, doenças matam cada vez mais? Não tem problema, basta dar diversão e bolsa família pro povão que tá tudo resolvido. Mais um reality show no ar e o povão tá feliz!

Aproveite Geisy, porque se alguém aparecer com um vestido mais curto que o seu, você vai dançar. E não será num palco!

2 comentários

Cleber Olympio disse...

Concordo contigo, Ogg. A velha teoria do "pão e circo" continua a valer. O povo não está nem aí para quem traz realmente algum benefício para a sociedade, senão para aquilo que lhe dá prazer imediato. Abraço.

edineia29 disse...

Concordo tbm, eu ja tinha pensado exatamente a mesma coisa, sobre o que a midia ta fazendo em cima dela, até em Portugal ela ta dando audiencia, imagina, que meu marido foi p la e falavam disso em todos os noticiarios da TV!! Mas tbm concordo, ela que aproveite esse minuto de fama!!

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