quarta-feira, 23 de março de 2011

Vida sofrida nas ruas de Sampa

Meu dono é um cara bacana. Me dá banho a cada semana, mesmo que eu não esteja coberto de poeira ou lama de alguma rua esburacada. Estou sempre perfumado por dentro e ai de quem se atreva a colocar os pés em mim em partes que não deveriam. E sei que isso acontece com frequência com gente que não tem o mínimo de respeito por nós.

Outro dia mesmo, ouvi no meu sistema de som, um jornalista babaca dizendo que colocou o pé no console de um taxi e o taxista, gentilmente, pediu que ele o tirasse. E não é que o passageiro achou aquilo um absurdo? Disse que carro é pra isso mesmo, pra ser gasto, usado, abusado porque é um bem material e, por isso, estragou troca-se por outro. Peraí, não é bem assim não! Problema desse babaca se ele não tem o mínimo de consideração por nós carros. Afinal se não fosse pela gente, esse povinho que nos despreza não chegaria a lugar nenhum. Sejamos nós grandes, pequenos, simples ou luxuosos, sempre carregamos vocês pra onde quer que seja, oras!

Falando em desprezo, outra que não dá a mínima pra nossa integridade é a prefeitura de São Paulo. Nossa, diariamente canso de enfiar os pezinhos num buracão qualquer. E como dói essa porrada, viu! Olha que meu dono é super atencioso e desvia da maioria dos buracos que consegue. Mas é tanta cratera que, às vezes, fica difícil escapar de alguma. É uma vergonha ver uma cidade que tem tanto serviço eficiente, com as ruas num estado tão lastimável quanto esse. Buracos, calombos, sujeira... tem de tudo por onde a gente passa. Dá até nojo de sair da garagem.

Mas sabe o que eu mais odeio nas ruas de São Paulo? Motoristas mal-educados! Tem gente que vira monstro quando assume o volante da gente. É um tal de te dar um “chega pra lá”, um “sai da frente” que vou te contar viu. E a gritaria de buzinas nas minhas janelas? Pô, precisa esse berreiro todo? O sinal mal abriu, o carinha de trás enfia a mão na buzina. Você dá uma mudadinha de faixa, mesmo dando seta, lá vem outra buzinada. Se fechar sem querer então, é berreiro longo! Outro dia mesmo meu dono estava seguindo por uma rua quando, sem mais nem menos uma madame desvairada lhe cortou a frente para entrar à esquerda.

Meu dono quase bateu! E não é que a vaca (desculpe!) ainda meteu a mão na buzina e xingou, como se estivesse certa? Não deu pra acreditar!

É, andar pelas ruas de São Paulo, é uma missão quase impossível. Mas ainda bem que meu dono cuida bem de mim. Senão eu já teria ido prum ferro velho faz tempo. Tudo bem que ele me troca de vez em quando, mas faz parte da vida. Só espero que na próxima troca meu dono não seja um animal no trânsito como muitos por aí!

Assinado, o atual carro deste blogueiro.

3 comentários

Luís Delcides disse...

Por essas coisas que deixei de dirigir durante a semana. Só uso transporte coletivo. O uso automóvel só em caso de extrema necessidade.

Blog do Cleider disse...

É a realidade do nosso trânsito, não só em São Paulo; aqui em Campo Grande também e creio que na maior parte das cidades do país.

Nicéas Romeo Zanchett disse...

O Brasil optou erroneamente pelo uso de rodovias. Houve muitos interesses devido à implantação da indústria automobilística no Brasil. Agora o brasileiro que se dane.

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