Segunda a noite, milhões de coisas mais importantes pra se fazer e eu sentado em meu sofá, pensativo e preocupado, mudando canais e canais em minha televisão a procura do que não assistir...
De repente noto que no pay-per-view vai começar o filme Super-Homem, o Retorno.... minha infância e pré-adolescência invadem minha mente saudosista e não resisto... um o.k no controle remoto, uma senha e pronto: seis reais e noventa centavos a menos em meu bolso, e duas horas de puro deleite surreal... era o que eu queria !
Mas tão logo o filme mostrou os poderes do tal homem de aço, alguma coisa parecia estar errada.
Engraçado como a vida da gente aos poucos vai perdendo o encanto, o romantismo... e creio que uma boa parcela disso se dá simplesmente por perdemos a fé, o verdadeiro sentimento nas coisas bobas, simples, mas generosamente graciosas. Se for desconhecido, das duas uma: ou adoramos ou temos medo. Se soubermos o que é ou de onde veio perdeu a graça !
Lembro do poder de sedução que tinha esse homem com um uniforme ridículo e uma capa, e que por mais que fizesse seu cabelo estava intacto, meticulosamente penteado e com aquela franjinha caindo na testa, como um anzol....
Mas ontem, mesmo com toda a tecnologia de Hollywood a favor, o fato de voar, levar tiros e salvar a mocinha não me fez sorrir e desejar ter esses super poderes, pois estava preocupado demais se o cigarro que tinha iria dar conta do resto da noite.
E o por que disso tudo ?
Quando era um pré-adolescente desconhecia as leis da física, não me importava com o dinheiro pois não tinha contas a pagar e sequer imaginava que existiam histórias com final triste...
Hoje, aos 38 anos, tudo mudou. Um professor infame do segundo grau me fez crer que é impossível voar sem um aparato mecânico, a sessão policial dos jornais me fizeram ter a certeza que uma bala, se não matar, vai machucar muito o freguês, a vida se encarregou de mostrar que nem sempre as histórias têm um final feliz e o pior de tudo isso, pasmem !!! Tive que desembolsar seis reais e noventa centavos pra me dar conta disso !
A Kriptonita da realidade finalmente venceu !!! ou melhor... deixei que ela me vencesse, pois estava preocupado demais em estudar, trabalhar, ganhar dinheiro, perder dinheiro, comprar, vender...
Hoje tenho muito mais bens materiais que imaginava quando criança, mas para conseguir tudo isso deixei de acreditar nos poderes do super-homem !
E agora vem a pergunta: Será que valeu a pena essa troca ?
Tenho medo da minha resposta.....
Troquei a fantasia pela dura realidade do dia a dia e me dei conta de que nada adiantou..... pois assim como o super-homem, tenho meu ponto fraco. Tenho minha própria Kriptonita... todos temos....
Quando era criança adorava o tal do Quindim..... sempre ia na padaria com minha mãe e ganhava um para me deliciar....
Um dia, voltando de lá ao lado da minha mãe, enquanto saboreava aquele doce maravilhoso, um odioso desejo investigativo começou a tomar conta de mim.
- Mãe, do que é feito o quindim ?
- De ovos, meu filho !
Pronto... a vaca foi pro brejo ! Nunca mais comi esse doce na minha vida !
Que agradável ignorância era acreditar que um cara podia voar e não saber que meu doce predileto saía do rabo de uma galinha.
Márcio Tuller Espósito, 38 anos, advogado, desde então nunca mais voou nem comeu o tal do quindim. Dúvidas, críticas, juramentos de morte ou receitas de bolo - eutuller@terra.com.br
De repente noto que no pay-per-view vai começar o filme Super-Homem, o Retorno.... minha infância e pré-adolescência invadem minha mente saudosista e não resisto... um o.k no controle remoto, uma senha e pronto: seis reais e noventa centavos a menos em meu bolso, e duas horas de puro deleite surreal... era o que eu queria !
Mas tão logo o filme mostrou os poderes do tal homem de aço, alguma coisa parecia estar errada.
Engraçado como a vida da gente aos poucos vai perdendo o encanto, o romantismo... e creio que uma boa parcela disso se dá simplesmente por perdemos a fé, o verdadeiro sentimento nas coisas bobas, simples, mas generosamente graciosas. Se for desconhecido, das duas uma: ou adoramos ou temos medo. Se soubermos o que é ou de onde veio perdeu a graça !
Lembro do poder de sedução que tinha esse homem com um uniforme ridículo e uma capa, e que por mais que fizesse seu cabelo estava intacto, meticulosamente penteado e com aquela franjinha caindo na testa, como um anzol....
Mas ontem, mesmo com toda a tecnologia de Hollywood a favor, o fato de voar, levar tiros e salvar a mocinha não me fez sorrir e desejar ter esses super poderes, pois estava preocupado demais se o cigarro que tinha iria dar conta do resto da noite.
E o por que disso tudo ?
Quando era um pré-adolescente desconhecia as leis da física, não me importava com o dinheiro pois não tinha contas a pagar e sequer imaginava que existiam histórias com final triste...
Hoje, aos 38 anos, tudo mudou. Um professor infame do segundo grau me fez crer que é impossível voar sem um aparato mecânico, a sessão policial dos jornais me fizeram ter a certeza que uma bala, se não matar, vai machucar muito o freguês, a vida se encarregou de mostrar que nem sempre as histórias têm um final feliz e o pior de tudo isso, pasmem !!! Tive que desembolsar seis reais e noventa centavos pra me dar conta disso !
A Kriptonita da realidade finalmente venceu !!! ou melhor... deixei que ela me vencesse, pois estava preocupado demais em estudar, trabalhar, ganhar dinheiro, perder dinheiro, comprar, vender...
Hoje tenho muito mais bens materiais que imaginava quando criança, mas para conseguir tudo isso deixei de acreditar nos poderes do super-homem !
E agora vem a pergunta: Será que valeu a pena essa troca ?
Tenho medo da minha resposta.....
Troquei a fantasia pela dura realidade do dia a dia e me dei conta de que nada adiantou..... pois assim como o super-homem, tenho meu ponto fraco. Tenho minha própria Kriptonita... todos temos....
Quando era criança adorava o tal do Quindim..... sempre ia na padaria com minha mãe e ganhava um para me deliciar....
Um dia, voltando de lá ao lado da minha mãe, enquanto saboreava aquele doce maravilhoso, um odioso desejo investigativo começou a tomar conta de mim.
- Mãe, do que é feito o quindim ?
- De ovos, meu filho !
Pronto... a vaca foi pro brejo ! Nunca mais comi esse doce na minha vida !
Que agradável ignorância era acreditar que um cara podia voar e não saber que meu doce predileto saía do rabo de uma galinha.
Márcio Tuller Espósito, 38 anos, advogado, desde então nunca mais voou nem comeu o tal do quindim. Dúvidas, críticas, juramentos de morte ou receitas de bolo - eutuller@terra.com.br
seja o primeiro a comentar!